Imagem que funde a paisagem urbana de Gaza com uma favela do Rio de Janeiro, mostrando soldados não identificados mas heavily armed em posição de vigilância, representando a militarização como política de controle territorial.

A farsa da pacificação: o que une Gaza ao Rio de Janeiro

Maurício Moura

A retórica da “pacificação” tem sido um instrumento recorrente para legitimar intervenções estatais em territórios considerados problemáticos, seja no contexto internacional ou nas periferias urbanas. Este artigo analisa criticamente o Acordo de Cessar-Fogo em Gaza, assinado pelo presidente Donald Trump em outubro de 2025, e o contrasta com a histórica política de “pacificação” de favelas no Rio de Janeiro, demonstrando os paralelos em suas lógicas de dominação, controle territorial e a farsa discursiva que os sustenta.

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Fotografia mostra um homem pobre ajoelhado de costas em um beco escuro, com as mãos atrás da cabeça. À direita, uma figura sombria segura uma pistola apontada para ele. No primeiro plano, um distintivo policial e dinheiro estão sobre uma caixa de madeira. Simboliza a atuação dos esquadrões da morte na polícia do Rio de Janeiro

Gratificação Faroeste: a legalização dos Esquadrões da Morte no Rio

Ao aprovar um bônus por “neutralização de inimigo”, a ALERJ não combate o crime, mas assina uma carteira de trabalho para o extermínio.

Maurício Moura

A Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou, em 23 de setembro de 2025, a emenda que reinstitui a polêmica “Gratificação Faroeste”. Com 47 votos a favor e 15 contra, os deputados autorizaram o pagamento de um bônus mensal a policiais civis que “neutralizarem inimigos” em confronto 1. A retórica oficial a vende como um estímulo à coragem e uma resposta à guerra urbana. Na prática, porém, a medida é a mais explícita e chocante legalização de práticas de esquadrão da morte já vista no Brasil. Ela transforma o Estado em patrocinador do extermínio, incentiva a execução sumária e explora de maneira perversa a vulnerabilidade financeira dos agentes de segurança, criando um incentivo econômico irrecusável para que se mate em vez de se prender.

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