Ex-membro da inteligência militar de Israel defende estuprar as mulheres palestinas

Em entrevista ao programa de rádio Hakol Diburim da Radio Israel Bet, o Dr. Mordechai Kedar defendeu que estuprar as mulheres palestinas seria uma medida efetiva para amedrontar os combatentes desse povo. Mesmo quando o entrevistador Yossi Hadar respondeu que tal proposta “pega mal”, Kedar respondeu dizendo que “é a cultura” e “estamos no Oriente Médio”. E insistiu: “Eu estou falando da realidade: a única coisa que vai deter um atacante suicida – se ele souber que, se puxar o gatilho, sua irmã será estuprada”.

Kedar serviu 25 anos na inteligência militar de Israel, se especializando nos grupos islâmicos. Atualmente é investigador do Centro Begin-Sadat para Estudos Estratégicos da Universidad de Bar-Ilan. Essa é a mesma universidade onde estudava Yigal Amir, o militante de extrema-direita que assassinou Isaac Rabin (o motivo: ele negociou com os Palestinos, enquanto deveria simplesmente exterminá-los).

Além disso, Kedar é diretor do “Israel Academia Monitor”, um centro “neo-macartista” que policia os acadêmicos das universidades israelenses caçando qualquer acadêmico que não siga obedientemente as diretrizes do governo de Israel.

Com informações do Alternative Information Center (Israel) e da RTP (Portugal)

Eduardo Galeano: Se Eu Fosse Palestino

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a escolher seus governantes.

Quando votam em quem não devem votar, são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma ratoeira sem saída, desde que o Hamas ganhou de forma limpa as eleições no ano de 2006. Algo parecido aconteceu em 1932, quando o Partido Comunista venceu as eleições em El Salvador.

Banhados em sangue, os salvadorenhos foram castigados por sua má conduta e, então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem. São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com péssima pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou.

E o desespero, a espera pela loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouco da Palestina.

Pouco a pouco, Israel a está apagando do mapa.

Os colonos invadem e depois deles os soldados vão restabelecendo a fronteira.

As balas sacralizam a remoção, como legítima defesa.

Não existe guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva.

Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha.

Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo.

Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel engole outro pedaço da Palestina, e os almoços continuam.

Eduardo Galeano

Um só Estado laico e democrático para palestinos e israelenses

Por centenas de anos os povos da Palestina viveram em paz uns com os outros, sejam beduínos, árabes, judeus ou cristãos. As permanentes ocupações estrangeiras construíram um povo multicultural, multireligiosa e multiracial. Foram egípcios, hebreus, assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos, turcos…

A partir do Século IV, a maioria da população era cristã, que era a religião oficial do Império Bizantino, mas a presença árabe cresce muito a partir do Século VII.

O Império Otomano dominou toda a região (incluindo Síria e Líbano) por 400 anos, quando foi expulso pelos árabes durante a Primeira Guerra Mundial (pois era aliado da Alemanha). Com isso, a Liga das Nações entrega o controle da região para a Grã Bretanha e para a França. Também estabelece um acordo para facilitar a migração dos judeus para a região.

Acusando a Inglaterra de dificultar a migração dos judeus, os sionistas passam a patrocinar a formação de grupos paramilitares (alguns de orientação nazi-fascista) que começam a organizar ataques a civis, atentados a bomba e assassinatos dirigidos à administração britânica, mas principalmente com a intenção de dizimar o povo árabe residente na região. Vilas inteiras foram dizimadas, prisioneiros eram expostos e assassinados em praça pública.

Durante a Segunda Guerra Mundial os grupos paramilitares dão uma trégua, mas voltam com toda a força no fim da guerra. Em 1947 a Grã Bretanha entrega o problema à ONU, que dividiu a região em dois Estados: um exclusivamente judeu e outro árabe. O acordo que forçou essa resolução foi estabelecido em 1945 entre  Churchill, Roosevelt e Stálin.

Com a criação do Estado de Israel, os grupos paramilitares (que até então realizavam ataques a bomba e ataques a civis) se tornaram o serviço de inteligência e o exército de Israel.

A posição dos “dois Estados” (como estabelecido pela ONU) é a solução apontada tanto pelos sionistas trabalhistas quanto stalinistas, bem como as organizações de direita e extrema-direita (como liberais e fascistas). Por outro lado, a maioria das organizações e movimentos de esquerda, tanto em Israel quanto na Palestina, entendem que os quase 70 anos de experiência de tal proposta demonstram que ela só serviu para intensificar o massacre dos povos palestinos.

Entendem que a única saída é a constituição de um único Estado para todos os povos, sejam árabes, judeus, cristãos ou beduínos. Um Estado livre, laico, democrático e soberano.

Um desses movimentos é o Abnaa el-Balad (filhos da terra), um movimento secular nascido nas universidades de Israel que agrupa tanto palestinos quanto judeus, como Yoav Bar, que concede a entrevista a seguir.

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