“Eu matei 13 crianças hoje e você é a próxima”

O soldado do Exército Israelense David Ovadia publicou em seu Instagram no último 30 de julho uma foto de si com um fuzil de precisão Barrett calibre .50 (utilizado por atiradores de elite). Na publicação, dirigida à palestina residente em Israel Sherrii ElKaderi, Ovadia afirma: “Eu matei 13 crianças hoje e você é a próxima. Muçulmanas de merda. Vão para o inferno, vadias”.

Depois da repercussão do caso, Ovadia apagou o post e passou a defender que seu perfil havia sido invadido e ele não era responsável pela postagem. Defensores do sionismo passaram a fazer uma campanha afirmando que a postagem seria um hoax, falsa. O Exército Israelense investigou o caso e, quando pressionado, Ovadia assumiu a autoria da publicação, sendo condenado a apenas 30 dias de reclusão ¹.

O Exército Israelense, apesar de assumir que a publicação é verdadeira, afirmou que Ovadia não tomou parte das operações em Gaza, nem tem habilitação para operar um fuzil de precisão de alto calibre como o Barret da foto, se eximindo de qualquer responsabilidade sobre o massacre de crianças pretensamente realizado por Ovadia. Nenhuma investigação civil será realizada sobre o caso.

“Um milhão de árabes não valem a unha de um judeu”

Esse caso de Ovadia não é uma exceção. O sionismo é uma teoria baseada no racismo e, como tal, o Estado de Israel tem uma política oficial de impingir esse racismo nas mentes de seus cidadãos. A desumanização dos palestinos é uma regra e uma política oficial do Estado. Se não, vejamos:

Há 20 anos, o soldado  Baruch Goldstein, um membro do movimento de extrema-direita israelense Kach, atacou muçulmanos desarmados que estavam rezando na Mesquita Ibrahim,  o que resultou na morte de 50 pessoas e em mais de 100 feridos. Goldstein acabou morto e, em seu enterro, o Rabino Yaacov Perrin afirmou que “Um milhão de árabes não valem a unha de um judeu” ².

Ah, mas isso é muito mais antigo. O sionista Yosef Weitz defendia que grandes regiões da Palestina deveriam ser “limpas militarmente” para dar lugar a assentamentos judaicos. Em 22 de junho de 1941, escreveu em seu diário: “Não temos outra alternativa, não vamos viver aqui com os árabes” ³.

O próprio Ben Gurion, fundador do Estado de Israel, escreve em seu diário em 1 de janeiro de 1948:

“Agora há uma necessidade de uma reação forte e brutal. Nós precisamos ser precisos quanto ao tempo, lugar e aqueles que atingimos. Se nós acusamos uma família – precisamos feri-los sem piedade, inclusive mulheres e crianças. Caso contrário, não será uma reação eficaz… Não há nenhuma necessidade de distinguir entre culpados e não culpados” 4.

 Já Moshe Dayan – ex-ministro de Ben Gurion. Defensor do expansionismo, comandou as forças armadas que planejou e liderou a invasão israelense do Egito em 1956 e novamente em 1967, a invasão do Egito, Jordânia, Cisjordânia e Síria – se dirige aos povos palestinos assim:

“Não temos uma solução. Vocês palestinos devem continuar a viver como cães e os que não aceitam, devem partir” 5.

Há centenas de citações do tipo.

“As mães de todos os palestinos precisam ser assassinadas”

Não são a toa as recentes manifestações de grupos de extrema-direita e de vários membros do governo de Israel. As declarações da deputada Ayelet Shaked, do partido Casa Judaica (que faz parte da coalizão que governa Israel) exemplificam bem o sentimento. Ela defendeu que as mães de todos os palestinos fossem assassinadas, para que não gerassem mais “pequenas cobras” e justificou:

“Elas precisam morrer e suas casas precisam ser demolidas para que não possam abrigar mais nenhum terrorista”. “Todos eles são nossos inimigos e seu sangue precisa estar em nossas mãos. Isso também se aplica às mães dos terroristas mortos.” 5.

Também não é à toa que um ex-membro da inteligência militar de Israel defenda estuprar as mulheres palestinas.

“Não em nosso nome”

O sionismo não tem relação com o povo judeu ou com a religião judaica. O sionismo é uma ideologia racista e ultranacionalista que se adaptou às ideias fascistas e nazistas.

Há muito tempo os judeus do mundo (como Einstein e Hanna Arendt) já perceberam isso e essa percepção cresce a cada dia, inclusive entre ex-sionistas. Mesmo dentro da Israel e contra toda a máquina de propaganda estatal, os jovens se negam a participar do massacre do povo palestino e denunciam o genocídio promovido pelo Estado de Israel.

É preciso derrotar o racismo do apartheid israelense. É preciso construir um só Estado livre, laico, democrático e soberano!


Referências:
  1. החייל שתמונתו הופצה ברשת מודה: שיקרתי
  2. WEST BANK MASSACRE; Israel Orders Tough Measures Against Militant Settlers
  3. apud MASALHA, Nur-eldeen.  Expulsion of the Palestinians: The Concept of “Transfer” in Zionist Political Thought, 1882-1948. 1992. p. 135.
  4. apud MEARSHEIMER, John; WALT, Stephen. The Israel Lobby and U.S. Foreign Policy. 2007. p. 99.
  5. apud BEILIN, Yosi. The Price of Unity: The Labour Party until the Yom Kipur War. 1985. p. 42-43.
  6. Mothers of all Palestinians must be killed: Israeli MP

 

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2 pensamentos sobre ““Eu matei 13 crianças hoje e você é a próxima”

  1. Eles fantasiam e pensam que são deuses, pobres diabos. Deve ser difícil para eles saberem que são mortais, morrem e apodrecem igual a qualquer um.

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  2. Pô!Fiquei extremamente chocado com a declaração de todos mas a de Ben Gurion(fundador do estado de Israel) é muito triste pois ele disse isso em 1 de janeiro de 1948.Ou seja: 3 ANOS após do término da segunda grande guerra,onde Hitler e seus soldados nazistas,TORTURARAM,ROUBARAM,HUMILHARAM,MENOSPREZARAM,ZOMBARAM E MATARAM MAIS DE 7 MILHÕES de JUDEUS,entre homens,mulheres,crianças,deficientes.Três anos atrás os soldados aliados estavam libertando os judeus,inclusive,tropas americanas FORÇARAM a população de Berlim a ir até campos de concentração e ver milhares de cadáveres,pessoas magérrimas fedidas,cheias de ácaros,piolhos,com doenças crônicas e o pior:MARCADOS feitos gados com números e a estrela de Davi.Isso (infelizmente)dá margem pra queles que odeiam judeus(sem motivos aparentes)dizer:”Viu!’Não tô falando….esse povo não presta…Hitler tinha que ter matado todos.Eu discordo.Em todos os lugares existe o joio e o trigo.Prefiro acreditar que o Estado de Israel que teve “mão” de brasileiro é mais TRIGO do que joio.

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