Neil deGrasse Tysson é astrofísico e propagandeador da ciência. Já publiquei várias coisas dele aqui.
Tysson é convidado frequente em programas de entrevista, não só por ser eloquente e articulado, mas por sua profunda pesquisa acadêmica.
Neste vídeo, Tysson responde a uma pergunta sobre se ele acredita ou não em OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados) e ele faz uma apresentação bem humorada sobre como a verdadeira ciência vê esse tipo de coisa.
Veja também outros vídeos com Neil deGrasse Tysson.
Se eu acredito em OVNIs ou visitantes extraterrestres? Não estou autorizado a responder essa questão! (Risos)
De onde eu devo começar?
OVNI… Primeiro, lembre-se de o que “NI” significa em OVNI.
Existe uma fascinante fragilidade da mente humana, que a psicologia sabe tudo sobre, e que é chamado de Argumento da Ignorância. É assim que funciona (você está pronto?):
Alguém vê luzes brilhantes no céu. Eles nunca viram isso antes. Eles não entendem o que é aquilo. Eles dizem: é um OVNI!
O “NI” significa Não Identificado.
Daí eles falam: eu não sei o que é aquilo. Devem ser aliens do espaço, visitando de outro planeta.
Bom, se você não sabe o que é aquilo, é aí onde sua conversa deveria terminar!
Você não deve dizer que é qualquer tipo de coisa, OK?
Esse é o Argumento da Ignorância.
É comum. Não estou culpando ninguém. A Psicologia sabe tudo sobre isso. Pode estar relacionado com nossa grande necessidade de ter que saber coisas porque ficamos inconfortáveis na ignorância.
Você não pode ser um cientista se você fica inconfortável com a ignorância porque nós vivemos no limite entre o que é conhecido e desconhecido no Universo.
Diferente de jornalistas, eles… Há algum jornalista aqui? Sabe, os jornalistas, todos os artigos sobre ciência começam com “cientistas agora tem que voltar à fase de planejamento”. Como se ficássemos sentados em nosso escritório, sabe, “mestres do universo” e aí “Oops! Alguém descobriu algo”!
Não! Nós estamos sempre na fase de planejamento. Se você não está no quadro negro, não está fazendo descobertas!
Para o público, parece haver uma grande necessidade de ter uma resposta para o que é desconhecido. Daí você vai do argumento da ignorância para o argumento da certeza. Isto está em operação dentro de nós. Começamos lá.
Segundo, nós sabemos, não só de pesquisa em psicologia, mas da simples evidência empírica na história da ciência, que a pior forma de evidência que existe no mundo é a evidência da testemunha ocular. o que é assustador porque é uma das formas mais altas de evidência em uma corte. Mas sabemos desde a segunda série… Cadê meu cara da segunda série? Vá até o microfone por um minuto. Pega o microfone.
Nas suas aulas, você fez o famoso experimento onde você brinca de telefone e você faz uma linha com as crianças na sala e uma pessoa começa uma história e você escuta e reprete pra próxima pessoa e depois pra próxima. Você já fez isso na sua classe?
– Sim
O que acontece na hora que chega na última pessoa e ela conta a história? O que acontece?
– Fica completamente diferente.
É completamente diferente! Completamente diferente, OK? Porque a transmissão da informação estava contando com o testemunho visual, que neste caso é o testemunho auditivo.
Então… Ah, obrigado! Ele sabe disso. Ele sabe e é da segunda série! Tá certo, na verdade, ele deveria estar na décima segunda série!
Então… Agora…
Não importa se você viu um disco voador. Na ciência, mesmo se você tivesse uma coisa menos controversa que um disco voador, se você vem até meu laboratório e fala “você tem que acreditar em mim! Eu vi!”, um dos meus colegas cientistas vai dizer “Vota, vai pra casa! Vai embora até você ter outro tipo de evidência que não seja só ‘eu vi’, OK?”
Porque o sistema humano de percepção é falível, com tudo possível pra entender errado. Mas não gostamos de pensar sobre nós desse jeito. Temos grandes opiniões da nossa biologia quando não deveríamos.
Eu te dou um exemplo que mostra isso: todos compramos e gostamos de livros chamados Ilusão de Ótica, certo? Todos adoramos ilusão de ótica, mas não deveriam chamar o livro assim. Deveriam chamar de “Falha no cérebro”, OK? Porque é isso o que é! É uma falha completa das percepções humanas. Tá certo? Bastan alguns rabiscos feitos de um jeito esperto e seu cérebro não consegue desborir aquilo!
Somos dispositivos pobres em conseguir informação. Por isso temos essa coisa de ciência. Temos máquinas que não estão nem aí pra que lado da cama acordaram de manhã. Não se importam com o que enviaram ao marido nesse dia. Não estão nem aí se tomaram sua dose matinal de cafeína. Eles conseguem a informação certa, OK?
Então, talvez você tenha visto visitantes de outra parte da galáxia. Eu preciso mais do que seu testemunho visual e, nos tempos modernos, eu preciso mais do que suas fotografias, onde Photoshop provavelmente já vem com o botão “OVNI” hoje… Cola lá no seu computador.
Então, você faz assim… Não estou dizendo que não temos sido visitados, estou dizendo que as evidências trazidas adiante não satisfazem o padrão de evidências que qualquer cientista pediria para qualquer outra afirmação que você trouxer a um laboratório. Então eu recomento isso: da próxima vez que for abduzido… Porque eu tô preparado! Tô pronto, OK? Se sou abduzido, tô pronto! Então, você está lá, nesse laboratório – porque sempre tem o experimento sexual em você no disco voador – então você está lá e ele cutucando você e você faz assim… tá preparado? (Você faz o alien, tá? Me cutuca). Ok, daí eu falo: “hey! Olha lá!”. Daí ele olha, você rápido pega algo da prateleira, coloca no bolso e deita de novo.
ENtão, tudo feito, você volta e “olha o que eu consegui! Eu roubei o cinzeiro da prateleira do disco voador!”. Então você traz aquilo pro laboratório! Não é sobre testemunho visual a esse ponto porque tem algo alienígena (e qualquer coisa alien que você tira de um disco voador do outro lado da galáxia vai ser interessante, ok?). Porque, mesmo objetos dentro da nossa cultura… Eu tenho este dispositivo aqui, o iPhone. Dez anos atrás teriam ressucitado as leis de queima às bruxa se você tirasse isso OK? E isso é em nossa própria cultura! Nós mesmos fizemos isso em dez anos!
Então, essa tecnologia que cruzou a galáxia, isso seria um negócio sério pra olhar no laboratório. Daí podemos conversar. Até lá… Eu não posso… Desculpe. Vá em frente, continue procurando, eu não vou te impedir! Mas esteja preparado para quando for abduzido, porque eu estarei procurando por evidências quando isto acontecer e o ponto nisso é: tem pessoas olhando pra cima o tempo todo, por exemplo, a comunidade de astrônomos amadores no mundo. Eu era dos astrônomos amadores. Nós subíamos em prédios e olhávamos pra cima. Estávamos olhando para cima.
Avistamentos de OVNIs não são mais altos entre astrônomos amadores do que é no público em geral. De fato, são mais baixos. Você pergunta “por quê”? Porque nós sabemos que diabos estamos olhando! Porque nós estudamos o negócio.
Você sabia que tem um avistamento de OVNI reportado por um oficial de polícia – porque tem uma insígnia, porque é um piloto ou o que seja, então seu testemunho de algum jeito é melhor do que de uma pessoa normal. É tudo ruim porque somos humanos, OK? Então tinha esse policial que estava seguindo um OVNI que estava balançando para trás e para frente no céu. Falando no rádio em algum daqueles… carro de esquadrão perseguindo o OVNI e o OVNI se movendo para trás e para frente assim, OK? Depois acabou que o carro da polícia estava perseguindo Vênus e eçe estava dirigindo em uma pista curva. Estava tão distraído com Vênus que não era Vênus se movendo e nem viu que era ele fazendo assim…