Empreendedorismo é totalitarismo

Empreendedorismo: a nova face do totalitarismo

Maurício Moura

Imagine acordar e, antes mesmo de escovar os dentes, checar suas métricas: horas de sono, tempo no celular, lista de tarefas. Você não está mais vivendo, está gerenciando um negócio. Esta não é uma distopia futurista, mas o presente vendido como ‘o único caminho’.

Um mantra que se repete em todos os cantos: “seja empreendedor”. Esta palavra mágica aparece como solução para o desemprego, para crises econômicas e até como caminho para encontrar propósito na vida. Mas o que parece um conselho inofensivo esconde uma das operações ideológicas mais poderosas de nosso tempo. A filósofa Marilena Chauí nos ajuda a enxergar o que está por trás desse discurso: o empreendedorismo é a expressão mais pura do que ela chama de totalitarismo neoliberal1.

Diferente dos velhos totalitarismos que usavam a força bruta, este novo tipo age de maneira sorrateira. Ele não impõe pela violência, mas pela sedução. Vai transformando tudo em negócio, da educação aos relacionamentos, da cultura aos nossos sonhos mais íntimos. Aos poucos, todas as esferas da vida vão sendo dominadas pela lógica do mercado, onde só valem as regras da eficiência, produtividade e competitividade.

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