O cérebro crente: porque a ciência é o único caminho para fora do realismo dependente da crença

Michael Shermer *

O presidente Barack Obama nasceu no Havaí? Eu achei a questão tão absurda, sem mencionar a possibilidade de racismo em sua motivação, que quando eu foi confrontado com “birthers”1 que acreditam em outra coisa, eu achei difícil até mesmo me concentrar em seus argumentos sobre a diferença entre uma certidão de nascimento e um certificado de nascido vivo. A razão é porque uma vez que eu formei uma opinião sobre o assunto, tornou-se uma crença, sujeita a uma série de vieses cognitivos para garantir a sua verosimilhança. Eu fiquei irracional? Possivelmente. De fato, é assim que a maioria dos sistema de crença funcionam para a maioria de nós na maioria do tempo.

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Teorias da conspiração: por que as pessoas continuam acreditando em histórias estúpidas?

Comunicação com extraterrestres encobertas pelos governos, Iluminattis, revolução gramsciana, Nova Ordem Mundial, 11 de setembro, Atlântida… Há dezenas de exemplos de teorias da conspiração propagadas tanto pelo senso comum quanto por uma autoproclamada “elite intelectual”, como blogueiros da Veja e lideranças conservadoras e reacionárias, como a TFP, o Pe. Paulo Ricardo e Olavo de Carvalho.

O ex-astrólogo e pseudofilósofo Olavo de Carvalho é um grande exemplo desse fenômeno. Tido como “erudito” pelos conservadores brasileiros (apesar de morar nos EUA), esse senhor defende que está em curso um projeto de dominação do mundo (a Nova Ordem Mundial) que se divide em três “frentes”: a islâmica, a metacapitalista e a russo-chinesa. Disso, ele conclui que o ex-presidente Bill Clinton era um agente comunista que trabalhava sob ordens do governo da China. Afirma também que Barack Obama é a personificação desse projeto, transitando nas três frentes. Obama teria falsificado sua certidão de nascimento do Quênia e, na verdade, seria islâmico e agente comunista, sob ordens das grandes corporações comandadas pelo especulador George Soros. Para ele, o grande alvo desse mega projeto é a destruição do “modo de vida ocidental” e do cristianismo.

Isso só pra citar uma de suas “verdades”.

Provas? Ora, como pseudocientista, ele afirma que esses Iluminatti são oniscientes, onipresentes e onipotentes e tem a capacidade de sumir com todas as provas.

O que assusta mais é que várias ditas “personalidades” seguem esse fanatismo conspiratório, como o blogueiro reacionário Reinaldo Azevedo, o músico Lobão, o padre Paulo Ricardo… A lista é extensa.

Um artigo produzido por dois psicólogos da Universidade de Kent e publicado na revista Social Psychological and Personality Science tenta analisar esse fenômeno. Como pessoas que aparentam bom senso podem se entregar a teorias sem nenhuma evidência, sem nenhum contato com a realidade. No texto a seguir, o psicólogo e historiador da ciência  analisa esse estudo.

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O design inteligente e os aliens ancestrais: mais do mesmo deus das lacunas

Os deuses eram astronautas? O mundo foi criado por um deus onipotente e esquizofrênico (é um só, mas tem múltiplas personalidades)? O universo foi criado pelo Monstro de Espaguete Voador começando por uma montanha, árvores e um anão?

Todas as teorias contemporâneas de intervenção divina começam a partir do mesmo ponto: as lacunas. Todas essas teorias partem daquilo que a ciência ainda não conhece para conceber teorias fantásticas sem qualquer evidência. É o que se chama de argumentum ad ignorantiam (argumento da ignorância). Para eles, se a ciência não pode provar uma coisa, então sua teoria fantástica e mágica “com certeza” está certa.

No texto a seguir, Michael Shermer analisa essa estreita correlação entre os deuses aliens e os aliens deuses. Shermer é psicólogo e historiador da ciência, fundador da revista Skeptic (cético) e colunista da revista Scientific American.

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O padrão por trás do auto-engano

Esta palestra de Michael Shermer é a continuação, 4 anos depois, de outra palestra do TED que já publicamos (assista aqui).

Aqui ele explica a tendência do ser humano em acreditar em coisas estranhas. Para ele, a evolução das espécies nos programou especialmente para acreditar no desconhecido, no bizarro, no inacreditável.

Shermer é psicólogo e historiador da ciência e fundador da revista Skeptic (cético).

Assista também outras palestrar no TED.

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Michael Shermer: por que as pessoas acreditam em coisas estranhas?

Michael Shermer é um psicólogo e historiador da ciência. Em 1992 fundou a revista Skeptic (cético), onde expôs as falácias do Design Inteligente, das conspirações do 11 de setembro, visitas alienígenas e outras crenças e paranoias populares.  Shermer defende que só podemos entender o nosso mundo combinando boa teoria com a boa ciência.

Nesta palestra para o TED, Shermer analisa os motivos que levam as pessoas a “verem” a Virgem Maria em um sanduíche de queijo ou nas letras demoníacas que aparecem quando tocamos um disco ao contrário. O vídeo faz-nos perceber como nossa mente nos leva a acreditar em coisas estranhas, mesmo ignorando os fatos.

Veja outros vídeos do TED.

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