Tim Minchin é um ator, humorista e músico australiano. Em seus bem humorados shows musicais, Tim aborda constantemente temas como religião, pseudociências e fé. Ateu e cético, ele defende que nossa visão do mundo deva ser baseada na realidade, nos fatos.
Neste texto, parte de um show com a Heritage Orchestra no Royal Albert Hall, em Londres, Tim discorre sobre a compreensão do sagrado. O que faz um livro, um objeto ou um homem ser sagrado? São suas características intrínsecas ou é um conceito atribuído unicamente por um grupo de pessoas?
Qual o limite do respeito que deve ser cobrado sobre o “sagrado”? A Bíblia ou o Alcorão devem ser respeitados? E quanto às vacas, ratos, cobras, aranhas, gatos e outros animais sagrados em outras culturas? Se alguém pode ser morto por desenhar o Maomé, então também pode ser morto por comer carne de vaca?
No fim, Minchin dá um exemplo prático disso. O Papa é sagrado para alguns cristãos (há vários papas de várias igrejas e há igrejas que não acreditam na sacralidade do papa). Quando o Papa faz algo reprovável, temos o direito de criticá-lo? Ou sua sacralidade o torna imune a críticas?
Então… Se você deu uma olhada no que a mídia disse no ano passado, você provavelmente ouviu sobre esse… Na metade do ano passado, sobre esse idiota, esse maldito idiota, esse maldito americano idiota que decidiu que, na comemoração do aniversário do 11 de setembro, seria uma boa ideia coletar e queimar quantas cópias do Alcorão ele conseguisse.
Então, você provavelmente sabe que existe o outro bando de malditos idiotas que tiveram a brilhante ideia de pegar essas malditas historias e espalhá-las pelo mundo através dos jornais e da Internet.
E ainda existe um outro bando de malditos idiotas que decidiram que seria realmente inteligente responder ao plano idiota desses malditos com ameaças de violência como retribuição, mantendo esse ciclo.
O problema com esse cenário, fora o superávit de malditos idiotas, é a noção central de que um objeto pode ser sagrado. Faz você pensar: o que faz um objeto sagrado?
Esta é minha cópia do Alcorão sagrado, que está sobre o meu piano. O que faz desse objeto sagrado? O que faz quatro mil pessoas nervosas sobre esse cenário?
Qual a diferença disso: minha cópia do Harry Potter e as Relíquias da Morte. E com respeito, eu posso honestamente dizer que acho que eles são diferentes em respeito ao aspecto sagrado.
Mas por que é diferente? Porque você pensa instintivamente que são os textos, as palavras contidas dentro deles. A incineração que nós tememos ou apoiamos.
São as palavras… Mas desde que inventaram a máquina de impressão e depois a Internet, essas palavras foram reproduzidas centenas de milhares de vezes. Felizmente, essas palavras antigas são indestrutíveis.
Então não pode ser isso.
Seria pela estética? Que se julga se um livro é sagrado pela capa? Seria a linguagem fantasiosa? As letras? O ouro? Mas esse outro tem ouro também…
Mas aí eu pensei qeu talvez fosse a presença dessa incrível e poderosa palavra, Qur’ãn (Alcorão), escrita aqui, com o Q e o apóstrofo. É apenas essa palavra que dá o caráter sagrado.
Então eu pensei: e se alguma muçulmana, equivalente à mãe de Sam, tentando desesperadamente se livrar de uma infecção no trato urinário, rezasse tão forte que faria perder o caráter sagrado? Por esse motivo, e se eu colocasse um papel com a palavra “Alcorão” bem na frente do Harry Potter e as Relíquias da Morte?
Talvez agora vocês estejam “quase” nervosos sobre como eu vou tratar esse livro agora.
E se eu pegasse a capa dessa cópia de Harry Potter e as Relíquias da Morte e colocasse sobre esta cópia de Harry Potter e as Relíquias da Morte? Agora não temos que nos preocupar com o que fazer com isso.
Mas e se Deus, J.K.Rowling ou ambos me proibirem de fazer isso e nos sobrasse apenas isso, esse pedaço de carbono que peguei do meu amigo estudante (não tenho dinheiro suficiente para reproduzir algo parecido com a capa do Alcorão sagrado) e nos preocupamos como tratar isso.
Mas o que importa se é o Alcorão ou Harry Potter, se é sagrado ou não, que tipo de idiota queima um livro? Queimar um livro é infantil. Queimar um livro é como queimar um sutiã. Após a adrenalina do momento simbólico em que tudo o que resta é uma pilha de protestos e peitos sem suporte.
Eu nunca tinha visto um sutiã cair pelo chão e desejar um fósforo.
Claro, eu tenho… (algo é jogado da platéia e atinge o palco)
Pelo amor de… porra… Você não pode… O que você arremessou em mime? Eu não sei…
Um isqueiro? É justo!
Espero que tenham percebido que é meio angustiante falar do Alcorão no palco e merdas voarem em mim. É uma… Vocês sabem… Estou tentando ter…
Eu nunca queimaria uma cópia de Harry Potter e as Relíquias da Morte.
Se você tomar um tempo pra pensar sobre essa noção de que algo é sagrado, você rapidamente tropeça em um ponte de verdade em que o caráter sagrado não se dá dentro dos objetos ou pessoas ou instituições, mas o sagrado está nas mentes, nas mentes coletivas, desses que passaram a acreditar ou foram ensinados a acreditar que isso é sagrado.
E exatamente esse é um “Direito Humano” (ter crenças no que quiser). Se você quer embutir poderes sobrenaturais em objetos terrestres com agentes sobrenaturais, é um direito seu e, por esse motivo, eu farei uma placa de merda e vou marchar pelas ruas para defender esse direito de ter crenças no que quiser, mas pessoalmente não acho que dá o direito de dizer a outras pessoas o que elas deveriam considerar sagrado.
Não acho que possa dizer a mim qual figura histórica eu posso ou não satirizar (Aleluia!), não poder satirizar na forma de cartoon e acho que não pode me dizer quem eu devo ou não criticar e qual linguajar utilizar ou não ao criticar.
Se tem alguma coisa que a história nos ensinou é que, se existem muitas pessoas acreditando que alguma pessoa ou instituição é sagrada, então, por definição, elas estão além da crítica e, infelizmente, quando um ser humano está além da crítica, eles parecem inexplicavelmente escorregar em direção à corrupção.
Pope song
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Ele é um filho da puta do caralho
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Ele é totalmente filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se ele
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta
Foda-se o filho da puta do papa
Foda-se o filho da puta
E vai se foder, filho da puta
Se você pensa que o filho da puta é sagrado
Se você encobrir outro filho da puta
Que é um estuprador de crianças
Vai ser foder, você não é melhor
Do que o estuprador filho da puta
Se você não gosta de xingamentos
Que esse filho da puta me forçou a dizer
E acha que demonstra escassez moral ou intelectual
Então vai se foder, filho da puta
Essa é a linguagem que se emprega
Quando alguém caga e anda
para quem fode com garotos
Eu não dou a mínima
Se chamar o papa de filho da puta
Faz você inconscientemente me
Marcar como um apóstata insensato
Isso não tem nada a ver
com outros filhos da puta religiosos
No momento não estou interessado
em debater teologia
Existem outras músicas do caralho
e outras maneiras do caralho
Serei um apologista religioso do caralho
na merda de um outro dia
Mas permanece o fato de que,
se protege um único pedófilo filho da puta
Seja o papa ou o príncipe ou o encanador
Você é um filho da puta
Veja, estou pouco me fodendo
sobre se qualquer outro filho da puta
Pensa sobre Jesus e sua mãe filha da puta
Não tenho problemas com as crenças espirituais
De todos esses merdas
Quan do essas crenças não afetam
A felicidade dos outros
Mas se construírem suas igrejas
Com alegações de autoridade moral de merda
E com ameaçar de Inferno
Impostas aos outros na sociedade
Então, seus filhos da puta,
Podem esperar alguma ira
Quando acaba com vocês nos fodendo
Na merda das nossas bundas
Na merda das nossas bondas
Então foda-se o filho da puta
E vai se foder, seu filho da puta
Se você ainda é um papista filho da puta
Se ele encobriu um único filho da puta estuprador de crianças
Foda-se o filho da puta,
Ele é tão mau quanto o estuprador
Mas se você olhar
Em seu coração filho da puta
E me disser a verdade
Se essa música estúpida filha da puta
Ofendeu você
Com sua linguagem de merda
E sua imunda falta de respeito
Se ela faz você se sentir irritado
Và em frente e escreva uma carta
Mas se você me achar mais ofensivo
Que a merda da possibilidade
De o Papa proteger sacerdotes
Quando eles estavam se complicando
Então me escuta, filho da puta
Aqui está o fato:
Você é tão moralmente equivocado
Quanto aquele filho da puta
Fanático sedento de poder
auto-engrandecido naquele chapéu estúpido
Se o papa for dono de uma discoteca
Ninguém irá, porque eles não permitem gays lá
Quem começa a dançar?
Quem começa a dançar?
Se o papa for dono de uma discoteca
Ninguém iria