Eddie Vedder, Neil Young e Krist Novoselic engrossam coro de músicos contra o Apartheid em Israel

Eddie Vedder, vocalista da banda grunge Pearl Jam, engrossou o coro de músicos que se posicionam contra a violência racista promovida pelo governo de Israel.

Em um show na Inglaterra, Vedder fez um discurso em defesa do povo Palestino e condenando o genocídio desse povo:

“Juro por Deus, há pessoas que andam à procura de uma razão para matar, para atravessar fronteiras e ocupar uma terra que não lhes pertence. Deviam ir embora e preocupar-se com a sua vida. Todo mundo quer a mesma coisa: ter filhos, comer, procriar, fazer uma pintura, fazer arte, ouvir música, foder mais um pouco, ter mais um bebê, comer, trabalhar, comer, trabalhar, amar, amar, amar. Todo mundo é igual! Então porque é que andam em guerra? Parem com essa merda, agora! Não queremos dar-lhes o nosso dinheiro. Não queremos pagar impostos para vocês lançarem bombas sobre crianças”.

Vedder terminou o discurso ajoelhando-se e pedindo paz.

A reação da grande mídia israelense foi imediata. Apesar de Vedder não ter citado Israel nominalmente, o jornal The Jerusalem Post afirmou que o discurso é um “ataque anti-Israel”.

Dias depois, Vedder usou a página oficial do Pearl Jam para deixar bem claro que “continua anti-guerra”.

Krist Novoselic, ex-baixista do Nirvana, fez como com Vedder: “Obrigado, Eddie Vedder, por reclamares a paz no nosso mundo”. Neil Young, na mesma linha, cancelou um show que faria em Tel Aviv, afirmando: “Esperemos poder tocar em Israel e na Palestina, em paz”.

Além deles, coro dos músicos que se levantam contra o Apartheid Israelense conta com nomes como Roger Waters (Pink Floyd), Tunde Adebimpe (TV On The Radio), Victor Vazquez (Kool A.D.) e Brian Eno.

Leia a íntegra da carta de Eddie Vedder:


Imagine que – eu continuo anti-guerra

A maioria de nós já ouviu John Lennon cantar

“You may say I’m a dreamer,… but I’m not the only one.” 1

E alguns de nós, depois de outra dose matinal de notícias cheias de morte e destruição, sente a necessidade de chegar aos outros para ver se nós não estamos sozinho em nossa indignação. Com cerca de uma dúzia de conflitos variados em curso no noticiário todos os dias, e com as histórias cada vez mais horríveis, o nível de tristeza se torna insuportável.  E o que acontece com o nosso planeta, quando essa tristeza se torna apatia? Porque nos sentimos desamparados. E viramos a cabeça e viramos a página.

Atualmente, estou cheio de esperança. Essa esperança salta de multidões de pessoas que nossa banda teve a sorte de tocar, noite após noite, aqui na Europa. Ver bandeiras de tantas nações diferentes, e ter essas enormes multidões reunidas pacificamente e alegremente é a exata inspiração por trás das palavras que eu sinto a necessidade de transmitir enfaticamente. Enquanto tentamos fazer um apelo por mais paz no mundo em um concerto de rock, nós refletimos os sentimentos de todos aqueles que tem entrado em contato para que todos possamos ter uma compreensão melhor um do outro.

Isso não é algo que eu vou parar tão cedo. Me chame de ingênuo. Eu prefiro ser ingênuo, sincero e esperançoso do que me resignar a não dizer nada por medo da má-interpretação e da retaliação.

A maioria dos humanos neste planeta são mais consumidos pela busca do amor, saúde, família, comida e abrigo do que de qualquer tido de guerra.

Guerra machuca. Não importa de que lados as bombas estão caindo, ela dói.

Com todas as conquistas globais em tecnologia, avanços na comunicação e dispositivos de informação, sequenciação do genoma humano, jipes em marte etc., será que realmente temos que nos resignar à realidade devastadora de  que o conflito será resolvido com bombas, assassinatos e atos de barbárie?

Somos uma espécie tão notável. Capaz de criar beleza. Capaz de avanços inspiradores. Nós precisamos ser capazes de resolver conflitos sem derramamento de sangue.

Eu não sei como reconciliar o pacífico arco-íris de bandeiras que vemos cada noite nos nossos concertos com as notícias diárias de uma dezena de conflitos mundiais e suas horríveis consequencias. Eu não sei como processar os sentimentos de culpa e cumplicidade quando eu ouço sobre as mortes de famílias civis por um ataque de drone dos EUA. Mas eu sei que nós não podemos deixar a tristeza se tornar apatia. E eu sei que somos melhores quando nos chegamos uns aos outros.

“I hope someday you’ll join us,…” 2

Você não vai ouvir o que o homem diz?

– Eddie Vedder


  1. Você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único – referência à música Imagine, de John Lennon  (NdT).
  2. Eu espero que um dia você se junte a nós. Idem (NdT).
Fonte: Pearl Jam News
Tradução: Maurício Sauerbronn de Moura
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