Um só Estado laico e democrático para palestinos e israelenses

Por centenas de anos os povos da Palestina viveram em paz uns com os outros, sejam beduínos, árabes, judeus ou cristãos. As permanentes ocupações estrangeiras construíram um povo multicultural, multireligiosa e multiracial. Foram egípcios, hebreus, assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos, turcos…

A partir do Século IV, a maioria da população era cristã, que era a religião oficial do Império Bizantino, mas a presença árabe cresce muito a partir do Século VII.

O Império Otomano dominou toda a região (incluindo Síria e Líbano) por 400 anos, quando foi expulso pelos árabes durante a Primeira Guerra Mundial (pois era aliado da Alemanha). Com isso, a Liga das Nações entrega o controle da região para a Grã Bretanha e para a França. Também estabelece um acordo para facilitar a migração dos judeus para a região.

Acusando a Inglaterra de dificultar a migração dos judeus, os sionistas passam a patrocinar a formação de grupos paramilitares (alguns de orientação nazi-fascista) que começam a organizar ataques a civis, atentados a bomba e assassinatos dirigidos à administração britânica, mas principalmente com a intenção de dizimar o povo árabe residente na região. Vilas inteiras foram dizimadas, prisioneiros eram expostos e assassinados em praça pública.

Durante a Segunda Guerra Mundial os grupos paramilitares dão uma trégua, mas voltam com toda a força no fim da guerra. Em 1947 a Grã Bretanha entrega o problema à ONU, que dividiu a região em dois Estados: um exclusivamente judeu e outro árabe. O acordo que forçou essa resolução foi estabelecido em 1945 entre  Churchill, Roosevelt e Stálin.

Com a criação do Estado de Israel, os grupos paramilitares (que até então realizavam ataques a bomba e ataques a civis) se tornaram o serviço de inteligência e o exército de Israel.

A posição dos “dois Estados” (como estabelecido pela ONU) é a solução apontada tanto pelos sionistas trabalhistas quanto stalinistas, bem como as organizações de direita e extrema-direita (como liberais e fascistas). Por outro lado, a maioria das organizações e movimentos de esquerda, tanto em Israel quanto na Palestina, entendem que os quase 70 anos de experiência de tal proposta demonstram que ela só serviu para intensificar o massacre dos povos palestinos.

Entendem que a única saída é a constituição de um único Estado para todos os povos, sejam árabes, judeus, cristãos ou beduínos. Um Estado livre, laico, democrático e soberano.

Um desses movimentos é o Abnaa el-Balad (filhos da terra), um movimento secular nascido nas universidades de Israel que agrupa tanto palestinos quanto judeus, como Yoav Bar, que concede a entrevista a seguir.

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