A discussão sobre o sionismo e a fundação do Estado de Israel costuma ser marcada por forte polarização, entre acusações de antissemitismo e denúncias de colonialismo. Esse quadro dificulta abordagens críticas e emancipatórias que considerem tanto a realidade histórica do antissemitismo quanto os impactos concretos da criação do Estado israelense sobre a população palestina.
Neste artigo, propomos uma leitura baseada no materialismo e na dialética, que parta do princípio de que as ideias, valores e instituições são produtos das condições materiais concretas da vida social, e não expressões imutáveis de identidades ou crenças1. Entender a sociedade é como desmontar um relógio para ver como as engrenagens (condições materiais) se movem e se transformam, e não apenas olhar para as horas (ideias).
Nosso objetivo é analisar os principais argumentos do sionismo — não apenas em seu conteúdo formal, mas nas relações de poder, interesses materiais e contradições que os sustentam.
Contexto histórico e político
O sionismo surgiu no século XIX no seio da comunidade judaica europeia como resposta à exclusão e perseguição dos judeus em países marcados por nacionalismos étnicos e pelo crescimento do antisemitismo. A proposta de Theodor Herzl de fundar um Estado judeu refletia a lógica dos Estados-nação europeus modernos: resolver a questão da minoria oprimida através da separação nacional e territorial. Porém, ao escolher a Palestina histórica, um território já habitado majoritariamente por árabes palestinos, o projeto se inscreveu num campo de tensões coloniais, geopolíticas e ideológicas.
O que se seguiu foi uma longa trajetória de colonização, guerras, expulsões, ocupação militar e resistência. O método dialético nos dá o ferramental para entender não apenas o que cada lado “defende”, mas como essas defesas se chocam e se transformam mutuamente, como a tensão entre o freio e o acelerador de um carro, onde a força oposta impulsiona o movimento.
1. Direito à autodeterminação e segurança nacional
Segundo o discurso sionista, os judeus têm direito a um Estado soberano em função de sua identidade cultural e religiosa e da longa história de perseguições, culminando no Holocausto. Israel seria, assim, o “lar seguro” dos judeus no mundo. Como afirmou Benjamin Netanyahu em tom de ameaça: “Em outra era, os judeus estavam indefesos. Não mais”2.
Análise
Do ponto de vista materialista, o argumento da segurança está profundamente imbricado nas relações de poder globais, na militarização do Estado e nos interesses estratégicos e econômicos do Ocidente no Oriente Médio3. A segurança israelense foi construída com base na superioridade militar, financiada principalmente pelos Estados Unidos4, e apoiada por acordos comerciais e parcerias tecnológicas com as potências imperialistas.
Esse aparato gerou consequências materiais diretas para os palestinos: ocupação militar, controle de fronteiras, assentamentos ilegais, deslocamentos forçados e bloqueios econômicos. A criação de um “lar seguro” para uns significou a insegurança estrutural para outros.
Além disso, a retórica da autodeterminação judaica ignora que milhões de palestinos vivem sob ocupação, sem direitos políticos, sociais e civis. Mesmo dentro de Israel, cidadãos árabes enfrentam leis discriminatórias e são excluídos de setores estratégicos da economia e da política5.
O argumento também não contempla a diversidade interna do povo judeu. Grupos como os Mizrahim, Beta Israel, Bnei Menashe e judeus árabes foram sistematicamente marginalizados no projeto sionista europeu, revelando uma hierarquia racializada interna6.
A militarização da sociedade israelense criou uma casta militar-industrial que domina as decisões econômicas, o acesso aos melhores empregos e a direção de empresas de armamentos, cibersegurança, mineração e extração de petróleo em parcerias com grandes capitais transnacionais7.
Síntese
A busca por segurança, em vez de ser universalizada, transformou-se em um instrumento de dominação estrutural, onde a proteção de um grupo é construída sobre a vulnerabilidade do outro.
A contradição entre segurança judaica e expropriação palestina gera um ciclo de violência e insegurança permanente para ambos os lados, inclusive dentro de Israel. A segurança sustentada na opressão gera insegurança demográfica, especialmente entre setores da elite israelense preocupados com o “perigo árabe interno”8. Essa dinâmica é sustentada por:
Militarização assimétrica: o aparato de segurança israelense, financiado por potências externas (ex.: EUA), cria uma relação de dependência econômica e política, enquanto a resistência palestina é criminalizada. A ocupação militar e os assentamentos ilegais geram insegurança material para palestinos (ex.: destruição de casas, restrição de movimentos) e insegurança psicológica para israelenses (ex.: ataques esporádicos).
Contradição demográfica: a elite israelense, ao mesmo tempo que expande colonatos, teme o crescimento populacional palestino (dentro de Israel e nos territórios ocupados), levando a políticas de fragmentação territorial e discriminação legal. Essa lógica reforça um ciclo de violência: a opressão gera resistência, que justifica mais repressão, alimentando o extremismo em ambos os lados.
Falácia da segurança unilateral: a ideia de que a segurança judaica pode ser alcançada sem a palestina ignora que a violência é relacional e se retroalimenta.
A superação dessa contradição exige pensar segurança como direito coletivo e desmilitarizado, com garantia de autodeterminação para todos os povos da região — judeus, palestinos, drusos, beduínos, armênios, samaritanos e outros.
2. Legitimidade histórica e religiosa
O vínculo dos judeus com a Terra de Israel é frequentemente justificado pelo caráter ancestral e espiritual da relação, com base em textos bíblicos e na existência de antigos reinos hebreus na região.
Análise
A História não é um arquivo de direitos eternos, mas o resultado de lutas sociais, conquistas e transformações nas relações de produção9. Narrativas religiosas são frequentemente utilizadas como instrumentos ideológicos para justificar ações políticas e econômicas, como no caso do colonialismo cristão na África ou da expansão islâmica na Ásia10.
A posse da terra é sempre determinada por relações de poder, e não por mitologias. A presença ininterrupta de judeus na Palestina não legitima, por si só, a criação de um Estado que exclui e oprime a maioria nativa. A própria ideia de “retorno” ignora a complexidade histórica de migrações, misturas e transformações culturais ocorridas ao longo dos séculos11.
Síntese
A sacralização da terra e da história não emerge de um vácuo espiritual, mas opera como instrumento político de despossessão. Ao transformar territórios em espaços metafísicos (“Terra Prometida”, “Domínio Eterno”), as narrativas religiosas convertem-se em tecnologias de poder que:
Naturalizam a exclusão: a elevação do direito histórico-religioso acima do direito contemporâneo cria hierarquias onde a presença atual de comunidades não-judias é vista como “temporária” ou “ilegítima”.
Apagam conflitos materiais: a ênfase em disputas teológicas (“direito divino à terra”) obscurece intencionalmente as questões concretas como a distribuição desigual de recursos hídricos, a demolição de casas palestinas para expansão de colonatos e o sistema jurídico diferenciado para árabes e judeus na Cisjordânia
Produzem violência simbólica: a sacralização gera uma dupla desumanização, pois os Palestinos tornam-se “invasores” de um espaço transcendental, enquanto os Judeus críticos do sionismo são taxados como “traidores” da identidade coletiva
O único caminho aqui é secularizar a discussão, o que significa reconhecer que a política territorial deve responder a critérios de justiça distributiva (acesso à terra, água, moradia) e os direitos não podem ser herdados via narrativas milenares, mas construídos através de reconhecimento mútuo, reparações e uma institucionalidade democrática.
Na prática, enquanto Hebron permanecer dividida entre o Túmulo dos Patriarcas (sagrado) e a “Zona Militarizada H2” (real), a paz será impossível. Separar o divino do político é condição para desarmar a geografia.
3. Reconhecimento internacional e legalidade
O sionismo alega respaldo legal da Declaração Balfour, do Mandato Britânico e da Resolução 181 da ONU, que estabeleceu a partilha da Palestina. Os líderes sionistas aceitaram a partilha, mas os árabes a rejeitaram.
Análise
A legalidade internacional é, muitas vezes, expressão das relações de força e dos interesses das potências dominantes, como evidenciado no processo que levou à Resolução 181 da ONU. A Declaração Balfour foi redigida pelo Império Britânico, que não era dono da terra, como parte de um jogo imperialista na Primeira Guerra12. O Mandato Britânico consolidou essa lógica de administração colonial.
A Resolução 181 foi aprovada em um contexto de pressão das potências vitoriosas da Segunda Guerra, sem ampla consulta às populações locais13. A “aceitação” dos líderes sionistas e a “rejeição” dos árabes refletem assimetrias de poder, não uma escolha justa entre iguais.
Síntese
A legalidade internacional opera como um campo de força onde os instrumentos jurídicos frequentemente cristalizam as assimetrias de poder, ao invés de superá-las. Essa dinâmica se manifesta através de três mecanismos interligados: normas, legitimação e desigualdade.
Normas: as instituições multilaterais, como a ONU, reproduzem as hierarquias, já que privilegiam as interpretações das potências ocidentais, consagram como fato situações criadas por violência (como as várias anexações) e validam as “exceções civilizatórias”, como o arsenal nuclear israelense.
Legitimação: o direito internacional serve simultaneamente como arma, quando invocado para isolar Estados dissidentes, e escudo, quando é ignorado pelas potências hegemônicas. Essa dualidade transforma a linguagem jurídica em campo de batalha política.
Fábrica de desigualdade: os casos palestinos deixam claro como o sistema consagra direitos no papel enquanto neutraliza sua implementação e ainda criminaliza a resistência.
As instituições judiciárias internacionais tem dono e servem aos interesses destes donos. Apesar das contradições inerentes, que às vezes arrancam conquistas parciais dessas estruturas, não há ilusão possível na capacidade destes de resolver alguma coisa.
4. Pluralidade ideológica do movimento sionista
O sionismo inclui diversas correntes: política, religiosa, socialista e revisionista. Cada uma propunha estratégias diferentes para a criação do Estado judeu.
Análise
Apesar das diferenças táticas, todas as correntes convergiram na meta de construir um Estado judeu, o que exigia a colonização e a expropriação da população nativa14. O chamado “sionismo socialista”, expresso nos kibutzim, aplicava valores igualitários apenas entre judeus, funcionando como ferramenta de colonização agrícola15.
Essa pluralidade não impediu que o projeto sionista seguisse a lógica de colonização de povoamento, caracterizada por substituição populacional, exclusão política e controle do território.
Síntese
A aparente diversidade ideológica do sionismo, desde os kibutzim socialistas até os colonatos religiosos, opera como um sistema de válvulas de escape político, já que as diferentes correntes (trabalhista, revisionista, religiosa) não se diferenciam no que é essencial: aceitam a limpeza étnica de 1948 como fato consumado, reproduzem a infraestrutura jurídica do apartheid e se beneficiam da superexploração dos trabalhadores e da economia baseada na guerra.
O “sionismo socialista” se revela como uma contradição fundamental: a defesa de um igualitarismo intra-judaico baseado no colonialismo e, ao mesmo tempo, opressão e destruição dos outros povos.
A superação dessa contradição exige desvincular segurança judaica da dominação territorial e substituir o Estado “judeu” por instituições baseadas no direito do solo (e não do sangue) e no direito ao retorno de todos os refugiados e seus descendentes, com políticas objetivas de reparação.
5. Rejeição ao antissemitismo
O sionismo se coloca como resposta ao antissemitismo e rejeita sua associação com o judaísmo como religião. As críticas a Israel seriam, muitas vezes, formas disfarçadas de antissemitismo.
Análise
A luta contra o antissemitismo é legítima e necessária, mas a crítica materialista nos mostra como essa luta pode ser instrumentalizada para proteger interesses de Estado. Em muitos casos, qualquer crítica à ocupação é taxada como antissemitismo, mesmo quando feita por judeus16.
O argumento “22 Estados árabes versus 1 judeu” ignora que a criação de Israel envolveu deslocamentos forçados, limpeza étnica e ocupação permanente17. Ele naturaliza os Estados árabes como homogêneos e antagônicos, ocultando alianças e cumplicidades com o próprio Estado israelense18.
Síntese
O uso da identidade como escudo é um dos mecanismos ideológicos para preservar um sistema desigual. A instrumentalização do combate ao antissemitismo como forma de silenciar a crítica política e material revela três dinâmicas estruturais:
Metamorfose do antissemitismo: o antissemitismo real sobrevive na ultradireita global e nas teorias conspiratórias, porém, foi cooptado como dispositivo ideológico para criminalizar a solidariedade palestina, ocultar a natureza colonial de Israel (transformando crítica em “ódio racial”) e unificar judeus díspares sob a tutela do Estado sionista.
Duplo vínculo identitário: ao igualar o combate ao sionismo com o antissemitismo, a retórica sionista separa judeus antissionistas de sua comunidade como “traidores”, o que impede que não-judeus analisem Israel sem medo de acusações e converte a memória do Holocausto em capital político para justificar ocupação.
Materialidade da opressão: enquanto o antissemitismo é combatido discursivamente (leis, resoluções), o sofrimento palestino é naturalizado como “conflito eterno”, privado de vocabulário jurídico equivalente e reduzido a “ódio religioso”, quando mencionado.
A superação dessa contradição exige separar claramente o que judeofobia, sionismo e crítica a Israel. Além disso, exige a reapropriação da memória das tradições judaicas anti-sionistas, como o bundismo, o judaísmo liberacionista e o judaísmo anti-Estado (como o Neturei Karta).
Romper essa armadilha exige insistir que a verdadeira luta antissemita é inseparável da luta contra todas as formas de racismo, incluindo o que se esconde sob a máscara do “excepcionalismo judaico”.
6. Contribuição civilizatória e modernização
Israel teria “feito o deserto florescer”, modernizando uma região atrasada com tecnologia, democracia e instituições estáveis. O Estado seria “judeu e democrático”, com respeito aos direitos das minorias.
Análise
Esse discurso ecoa narrativas coloniais clássicas sobre a missão civilizadora do colonizador europeu na África e Ásia19. A “modernização” muitas vezes representou a destruição de modos de vida tradicionais, a expulsão de camponeses e a imposição de uma ordem excludente.
Enquanto as cidades israelenses contam com planejamento urbano de alta tecnologia, as cidades palestinas tem o direito à água negado (1.200 sisternas foram demolidas entre 2016 e 2021 com a desculpa de “falta de licença”20).
A democracia israelense está assentada sobre uma estrutura etnocrática21, onde a cidadania e os direitos são diferenciados por critérios étnico-religiosos21. O acesso a terras, educação, transporte e representação política é desigual e hierarquizado.
Síntese
O mito do “deserto que floresceu” esconde uma realidade de modernização desigual que opera através de uma infraestrutura dualista seletiva, com bases econômicas apartadas e uma pretensa “democracia” que favorece uma elite étnica que oprime, inclusive, os judeus não europeus.
A superação desta situação tem que passar, necessariamente, pelo desmantelamento do complexo industrial-securitário israelense, colocando-o sob controle dos trabalhadores, bem como pela nacionalização dos recursos naturais (gás offshore e diamantes).
7. Aversão às críticas
Israel rejeita ser chamado de Estado colonial ou de apartheid. Alega que é uma nação de retorno, não de conquista, e que os árabes israelenses têm representação política.
Análise
O colonialismo não depende da intenção ou da ancestralidade, mas do resultado: ocupação, exploração e exclusão22. O apartheid não se resume à segregação formal, mas à existência de dois sistemas jurídicos distintos para grupos distintos num mesmo território5.
O fato é que há dois sistemas judiciais distintos, um civil para judeus e um militar para palestinos, com 65 leis que discriminam não-judeus em Israel23. Mesmo os árabes e outras etnias israelenses vivem sob leis que limitam sua participação política, acesso a terras e à educação, criando uma cidadania de segunda classe.
Síntese
A rejeição às classificações de apartheid e colonialismo em Israel/Palestina não é um debate acadêmico, mas uma estratégia política ativa que visa criminalizar a crítica ao sionismo e a resistência dos trabalhadores de todas as etnias para manter um sistema de opressão que gera lucros estratosféricos para a elite econômica israelense (especialmente do complexo industrial-militar), que lucram com a ocupação enquanto 20% da população judaica e 38% da palestina vivem abaixo da linha da pobreza24“
Isso permite a naturalização da violência, já que permite tratar a ocupação como um “conflito complexo” e não como um projeto de despossessão. É uma retórica que justifica o assassinato de crianças e mulheres e as práticas genocidas como “autodefesa”.
O efeito prático é que permite que os EUA e a Europa continuem vendendo e comprando armas de Israel, além de financiar os colonatos.
Conclusão
A análise dialética dos argumentos fundacionais do sionismo revela que sua narrativa está ancorada em relações de poder, interesses materiais e contradições históricas. A segurança de uns tem sido construída sobre a insegurança de outros. A legalidade internacional foi moldada pelas potências imperiais. A democracia israelense convive com uma estrutura de apartheid.
O caminho para a justiça passa pela superação das contradições materiais, com a construção de uma sociedade baseada na autodeterminação de todos os povos, e não na supremacia de um grupo. É necessário pensar um futuro comum, onde árabes, judeus, cristãos, drusos e todos os povos vivam com dignidade.
Como construir, na prática, essa sociedade? A resposta não está apenas em fórmulas diplomáticas, mas na ação coletiva, na desmilitarização radical e na ruptura com as estruturas de poder colonial que sustentam o conflito.
Este artigo explora as alternativas para esta construção
Notas e referências
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