Enquanto o Estadão e vários “proeminentes” membros do conservadorismo liberal brasileiro andam por aí defendendo que o Estado tem que gastar menos com educação e deve privatizar a USP, o mundo real vem escancarar onde é que, de fato, é mal gasto o dinheiro do contribuinte brasileiro. O deputado “missionário” José Olímpio, do Partido Progressista de São Paulo apresentou no último dia 26/05 um projeto de lei (PL 7561/2014) que proíbe “o implante em seres humanos de identificação em forma de chips e outros dispositivos eletrônicos”.
Até aí, OK. Eu também não sou favorável a que alguém comece a rastrear os meus passos. A bizarrice começa é na justificativa do projeto.
Para convencer seus pares de que o tal projeto tem importância para se tornar lei, o “missionário” cita o Livro do Apocalipse (13:16-17):
“E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua mão direita, ou nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome.”
E explica:
“Tendo em conta que o fim dos tempos se aproxima, é preciso que o Parlamento brasileiro se antecipe aos futuros acontecimentos e resguarde, desde logo, a liberdade constitucional de locomoção dos cidadãos. Sendo assim, urge que se proíba a implantação em seres humanos de chips ou quaisquer outros dispositivos móveis que permitam o rastreamento dos cidadãos e facilitem que sejam as pessoas alvo fácil de perseguição e toda sorte de atentados.”
Mas quem teria interesse em tornar o brasileiro comum alvo fácil para perseguição e atentados? Para o “missionário”: “há um grupo de pessoas que busca monitorar e rastrear cada passo de cada ser humano, a fim de que uma satânica Nova Ordem Mundial seja implantada”.
Ou seja, não bastasse a isenção dos impostos da igreja dele, o cara também acha que o dinheiro do contribuinte, que poderia estar sendo investido na educação as crianças e jovens, é melhor empregado pagando um salário e um monte de despesas pro cara fazer proselitismo pseudo-religioso e defesa de teorias da conspiração herdades de malucos notórios.
Só faltou falar dos Iluminatti e sua associação com os Greys em sua base na Lua.
Ora, faça-me o favor.
Sem surpresa, o “ilustre” deputado, eleito em 2010, é ligado à Igreja Mundial do Poder de Deus (aquela do Valdemiro Santiago).
É por essas e outras que é preciso acabar com esse envolvimento da religião no Estado. A laicidade é um princípio da República que tem sido constantemente atacado.
Apesar da justificativa, também gostei da ideia do projeto. Nos Estados Unidos já existem empresas especializadas em implantar chips em crianças, portanto é uma ameaça real. Podem querer fazer isso com funcionários e até com parceiros.
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Perceba, Helen, que implantar um chip subcutâneo não necessariamente tem a ver com rastreamento. A ideia de que é possível “rastrear por GPS” sequer tem base no mundo real.
Rastrear pessoas dessa forma exigiria um grande investimento em antenas espalhadas por milhares de lugares. A radiofrequência possível em um chip assim tem uma capacidade extremamente limitada, de no máximo alguns poucos metros.
É muito mais realista falar em implante isótopos radiativos, mas chips, não. O PL ainda fala de tatuagens, o que é mais nonsense ainda.
Assim, isso NÃO É uma ameaça real. É fruto unicamente de teorias da conspiração e de fobias irracionais que todos temos.
Obrigado por seu comentário. Continue participando.
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Pô maurício, o senhor deputado só ligou os pontinhos, era a solução obvia para o brasil evitar o apocalipse , poxa queria eu ganhar o salário dele para dar vazão as minha teorias e devaneios.
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