O “neoateísmo” e a atualidade do Materialismo Militante

Ultimamente tenho visto muito se falar em “ateísmo militante” ou “neoateísmo”, termos ligados a aqueles que fazem propaganda ou defesa pública da visão cética, científica ou atéia do mundo. Têm-se dito que o zoólogo queniano Richard Dawkins seria o “pai” dessa linha.

Bom, minha compreensão é que não existe esse tal “neoateísmo”, já que o ateísmo nada tem de novo. Principalmente no que concerne ao ateísmo militante. Nessa defesa, publico abaixo um texto de 1922 em que Vladimir I. Lenin defende o ateísmo militante.

O texto foi originalmente escrito para ser publicado na revista Pod Znameniem Marksisma (Sob a Bandeira do Marxismo)  em seu número 3, mas acabou sendo publicado apenas em 1961 (V. I. Lenin. Polnoe Sobranie Sotchinenii, Moscou : GIPL, 1961, Vol. 45, pp. 23 e s.).

Nadežda Krupskaja, esposa de Lênin, escreve um artigo na revista sobre a época em que foi escrito o texto. Segundo ela, Lenin acabara de ler diversos livros e brochuras sobre temas anti-religiosos como Die Christusmythe (O Mito de Cristo), de Arthur Drews, e Profits of Religion (Os Lucros da Religião), de Upton Sincler.

Em 1908, Gueorgui Plekhanov já havia tratado do assunto no livro Os Princípios Fundamentais do Marxismo.

No início, texto se refere a outro texto que já postei aqui (Atenção à Teoria),  publicado na edição número 1 da revista.

Esta versão foi traduzida por Asturig Emil von München. Optei por suprimir as notas do tradutor.

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A Inglaterra de volta à Idade Média

Na Inglaterra, os cortes nos gastos públicos em nome da “austeridade” (para sobrar mais dinheiro para dar pros banqueiros), acabam abrindo caminho para políticas religiosas e segregacionistas da Idade Média.

O Conselho do Condado de Flintshire decidiu que, para utilizar os ônibus escolares, os alunos devem apresentar uma “prova de fé”. A exigência é para estudantes de escolas confessionais, que estarão proibidos de utilizar o transporte escolar público até que apresentem uma carta de um padre, uma certidão de batismo ou alguma declaração oficial de que eles professam uma fé.

Aqui não se trata apenas de um crime contra a laicidade, mas um crime contra a liberdade de consciência, já que obriga crianças a declarar publicamente sua fé e ainda punem aqueles que não a tem.

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A Comuna de Paris e a laicidade do Estado

Pra comemorar esses 142 anos da Comuna de Paris, publico este decreto proposto por  Félix Pyat e publicado em 3 de abril. Tal decreto é a fundação do Estado Laico, da separação entre a Igreja e o Estado e da verdadeira liberdade de consciência e culto.

A imagem acima é La Liberté guidant le peuple (A Liberdade guiando o povo), pintada por Eugène Delacroix em homenagem à Revolução Francesa. Hoje está exposto no Museu do Louvre.

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Tribunal da inquisição

Não ao “delito de blasfêmia”

Reproduzo abaixo a resolução conjunta das organizações participantes da Associação Internacional de Livre Pensamento.

Declaração comum das Associações Laicas, Humanistas, Ateias e de Livre Pensamento

Não ao restabelecimento do «delito de blasfémia» Sim à sua revogação, lá onde segue aplicado!

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A religiosidade e o Livre Pensamento são contraditórios?

Queria começar esse blog com um tema pra limpar o meio de campo, pra clarificar as coisas.

Nos últimos tempos têm ganhado destaque uma série de ações anti-científicas, como a lei do Tenessee que permite o ensino do criacionismo nas escolas, a PEC do deputado João Campos (PSDB-GO) que pretende dar o direito de associações religiosas de tentarem derrubar leis pelo Supremo ou absurdos do tipo, inclusive com declaração editorial do SBT que afirma que quem defende o Estado Laio é intolerante, persegue os cristãos e não tem o que fazer.

Isso somado à Internet, que possibilitou que as pessoas pudessem falar suas achologias a torto e a direito (como o Olavo de Carvalho que quer defender que a terra está fixa no centro do universo).

Bom, essas ações são tomadas na sua maior parte por pessoas que se utilizam de estandartes religiosos para justificar o ataque à ciência, às minorias e aos direitos. Só que, apesar do barulho que fazem, esses não representam a totalidade dos religiosos.

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