Imagem que funde a paisagem urbana de Gaza com uma favela do Rio de Janeiro, mostrando soldados não identificados mas heavily armed em posição de vigilância, representando a militarização como política de controle territorial.

A farsa da pacificação: o que une Gaza ao Rio de Janeiro

Maurício Moura

A retórica da “pacificação” tem sido um instrumento recorrente para legitimar intervenções estatais em territórios considerados problemáticos, seja no contexto internacional ou nas periferias urbanas. Este artigo analisa criticamente o Acordo de Cessar-Fogo em Gaza, assinado pelo presidente Donald Trump em outubro de 2025, e o contrasta com a histórica política de “pacificação” de favelas no Rio de Janeiro, demonstrando os paralelos em suas lógicas de dominação, controle territorial e a farsa discursiva que os sustenta.

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Plenário da reunião internacional contra a guerra

Paris sedia encontro internacional contra a guerra

Maurício Moura

Nos dias 4 e 5 de outubro, a Cúpula de Paris (Le Dôme de Paris) tornou-se o palco de uma contranarrativa poderosa ao belicismo oficial. O Encontro Internacional contra a Guerra reuniu cerca de quatro mil pessoas, incluindo ativistas, sindicalistas e parlamentares de dezenove nacionalidades, convocados pelo apelo “Nenhum centavo, nenhuma arma, nenhuma vida humana pela guerra!” 1 2. O evento, que combinou uma conferência no sábado com um comício massivo no domingo, tinha um objetivo claro: construir uma frente unificada e internacionalista para combater o genocídio em Gaza e a guerra na Ucrânia, expondo os lucros e as estruturas de poder que as sustentam.

A presença no palco de vozes palestinas, israelenses, ucranianas e russas não foi um mero apelo sentimental à paz. Foi uma demonstração prática e calculada de que a solidariedade de classe pode e deve superar as fronteiras nacionais, criadas e exploradas pela burguesia para dividir os oprimidos 1. Enquanto os governos ocidentais ampliam orçamentos militares em nome da “segurança”, este encontro afirmou que a verdadeira segurança reside na luta coletiva contra um sistema que mercantiliza a vida humana 2.

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Jovens judeus vivem ruptura com sionismo

Eles não apoiam o Estado de Israel. Mesmo vindo de famílias judaicas tradicionais, seus corações e mentes são solidários à causa palestina. Parentes e amigos reagem com rancor, mas este grupo de jovens rechaça as crenças sionistas

Yuri Haasz, Elena Judensnaider, Shajar Goldwaser, Bruno Huberman e Bianca Neumann Marcossi gostam dos quadrinhos pró-palestinos de Joe Sacco e têm simpatia pelo polêmico “A Invenção do Povo Judeu”, de Shlomo Sand. Aplaudem filmes como “Lemon Tree” e documentários como “Defamation” ou “The Gate Keepers”, narrativas críticas ao Estado de Israel.

Para além de um repertório cultural pouco comum entre os judeus, os cinco chamaram atenção quando se reuniram, no dia 8 de julho, junto com outros colegas, para repudiar a ação militar de Israel na Faixa de Gaza. Diante do consulado desse país em São Paulo, ergueram cartazes de protesto que horrorizaram parte da comunidade judaica.

Estes jovens, em roda de conversa com Opera Mundi, relataram sua trajetória de contestação ao sionismo e a reação que sua atitude provoca entre familiares. Discutiram também o que é ser judeu no século 21, problematizando a proposta de dois Estados para dois povos e repensando a própria existência de um lar nacional judaico encarnado por Israel.

“Queremos deixar claro, em nossa condição judaica, que não compactuamos com a opressão ao povo palestino e o massacre de civis em Gaza”, afirma Yuri Haasz. “Israel não atua em autodefesa, mas com a intenção de ocupação territorial, para inviabilizar a criação de dois Estados.”

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Isaac Asimov sobre a guerra

asimov

“Apenas uma guerra é permitida
à espécie humana:
a guerra contra a extinção”

Isaac Asimov

Imagem: Bira Dantas (Publicada na revista Quadrante X!)
Frase: Life and time – página 245, Isaac Asimov – Doubleday, 1978
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