Adolescentes indonésias acusadas de blasfêmia por dançarem Maroon 5

Os perigos da influência religiosa no Estado: cinco adolescentes podem perder sua juventude na cadeia por causa de uma brincadeira de adolescentes: dançar.

por: Maurício Moura

Cinco adolescentes da Indonésia foram acusadas de blasfêmia e podem ser presas por fazerem um vídeo com um celular em que dançam a música “One More Night”, da banda estadunidense Maroon 5.

As adolescentes, da cidade de Toli-Toli na província Celebes Central (Sulawesi Tengah), foram expulsas da escola onde estudavam após o vídeo se tornar popular. A própria escola reportou à polícia a acusação de blasfêmia. Segundo o diretor da escola – identificado como Muallimin – ele procedeu dessa forma após consultar o principal órgão clerical do país, o Conselho de Ulemás da Indonésia, e o grupo Islamic Defenders Front.

No vídeo de cinco minutos, as meninas vestidas com uniforme da escola, misturam movimentos rituais de oração islâmica com dança, enquanto a música toca ao fundo. Segundo o The Jakarta Globe, elas foram acusadas de blasfêmia com base no artigo 156, seção A, do código penal da Indonésia, por terem “contaminado a religião”.

As garotas podem encarar até 5 anos de prisão, entretanto, segundo o  The Bangkok Post, outras acusações podem ser adicionadas, o que aumentaria as penas. As menores devem ser encaminhadas para centros de detenção juvenil.

Rudi Mulyanto, chefe de polícia de Toli-Toli, disse à agência AFP que “a escola e os membros da comunidade se sentiram ofendidos pelo vídeo e sentiram que ele insulta o Islã”. Mulyanto continua: “Estamos considerando o caso e se decidirmos que é sério, vamos recomendar que sejam oficialmente acusadas no tribunal”.

Ainda segundo a AFP, o grupo Islamic Defenders Front organizou um protesto contra as garotas na delegacia de polícia da cidade.

A Indonésia é o maior país islâmico do mundo, com mais de 80% da população muçulmana. Apesar de afirmar que há liberdade religiosa, a lei reconhece apenas cinco religiões ( islamismo, protestantismo, catolicismo, induísmo, budismo, e confucionismo) e pune com cadeia qualquer coisa considerada “blasfêmia” contra elas. O controle religioso chega ao ponto de o cartão de identidade do cidadão constar de qual das religiões reconhecidas o cidadão faz parte. O ateísmo não é reconhecido.

Publico esta notícia aqui exatamente pelo fato de que, quando um Estado passa a ter “paixão religiosa”, ou seja, quando o Estado abre mão da laicidade, a liberdade religiosa não existe e acontecem coisas como enjaular crianças por cinco anos por fazerem uma brincadeira boba com uma banda pop.

Estado  laico não é “falta do que fazer” (como afirma a âncora do SBT). A laicidade do Estado é a garantia da democracia e da liberdade religiosa.

Veja o vídeo:


Saiba mais:

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