O objetivo de um argumento é expor as razões que sustentam uma conclusão. Um argumento é falacioso quando as razões apresentadas não sustentam a conclusão.
Estas páginas descrevem as falácias lógicas conhecidas. Para navegar, use o índice abaixo ou os links no final de cada artigo.
Como usar este guia
Falácias de distração
- Falso dilema: duas opções são dadas quando na verdade existem três opções
- Apelo à ignorância: como não se sabe se é verdadeira, assume-se como falsa
- Declive escorregadio: série de consequências derivadas inaceitáveis
- Pergunta complexa: dois pontos não relacionados são unidos como uma única proposição
Apelo a motivos em vez da razão
- Apelo à força: o ouvinte é persuadido a concordar pela força
- Apelo à piedade: o ouvinte é persuadido a concordar pela simpatia ou compaixão
- Apelo à consequências: o ouvinte é prevenido contra consequências inaceitáveis
- Linguagem preconceituosa: associam-se valores morais positivos à causa defendida pelo autor
- Apelo à popularidade: defende-se que uma proposição é verdadeira porque segundo a maioria da população ela é verdadeira
Fugindo do assunto
- Ataque à pessoa:
- Ataque ao caráter da pessoa
- Referem-se circunstâncias relativas à pessoa
- Invoca-se o fato de a pessoa não praticar o que diz
- Apelo à autoridade:
- A autoridade não é um perito no campo em questão
- Não há acordo entre os peritos do campo em questão
- A autoridade não pode, por algum motivo, ser levada a sério — porque estava brincando, estava bêbada, etc.
- Autoridade anônima: a autoridade em questão não é declarada
- Forma sem conteúdo: sente-se que o modo como o argumento (ou o argumentador) é apresentado afeta a verdade da conclusão
Falácias indutivas
- Generalização precipitada: a amostra é demasiado pequena para apoiar uma generalização indutiva sobre o domínio em questão
- Amostra não representativa: a amostra não é representativa do domínio em questão
- Falsa analogia: desprezam-se diferenças relevantes entre os objetos ou acontecimentos comparados
- Indução preguiçosa: nega-se, apesar dos indícios favoráveis, a conclusão de um forte argumento indutivo
- Falácia de omissão: não é considerada toda a informação relevante que devia pesar na conclusão de um forte argumento indutivo
Falácias envolvendo silogismos estatísticos
- Acidente: uma generalização é feita quando as circunstâncias sugerem que deve haver exceções
- Inversa do acidente: generaliza-se o que apenas devia ser tomado como exceção
Falácias causais
- Post hoc: pelo fato de algo acontecer após outra coisa pensa-se que a coisa causa o algo em questão
- Efeito conjunto: conclui-se que uma coisa é causa de outra coisa quando, de fato, ambas as coisas são o efeito conjunto de uma causa subjacente
- Insignificância: conclui-se que uma coisa é causa de algo, mas apesar de também o ser, é insignificante quando comparada com outras causas deste algo
- Direção errada: a relação entre causa e efeito é invertida
- Causa complexa: a causa identificada é apenas uma parte da totalidade da causa do efeito
Perdendo o ponto
- Petição de princípio: a verdade da conclusão já estava presumida nas premissas
- Conclusão irrelevante: um argumento em defesa de uma conclusão prova outra conclusão
- Espantalho: o autor ataca uma versão mais fraca do argumento do oponente
Falácias da ambiguidade
- Equívoco: o mesmo termo é usado em dois sentidos diferentes
- Anfibologia: a estrutura de uma frase permite duas interpretações diferentes
- Ênfase: a ênfase numa palavra sugere um sentido diferente daquele que de fato é enunciado
Erros de categorização
- Composição: como os atributos das partes de um todo têm certa propriedade, argumenta-se que o todo tem esta propriedade
- Divisão: como o todo tem uma certa propriedade, argumenta-se que as partes têm essa propriedade
Non sequitur
- Afirmação do consequente: qualquer argumento na seguinte forma: Se A então B, B, portanto A
- Negação do antecedente: qualquer argumento na seguinte forma: Se A então B, Não A, portanto Não B
- Inconsistência: o argumentador usa premissas que não podem ser simultaneamente verdadeiras
Erros silogísticos
- Falácia dos quatro termos: um silogismo possui quatro termos
- Meio não distribuído: diz-se que duas categorias separadas estão ligadas porque elas compartilham uma propriedade em comum
- Ilícito maior: o predicado da conclusão fala sobre a totalidade de algo, mas as premissas mencionam apenas alguns casos do termo no predicado
- Ilícito menor: o sujeito da conclusão fala sobre a totalidade de algo, mas as premissas mencionam apenas alguns casos do termo no sujeito
- Premissas exclusivas: um silogismo possui duas premissas negativas
- Falácia de criar uma conclusão afirmativa de uma premissa negativa: o nome já diz
- Falácia existencial: uma conclusão em particular é criada de premissas universais
Falácias de explicação
- Inventando fatos: o fenômeno que se pretende explicar não existe
- Sem apoio: a evidência para o fenômeno que está sendo explicado é tendenciosa
- Irrefutabilidade: a teoria usada para explicar algo não pode ser testada
- Escopo limitado: a teoria só pode explicar uma coisa
- Profundidade limitada: a teoria não apela a causas subjacentes
Falácias de definição
- Muito ampla: a definição inclui itens que não deveria incluir
- Muito restrita: a definição não inclui todos os itens que deveria incluir
- Falta de clareza: a definição é mais difícil de entender do que a palavra ou conceito a ser definido
- Definição circular: a definição inclui um termo definido na própria definição
- Condições conflitantes: a definição se contradiz
Referências
Direitos autorais
Guia de Falácias Lógicas de Stephen Downes
Fonte: Stephen Downes Guide to the Logical Fallacies – Norm Jenson’s Mirror
Tradução, adaptação e notas: Maurício Sauerbronn de Moura
Lista de extrema utilidade! Gosto.
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Na prática, é bem difícil perceber uma falácia…
Essa lista é excelente.
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Muito obrigado pela lista completa, e ainda separada por categorias… Excelente!
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Gostaria de uma ajuda. Qual a falácia na qual a proposta não tem certeza de sucesso e mesmo pode causar efeitos piores. Por exemplo: “Você é contra as armas? Diga isso prá quem perdeu um filho assassinado num assalto”. Ora, ter uma arma durante um assalto não é garantia de poder reagir e mesmo aumenta as chances de ser morto, caso o bandido a encontre. E mais – elas podem acabar sendo usadas em momentos com emoções exacerbadas, como discussões e brigas.
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Acho que seria um apelo à emoção ou “argumentum ad passiones”. Ela joga ao receptor uma sensação de medo (perder um filho) e culpa (uma pessoa pode perder um filho por causa da sua opinião) para convencê-lo que as armas devem ser vistas como algo positivo. Acho que na lista acima, estaria dentro dos apelos a motivos em vez da razão, embora não se enquadre em nenhum dos subtipos descritos.
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Obrigado!
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Esta falácia poderia ser classificada com apelo à emoção e poderia ser incluída na categoria mais geral do Stephen, por ele denominada de “Apelo a motivos (em vez de razões). A comoção de perder um filho assassinado em um assalto não autoriza a conclusão de que o porte de armas eleva a segurança de quem está armado.
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Obrigado!
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Bom dia. sou professora de Redação e este material é excelente para poder auxiliar os alunos nas dificuldades dos argumentos construídos. Parabéns!
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Tenho muito interesse em compreender falácias, pois pra mim é bastante difícil. Boa lista!
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