Mural 'O Homem na Encruzilhada' de Diego Rivera mostrando um homem central entre visões contrastantes de capitalismo e comunismo, com máquinas, trabalhadores e símbolos científicos ao redor.

O que realmente é esquerda e direita na política?

Maurício Moura

Enquanto think tanks neoliberais declaram obsoletas as categorias de esquerda e direita, a burguesia segue utilizando-as com precisão cirúrgica para dividir e conquistar. Esta não é uma discussão acadêmica, mas uma questão de autodefesa política da classe trabalhadora. Este artigo não busca reforçar rótulos, mas desvendar a anatomia de um conceito que, mesmo sob constante erosão, ancora-se em uma divisão material fundamental: a disputa pela organização da riqueza e do poder social.

A “faísca” que acende esta análise é uma contradição pungente: em um mundo à beira do colapso ecológico e da barbárie social, a discussão política é sequestrada por uma guerra cultural esvaziada, enquanto o eixo econômico que define a vida material da maioria é ofuscado. Desmontar essa armadilha exige entender de onde vieram, o que significam e como são instrumentalizados esses termos.

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Máfias da soberania: como a extrema direita global opera como crime organizado

Maurício Moura

A ascensão global de movimentos de extrema direita reconfigurou práticas políticas tradicionais, incorporando métodos historicamente associados ao crime organizado. Este fenômeno manifesta-se através de uma hibridização perigosa entre estruturas estatais e mecanismos ilícitos, onde lealdades pessoais suplantam compromissos institucionais (RODRIGUES, 2017). A investigação aqui proposta parte de uma premissa crítica: grupos como a aliança Trump-Bolsonaro operam segundo uma lógica que transcende o autoritarismo convencional, apropriando-se de estratégias típicas de organizações mafiosas, como extorsão sistêmica, evasão financeira transnacional e instrumentalização de crises (G1, 2024; SPITZECK, 2019).

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Ur-Fascismo: a vigilância perpétua de Umberto Eco contra o autoritarismo

Maurício Moura

Umberto Eco, semiólogo e romancista italiano, deixou um legado intelectual que transcende as fronteiras da academia. Seu ensaio “Ur-Fascismo” (1995), escrito para o 50º aniversário da libertação da Europa, permanece uma ferramenta crucial para decifrar os autoritarismos do século XXI. Este artigo explora como as 14 características do “fascismo eterno” identificadas por Eco iluminam fenômenos contemporâneos como o trumpismo, o bolsonarismo e certas correntes do sionismo, revelando padrões inquietantes que desafiam as democracias modernas 1.

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