O termo violência obstétrica é amplo. Engloba os procedimentos, físicos ou não, que a mulher passa que não estejam baseados na ciência desde a gestação, o trabalho de parto, o parto, o pós-parto ou o abortamento. A lista dessas violências é extensa: agredir verbalmente ou fazer comentários constrangedores sobre a mulher ou sua família, recusar ou dificultar o atendimento, não permitir acompanhante, fazer lavagem intestinal, raspagem dos pelos, jejum, episiotomia (alargar o carnal de parto fazendo um corte no períneo) ou separar a mãe do bebê saudável após o nascimento são apenas alguns exemplos.
Segundo pesquisa da Fundação Perseu Abramo, só durante o parto, uma em cada quatro mulheres é vítima de violência no Brasil (sem contar outros tipos de violência sofridas antes ou depois o parto).
Segundo a coordenadora da subcomissão de Violência Obstétrica da OAB-PR, Sabrina Ferraz, o mais difícil é compreender a violência obstétrica. “Ela é silenciosa e institucional, e, por isso, acaba naturalizada e banalizada. As vítimas não se percebem como vítimas. As causas da violência se confundem com a dor do trabalho de parto, pois vivemos uma cultura de que a dor é componente do parto. Mas não é”, afirma.
O vídeo a seguir (Violência Obstétrica: a voz das brasileiras) foi produzido a partir de depoimentos reais de várias mulheres, gravados em webcams, celulares ou máquinas fotográficas. A produção é de Bianca Zorzam (obstetriz, mestranda do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da USP), Ligia Moreiras Sena (bióloga, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da UFSC, autora do blog Cientista Que Virou Mãe), Ana Carolina Arruda Franzon (jornalista, mestranda do Programa de Pós Graduação em Saúde Pública da USP e co-editora do blog Parto no Brasil), Kalu Brum (jornalista, doula e co-editora do blog Mamíferas) e Armando Rapchan (fotógrafo e videomaker).