Estudando a ciência da ciência

* Jane C. Hu

Em teoria, o método científico funciona assim: pesquisadores formulam uma questão, constroem hipóteses, coletam dados, avaliam seus resultados e – ta da! – o mundo ganha conhecimentos científicos valiosos. Na prática, é claro, isso nem sempre funciona desse jeito e alguns cientistas estão trazendo isso pra si e indo além de suas áreas de pesquisa principais para estudar onde o sistema pode estar errando.

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Um manifesto pela ciência reprodutível

* Marcus R. Munafò, Brian A. Nosek, Dorothy V. M. Bishop,
Katherine S. Button, Christopher D. Chambers, Nathalie Percie du Sert,
Uri Simonsohn, Eric-Jan Wagenmakers, Jennifer J. Ware & John P. A. Ioannidis

Melhorar a confiabilidade e a eficiência da pesquisa científica aumentará a credibilidade da literatura científica publicada e acelerará descobertas. Aqui nós defendemos a adoção de medidas para otimizar os elementos chave do processo científico: métodos, relatório e divulgação, reprodutibilidade, avaliação e incentivos. Há evidências tanto de simulações quanto de estudos empíricos que suportam a efetividade dessas medidas, mas sua ampla adoção por pesquisadores, instituições, financiadores e publicações exigirá avaliação e melhorias iterativas. Nós discutimos os objetivos dessas medidas, e como elas podem ser implementadas, na esperança de que isso vá facilitar ações que aumentem a transparência, reprodutibilidade e eficiência da pesquisa científica.

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O que é método científico?

Isaac Asimov*

Método científico é, obviamente, o método usado pelos cientistas ao fazerem descobertas científicas. Esta definição, porém, parece não ajudar muito. É possível entrar em maiores detalhes?

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Manifesto contra a ascensão do pós-modernismo anticientífico

por Martí Jiménez Mausbach, @MartiJim7

“A acusação de cientificista me orgulha. O cientificista é um tipo de sustenta que tudo o que pode ser conhecido é melhor compreendido utilizando o método científico em lugar da improvisação e da especulação desenfreada” -Mario Bunge

Me preocupa como o movimento anti-vacina, espalhado nas regiões mais ricas do mundo, tem provocado a pior epidemia de sarampo dos últimos 20 anos. Me preocupa que grupos políticos percam tempo promovendo moções contra a imaginária conspiração dos chemtrails1 ou as ondas não ionizantes. Me preocupa ver cartazes divulgando cursos de risoterapia ou de reiki em estabelecimentos comerciais sérios. Me preocupa que em uma iniciativa cidadã como o Multireferendo, 34.204 pessoas votaram contra os transgênicos, enquanto dois terços dos espanhóis não sabem que tomates têm genes. Me preocupa ver comissões de espiritualidade dançando em torno de uma espiga de milho no Acampada Sol2. Me preocupa que o velho continente esteja deixando escapar o potencial da biotecnologia agrário por fundamentalismo tecnofóbicos. Me preocupa que no final do ano passado, o presidente da Comissão Européia eliminou o cargo de assessor científico pelas pressões do Greenpeace. Me preocupa que cada vez mais gente considere incompatível, com o ativismo político, uma posição cética em relação a uma ampla gama de pseudociências, que abarcam desde a reflexologia até a psicanálise. Me preocupa que uma ampla massa social de esquerda siga desconfiando da ciência, ao considerá-la parte do stablishment capitalista. Me preocupa, em última análise, a ascensão do intelectualismo New Age, relativista pós-moderno, pseudocientífico e mesmo profundamente anti-científico.

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Einstein e o senso comum

Albert Einstein

 

“Senso comum
não é nada mais
do que um depósito
de preconceitos
colocados na mente
antes de fazermos
dezoito anos”

Albert Einstein

In: BELL, Eric. Mathematics, Queen and Servant of the Sciences. Bell & Sons Ltd. 1952.

Má conduta científica é um problema global, afirma pesquisador

Por Elton Alisson

Plágio, falsificação e fabricação de resultados científicos deixaram de ser problemas exclusivos de potências em produção científica, como os Estados Unidos, Japão, China ou o Reino Unido.

A avaliação foi feita por Nicholas Steneck, diretor do programa de Ética e Integridade na Pesquisa da University of Michigan, nos Estados Unidos, em palestra no 3º BRISPE – Brazilian Meeting on Research Integrity, Science and Publication Ethics, realizado nos dias 14 e 15 de agosto, na sede da FAPESP.

Segundo Steneck, por ter atingido escala global, é preciso que universidades, instituições de pesquisa e agências de fomento em todo o mundo realizem ações coordenadas para lidar com essas questões, a fim de não colocar em risco a integridade da ciência como um todo.

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Bem vindo à ciência!

Phil Plait é um astrônomo estadunidense. Cético, foi presidente da James Randi Educational Foundation. Escreve livros e blogs de divulgação científica e é figura frequente em documentários científicos.

Nos anos 90, Phil foi responsável pelo site Badastronomy.com com o intuito de clarificar equívocos do público sobre astronomia, principalmente os erros popularizados pelo cinema, imprensa e Internet. O site também foi um marco no combate à pseudociência. Em 2005 o site virou um blog, ainda mantido por Phil.

Em abril de 2005, Phil foi convidado a falar para um grupo de estudantes que estavam participando de uma feira de ciências. Ele não sabia o que iria dizer até a noite anterior, quando viu uma reportagem no noticiário que com uma teoria estapafúrdia pseudocientífica qualquer. Ele ficou tão furioso que escreveu o discurso prontamente.

Phil é um grande apoiador do Zen Pencils, um site dedicado a adaptar para os quadrinhos citações de pessoas famosas. Esta é a forma como o Zen Pencils agradeceu esse apoio.

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Métodos científicos específicos das ciências sociais

Dando continuidade à nossa série sobre as metodologias científicas, apresentamos a última parte do capítulo 4 do livro Fundamentos da Metodologia Científica.

Já tratamos do Método Indutivo, do Método Dedutivo, do Hipotético-Dedutivo e do Dialético Materialista. Desta vez trataremos dos métodos específicos das ciências sociais.

Por conta da dificuldade em ser objetivo quando se trata das ciências sociais, há ainda um profundo debate sobre se essas ciências podem, de fato, ser consideradas ciências. A isso alia-se a dificuldade de controlar as variáveis em um ambiente social, por definição, repleto de interferências externas.

O filósofo francês August Comte deu uma grande contribuição nesse sentido, ao defender que o método científico fosse mais abrangente, mas foi Wilhelm Dilthey que defendeu que as ciências sociais tivessem autonomia metodológica a partir da diferenciação entre “explicar” e “compreender”.

Assim, mais do que explicar um fenômeno, o pesquisador deve contextualizá-lo na história e na cultura da sociedade em questão.

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Relato anedótico versus relato estatístico

Um ótimo texto do Homero Ottoni sobre a diferença entre a experiência pessoal e a experiência científica. Recomendo fortemente.

Homero Ottoni

Relato-AnedóticoUm dos aspectos mais difíceis de ser compreendido pelo homem comum quanto ao rigor exigido pelo método científico e pela ciência para validar um conhecimento, fenômeno ou alegação, é a questão do relato anedótico, pessoal, a experiência pessoal como elemento de convicção e conclusão.

Quando textos são apresentados na Internet para explicar porque a ciência não reconhece uma pseudociência, uma alegação extraordinária ou um tratamento alternativo, dezenas de comentários contrariados são enviados. Uma grande maioria usa casos pessoais como “prova” de que o texto está enganado, que “aquilo” funciona sim, que tem certeza disto, que o autor está “comprado pelas indústrias de medicamentos”, etc.

“Relato anedótico é um relato, evento ou alegação única, singular, pessoal”

Variações são apresentadas, como “é uma questão de livre escolha”, ou – um exemplo tirado da homeopatia – “funcionou até para meu cachorro, como pode não ser real?”

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