Close-up realista de uma prensa hidráulica com um cifrão dourado esmagando uma cabeça humana. Da mente pressionada, extrai-se um fio neuronal dourado que é transformado pela própria máquina em um cristal bruto. Metáfora visual crítica sobre como o capitalismo neoliberal pressiona a saúde mental e depois mercantiliza o sofrimento através de pseudociências.

Ansiedade pós-pandemia e o negócio da pseudociência

Maurício Moura

A pandemia de COVID-19 expôs, de forma brutal, a fragilidade das estruturas sociais e a vulnerabilidade da mente humana diante da incerteza radical. O isolamento, o luto, o medo da doença e a instabilidade econômica global geraram um aumento alarmante nos casos de ansiedade e depressão. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25% apenas no primeiro ano da crise sanitária 1.

Em um cenário onde a saúde mental se tornou uma crise de grandes proporções, e onde os sistemas públicos de saúde frequentemente falham em oferecer atendimento adequado e acessível, surge um vácuo. E é nesse vácuo que floresce um mercado lucrativo de pseudociências, pronto para explorar a dor e a busca desesperada por soluções rápidas e milagrosas. O sofrimento psíquico, antes uma questão de saúde pública, é rapidamente transformado em mercadoria.

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Protocolo super bebê. Risco para a mãe e risco para o bebê

Protocolo Super Bebê: o que é, riscos e embasamento científico

Maurício Moura

Em meio a vídeos virais sedutores e promessas milagrosas, o chamado “Protocolo Super Bebê” emergiu nas redes sociais como uma tendência perigosa para gestantes. A prática, que promete elevar o QI e fortalecer o sistema imunológico do bebê por meio de megadoses de vitaminas injetáveis, foi amplamente divulgada por influencers e até mesmo alguns profissionais da saúde, gerando fascínio e preocupação. No entanto, por trás da aura de inovação e biohacking, esconde-se uma realidade alarmante: a completa ausência de comprovação científica e riscos graves à saúde materna e fetal. Entidades médicas de peso, como a Federação Brasileira das Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), emitiram alertas formais contra o protocolo super bebê, classificando-o como uma prática pseudocientífica que viola os princípios da ética médica e coloca vidas em perigo. Este artigo examina criticamente essa moda perigosa, detalha seus riscos reais e reforça a importância fundamental de um pré-natal baseado em evidências como único caminho seguro para uma gestação saudável.

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Coach vende neurobobagens educacionais

Neurobobagens: 10 mentiras “científicas” vendidas pelos coaches

Como o mercado da autoajuda pedagógica distorce neurociência e física para vender soluções mágicas na educação

Maurício Moura

Nossa educação está doente. Investimento ruim, desvalorização dos professores, plataformização e testes padronizados são fruto de uma política perniciosa de desmonte da educação pública. São emblemáticos os casos de São Paulo e Paraná, que estabeleceram uma política de censura e perseguição a professores que “insistem” em dar aula1. Esse contexto é ágar sangue2 para a proliferação de um exército de coaches autoproclamados “especialistas em aprendizagem acelerada”: oportunistas que transformam o caos institucional em mercado fértil para soluções mágicas e charlatanismo. Tais agentes operam como parasitas do sistema educacional, oferecendo curas milagrosas revestidas de jargões científicos que não compreendem. Seu modus operandi é simples: convertem conceitos como neuroplasticidade, física quântica e mindset em mercadorias de um bazar pseudocientífico, prometendo atalhos cognitivos inexistentes para problemas reais que eles mesmos ajudam a perpetuar.

A sedução desses discursos reside na apropriação perversa da linguagem científica: usam a aura da ciência para vender anticiência, explorando a vulnerabilidade de estudantes, pais e educadores em um sistema deliberadamente desassistido.

Este artigo expõe dez dessas alegações pseudocientíficas recorrentes, demonstrando como se alimentam das vulnerabilidades de estudantes, pais e educadores. Ao desmontar essas “neurobobagens”, revelamos não apenas sua inconsistência científica, mas também seu duplo dano: além de fraudar expectativas, desviam energia e recursos de soluções educacionais genuinamente baseadas em evidências.

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Qual a velocidade do pensamento?

Isaac Asimov*

Depende do que se entenda por “pensamento”.

Poder-se-ia ter em mente a imaginação. Posso imaginar-me estando nesse exato m omento aqui na Terra e um segundo mais tarde imaginar que estou em Marte ou em Alfa Centauro ou perto de algum distante quasar. Se é isso o que se entende por “pensamento” então pode-se sustentar que o pensamento pode assumir qualquer velocidade, inclusive a infinita.

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