Vinte anos sem Carl Sagan

Há vinte anos atrás o mundo perdeu um grande ser humano. Carl Sagan foi um astrônomo estadunidense, cosmólogo, astrofísico, astrobiólogo, popularizador da ciência, cético científico, professor, autor ganhador do Prêmio Pulizter, celebridade televisiva ganhadora do Prêmio Peabody e um humanitário visionário, dedicado a melhorar a alfabetização científica em todo o mundo. Ele recebeu a Medalha de Distinção em Serviço Público da NASA, ajudando a planejar as primeiras mensagens da Terra enviadas ao Espaço e defendendo o Projeto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre). Sua série na televisão pública nos anos 80, Cosmos, atingiu centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Ele foi um verdadeiro defensor da ciência, do ceticismo científico e do pensamento crítico. Carl Sagan morreu de pneumonia com 62 anos, em 20 de dezembro de 1996, depois de ter sofrido com um câncer e passar por vários transplantes de medula óssea.

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“Não tenho provas, mas tenho convicção” ou a incrível capacidade conservadora de formar imbecis

Há poucos dias virou piada nas redes sociais a declaração de dois membros do Ministério Público brasileiro que, na apresentação de uma denúncia, em um momento teriam afirmado não ter prova cabal sobre a participação de uma pessoa em um crime e em outro que teriam convicção suficiente de que essa mesma pessoa havia cometido o tal crime.

Um desses promotores, que define a si mesmo como “seguidor de Jesus”, acredita que está realizando o trabalho de Deus e faz pregações em igrejas evangélicas sobre sua “missão” no Ministério Público.

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Violência obstétrica: a “medicina” contra a ciência

O termo violência obstétrica é amplo. Engloba os procedimentos, físicos ou não, que a mulher passa que não estejam baseados na ciência desde a gestação, o trabalho de parto, o parto, o pós-parto ou o abortamento. A lista dessas violências é extensa: agredir verbalmente ou fazer comentários constrangedores sobre a mulher ou sua família, recusar ou dificultar o atendimento, não permitir acompanhante, fazer lavagem intestinal, raspagem dos pelos, jejum, episiotomia (alargar o carnal de parto fazendo um corte no períneo) ou separar a mãe do bebê saudável após o nascimento são apenas alguns exemplos.

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A moral é natural dos animais, não tem nada a ver com religião

É muito comum, ao discutir a moral, escutar o argumento de que toda moral provém da religião, que ateus não tem moral, que o senso moral provém do medo de não viver para sempre no paraíso cristão.

Ora, se a moral é unicamente religiosa, então só poderia existir nas sociedades humanas, certo?

O biólogo alemão Frans de Waal discorda de tal noção. No vídeo a seguir, cita várias pesquisas que estabelecem que várias sociedades de mamíferos são capazes de regras morais, de ética, compaixão, senso de justiça e empatia.

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Um diálogo sobre a razão

Em um tempo em que a irracionalidade tomou totalmente conta das redes sociais, da política, da cultura e até, em vário momentos, da medicina e da pesquisa acadêmica, será que o pensamento racional perdeu seu poder?

Em 2012 o TED (Technology, Entertainment and Design) gravou um bate papo entre o linguista Steven Pinker e a filósofa Rebecca Newberger Goldstein em que eles discutem e chegam à conclusão de que é a razão o motor da moralidade.

Steven é linguista e escritor de best-sellers em que questiona a natureza de nossos pensamentos. Através da análise da linguagem, ele busca definir até que ponto as ações humanas são inatas e até que ponto são fruto do ambiente.

Rebecca também é escritora, tanto de ficção quanto de não ficção. É apaixonada pelos diálogos socráticos e defende a importância da filosofia, inclusive em seus livros de ficção.


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A Palestina será livre!

Como todo crime contra a humanidade, o genocídio do povo palestino traz sentimentos de solidariedade a qualquer ser humano que tenha o mínimo de empatia com sua espécie. Muito se tem produzido nestas seis décadas de violência promovida pelo Estado de Israel por acadêmicos, poetas, pintores, ilustradores, historiadores, músicos…

São inesquecíveis, por exemplo, os quadrinhos do jornalista maltês Joe Sacco ou a canção de Roger Waters. Vários outros músicos expressaram esse sentimento de solidariedade, como a banda punk paulistana Inocentes, a banda de rock progressivo Haddad, o rapper alagoano Za Zo (publiquei aqui) ou o cantor pop sueco de origem libanesa Maher Zain.

Com letras profundamente influenciadas pelos valores muçulmanos, Zain faz grande sucesso no Oriente Médio, Malásia e Indonésia, sendo considerado a maior estrela muçulmana da atualidade e a trilha sonora da Primavera Árabe.

O vídeo a seguir é de 2009 e expressa toda a dor e esperança do povo palestino. Infelizmente, continua atual.

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O filho do general israelense que luta contra o sionismo

Hafradah (הפרדה) é o nome que os sionistas deram à sua política de, no início da ocupação das terras palestinas, criar estruturas de saúde, educação e segurança somente para judeus. Hafradah é a política oficial israelense de considerar qualquer povo que não seja judeu e branco como um ser humano de segunda classe.

A palavra hebraica literalmente significa “segregação”. Hafradah é o nome oficial do apartheid israelense, do racismo sionista.

Miko Peled é um judeu israelense, nascido e criado em Jerusalém, que luta contra essa segregação. Filho de um importante general do exército israelense e neto de um dos sionistas que assinaram a declaração de independência de Israel, Peled cresceu em um ambiente profundamente sionista, ingressando ainda jovem nas Forças Especiais do exército israelense. Horrorizado e enojado com a invasão do Líbano em 1982, abandonou o exército.

As contradições entre o discurso sionista e a prática violenta, racista e genocida do exército e do Estado de Israel, o fizeram perceber que a auto-afirmação do povo judeu não poderia ser assentada sobre pilhas de corpos de outras etnias. O racismo explícito dos sionistas contra os próprios judeus de pele escura (beta, mizrahim, bene, lemba etc.) o fez perceber que o racismo sionista era inimigo da paz entre os judeus.

Em seu livro The General’s Son: Journey of an Israeli in Palestine (O filho do general: diário de um israelense na Palestina), Peled denuncia esse racismo. Denuncia as atrocidades das forças armadas israelenses contra os vários povos que vivem na região: racismo, assassinatos, estupros, pilhagem, genocídio.

No vídeo a seguir, ele fala um pouco sobre sua luta para acabar com o Hafradah, para acabar com o racismo sionista que promove a guerra e a morte. Fala dos mitos criados pela propaganda sionista para encobrir o genocídio dos povos da Palestina.

Peled, assim como todos os livres pensadores do mundo, entende que a única solução para a região é um único país, secular e democrático, para todos os povos, sejam muçulmanos, palestinos ou judeus.

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O mundo se levanta contra o genocídio do povo palestino

Em Paris, mesmo com a proibição imposta pela prefeitura, 10 mil pessoas marcharam no último sábado (26/7) em defesa do povo Palestino. Em Lyon, mais 10 mil. Por toda a França, dezenas de protestos contra o genocídio promovido por Israel tem acontecido nos últimos dias. A cena se repete em Berlim e outras cidades da Alemanha. Na Áustria, um jogo de futebol de um time israelense foi interrompido por manifestantes. Em Portugal, Espanha, Bélgica, Inglaterra, Russia e em toda a Europa, o povo vai às ruas para defender o povo palestino do Holocausto promovido pelo Estado de Israel.

Outros protestos pelo mundo vão na mesma linha: Chicago e Los Angeles (EUA), Amã (Jordânia), Buenos Aires (Argentina), Dakar (Senegal), Teerã (Irã), Escópia (Macedônia), Sanaa (Iêmen), Cabul (Afeganistão), Tóquio (Japão), Nova Déli e Mumbai (Índia), Beirute (Líbano), Praga (República Tcheca), Atenas (Grécia), Peshawar (Paquistão), Dacca (Bangladesh). São milhares de exemplos.

Em toda Israel milhares também vão às ruas contra o genocídio. Nos Territórios Ocupados, nas Cisjordânia, o exército israelense abriu fogo contra mulheres e crianças que faziam um protesto, matando três e ferindo dezenas de manifestantes.

Em São Paulo, manifestantes simbolicamente rebatizaram a praça Cinquentenário de Israel, em Higienópolis, como Praça Palestina Livre. O bairro, tradicional da elite paulistana, tem forte presença judaica. Segundo a PM, os manifestantes apenas apresentaram filmes e leram poemas, mesmo assim, policiais efetuaram disparos com armas longas para dispersar a manifestação. Na Av. Paulista, 4 mil paulistas marcharam em apoio ao povo palestino.

Dezenas de cidades também mostraram a disposição de luta e solidariedade do povo brasileiro: Rio de Janeiro, Curitiba, Campo Grande, Belo Horizonte, Maceió…

Milhões de seres humanos marcham sobre as cidades do mundo para dizer Não ao holocausto Palestino! Não ao genocídio! Não Apartheid israelense!

Ouça a música do rapper alagoano ZaZo para a Palestina:

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Afinal, o que há de tão especial no cérebro humano?

SuzanaQuantos neurônios tem um cérebro? Os maiores cérebros são melhores que os menores? Do que é feito o cérebro?

Suzana Herculano-Houzel é uma neurocientista brasileira que se propôs a responder essas questões. Um dia, disseram a Suzana que o cérebro tinha cerca de 100 milhões de neurônios. Ao buscar a fonte de tal número, não foi capaz de achar. Será que ninguém se deu ao trabalho de contar os neurônios do cérebro antes? Ora, ela resolveu contá-los ela mesma.

Suzana é formada em biologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com mestrado em neurociências pela Case Western Reserve University, doutorado pela Université Pierre et Marie Curie e pós-doutorado pela Max Planck Institut Für Hirnforschung. Ganhou certa notoriedade com a divulgação científica, sendo colunista de grandes meios de comunicação.

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O Julgamento do Macaco

O professor John Scopes

As tentativas de impor o obscurantismo através da força sempre permeou o poder, em especial quando a distinção entre Estado e Religião não estão claras. O exemplo mais conhecido disso foi a Idade Medieval, quando Igreja e Estado eram umbilicalmente ligados e a Inquisição se encarregava de torturar e assassinar qualquer um que ousasse discordar dos dogmas estabelecidos.

Essa história todo mundo já ouviu falar, mas ela não acabou por aí. Vários países ainda qualificam a discordância religiosa como crime. Grande parte da Europa tem leis contra a blasfêmia, embora a opinião pública da maioria dos países geralmente consiga impedir sua ação.

Recentemente, um funcionário público da Indonésia foi condenado a cumprir 2,5 anos na cadeia por ter escrito a frase “Deus não Existe” no Facebook (embora líderes religiosos defendessem a decapitação). No mesmo país, cinco adolescentes foram presas por dançar. O Instituto Pew Research Center constatou em 2010 que 5,2 bilhões de pessoas (75% da população do mundo) vivem em locais em que há restrições de crença.

No Brasil não é diferente, com professores obrigando alunos a rezarem e os constantes ataques promovidos pela Bancada Evangélica e os conservadores de plantão (como a PEC 99/11, que iguala o status das igrejas grandes a organizações da Sociedade Civil, como sindicatos e partidos).

Mas o que dizer quando a ciência é classificada como crime?

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