Coach vende neurobobagens educacionais

Neurobobagens: 10 mentiras “científicas” vendidas pelos coaches

Como o mercado da autoajuda pedagógica distorce neurociência e física para vender soluções mágicas na educação

Maurício Moura

Nossa educação está doente. Investimento ruim, desvalorização dos professores, plataformização e testes padronizados são fruto de uma política perniciosa de desmonte da educação pública. São emblemáticos os casos de São Paulo e Paraná, que estabeleceram uma política de censura e perseguição a professores que “insistem” em dar aula1. Esse contexto é ágar sangue2 para a proliferação de um exército de coaches autoproclamados “especialistas em aprendizagem acelerada”: oportunistas que transformam o caos institucional em mercado fértil para soluções mágicas e charlatanismo. Tais agentes operam como parasitas do sistema educacional, oferecendo curas milagrosas revestidas de jargões científicos que não compreendem. Seu modus operandi é simples: convertem conceitos como neuroplasticidade, física quântica e mindset em mercadorias de um bazar pseudocientífico, prometendo atalhos cognitivos inexistentes para problemas reais que eles mesmos ajudam a perpetuar.

A sedução desses discursos reside na apropriação perversa da linguagem científica: usam a aura da ciência para vender anticiência, explorando a vulnerabilidade de estudantes, pais e educadores em um sistema deliberadamente desassistido.

Este artigo expõe dez dessas alegações pseudocientíficas recorrentes, demonstrando como se alimentam das vulnerabilidades de estudantes, pais e educadores. Ao desmontar essas “neurobobagens”, revelamos não apenas sua inconsistência científica, mas também seu duplo dano: além de fraudar expectativas, desviam energia e recursos de soluções educacionais genuinamente baseadas em evidências.

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Vinte anos sem Carl Sagan

Há vinte anos atrás o mundo perdeu um grande ser humano. Carl Sagan foi um astrônomo estadunidense, cosmólogo, astrofísico, astrobiólogo, popularizador da ciência, cético científico, professor, autor ganhador do Prêmio Pulizter, celebridade televisiva ganhadora do Prêmio Peabody e um humanitário visionário, dedicado a melhorar a alfabetização científica em todo o mundo. Ele recebeu a Medalha de Distinção em Serviço Público da NASA, ajudando a planejar as primeiras mensagens da Terra enviadas ao Espaço e defendendo o Projeto SETI (Busca por Inteligência Extraterrestre). Sua série na televisão pública nos anos 80, Cosmos, atingiu centenas de milhões de pessoas em todo o mundo. Ele foi um verdadeiro defensor da ciência, do ceticismo científico e do pensamento crítico. Carl Sagan morreu de pneumonia com 62 anos, em 20 de dezembro de 1996, depois de ter sofrido com um câncer e passar por vários transplantes de medula óssea.

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Carl Sagan: crianças já nascem cientistas

Carl Sagan criança

“Toda criança começa
como um cientista nato.

Nós é que tiramos isso delas.

Só umas poucas
passam pelo sistema
com sua admiração
e entusiasmo pela ciência intactos.”

Carl Sagan

Fonte: Entrevista para a revista Psychology Today (1º de janeiro de 1996)
Tradução: Maurício Moura

Sagan: a ciência e a democracia

“A ciência é muito mais do que um corpo de conhecimento.
É uma forma de pensar.
Isso é central para o seu sucesso.

A ciência nos convida a ficar com os fatos, mesmo quando eles não estão em conformidade com nossos conceitos.

Carl SaganEla nos aconselha a levantar hipóteses alternativas em nossas cabeças e ver qual delas melhor corresponde aos fatos.

Ela nos exorta a um balanço entre uma abertura sem barreias a novas ideias, mesmo heréticas, e a investigação cética mais rigorosa de tudo – novas ideias e sabedoria estabelecida.

Nós precisamos de uma ampla valorização desse tipo de pensamento.
Ele funciona.
É uma ferramenta essencial para a democracia em uma era de mudanças.

Nossa tarefa é não apenas trainar mais cientistas mas também aprofundar uma compreensão pública da ciência.”

Carl Sagan

SAGAN, Carl. Why We Need To Understand Science in The Skeptical Inquirer. Volume 14, 3ª edição (Primavera de 1990).
Tradução: Maurício Moura

Carl Sagan e as crianças

“De vez em quando,
tenho a sorte de lecionar
num jardim-de-infância ou numa classe
do primeiro ano primário.

Muitas dessas crianças
são cientistas natos – embora
tenham mais desenvolvido
o lado da admiração
que o do ceticismo.

São curiosas,
intelectualmente vigorosas.
Perguntas provocadoras e perspicazes saem delas aos borbotões.
Demonstram enorme entusiasmo.
Sempre recebo uma série de perguntas encadeadas.
Elas nunca ouviram falar da noção de ‘perguntas imbecis’.”

Carl Sagan

Sagan, Carl. O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro(The Demon-Haunted World). 1997. Capítulo 19.

Cosmos: uma nova odisseia no espaço-tempo

CosmosDurante a década de 1980, o astrofísico Carl Sagan revolucionou a divulgação científica com a série de TV Cosmos: uma viagem pessoal. A série foi um divisor de águas para mim e para grande parte da minha geração, despertando uma curiosidade científica que definiu o que sou hoje.

A série original era escrita pelo próprio Sagan, sua esposa Ann Druyan e Steven Soter e foi vista por 750 milhões de pessoas em 175 países. Ganhou três Prémios Emmy e um Peabody.

Quando Sagan morreu, em 1996, Ann procurou criar uma nova série, seguindo o apelo original de conquistar o maior público possível para conhecer a ciência. Para isso, procurou o “mais popular astrofísico do Universo”, Neil Degrasse Tyson.

Depois de mais de uma década tentando obter dinheiro para produzir a série, Ann, Steven e Neil conseguiram convencer o produtor Seth MacFarlane (criador de Family Guy) a abraçar o projeto, mas só em 2011 ele começou a ser produzido de fato.

Assista o primeiro episódio, Standing Up in the Milky Way, que foi ao ar ontem pela FOX dos EUA e pelo National Geographic Channel. Não esqueça de ligar as legendas.

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Livros são sensacionais.

Livros são sensacionais

Mais uma adaptação do Zen Pencils, desta vez uma frase do cosmólogo Carl Sagan. O texto tem origem em Cosmos (veja a série completa), série de TV que tornou Sagan um dos mais famosos divulgadores científicos do mundo.

Sagan foi um grande defensor do materialismo, do método científico e do pensamento crítico. Ele entendia que, para olhar o mundo criticamente, era necessário estudá-lo, compreendê-lo, conhecê-lo. Por isso sua defesa dos livros.

Pode-se dizer que os livros são a base fundamental do conhecimento. São o registro das coisas que a humanidade tem aprendido durante milênios. E não são apenas os livros técnicos ou científicos, mas também a ficção, que nos faz treinar nossa imaginação, exercitar nosso cérebro.

É por isso que todas as ditaduras, dos militares brasileiros ao nazismo, proibiram títulos, prenderam autores e leitores e destruíram livros. É por isso que todos os regimes teocráticos, da Inquisição católica aos Talebãs, fizeram o mesmo.

O conhecimento liberta. Um cérebro afiado e baseado no mundo real é um perigo para regimes ditatoriais e para todo tipo de obscurantismo.

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Carl Sagan e sua totalmente armada nave espacial da imaginação

Carl Sagan foi um dos mais famosos divulgadores científicos da história. Cientista,  astrobiólogo, astrônomo, astrofísico, cosmólogo, Sagan escreveu mais de 600 publicações científicas, além de 20 livros científicos e de ficção. Carl Sagan foi um grande defensor do método científico, do pensamento cético, do materialismo, não só na Academia, mas no dia a dia, em cada decisão que tomamos.

Em 2011, o blog Ninjerktsu publicou este story board do que seria um filme onde Sagan, pilotando a Imaginação, caça a Astrologia (pilotada pelos signos), que reage com várias pseudociências (homeopatia e moto-perpétuo). Para derrotar as pseudociências, Sagan utiliza simplesmente o Método Científico!

Um trabalho genial do Ninjerktsu  (que diz ser artista de story boards na Dreamworks) que disponibilizo na esperança de que seja utilizado para ensinar as crianças sobre a ciência e o pensamento crítico.

Veja também outros conteúdos sobre Carl Sagan e mais sobre Pseudociências.

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A arte refinada de detectar mentiras

Este é mais um texto clássico de The Demon-Haunted World (O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro), de Carl Sagan.

Desta vez, Sagan analisa uma série de “dicas” para detectarmos que uma afirmação é uma mentira (ou pelo menos que tem grandes chances disso). Explica rapidamente algumas falácias (grandes indícios da má fé do interlocutor).

É um texto importante para qualquer pessoa que deseje realizar debates com seriedade em busca do conhecimento verdadeiro.

Veja outros textos de Carl Sagan.

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Carl Sagan nos apresenta seu dragão de estimação

O texto a seguir é um clássico. Foi extraído do livo The Demon-Haunted World (O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro), de Carl Sagan.

Este texto é bastante usado para tentar explicar o que os defensores do materialismo entendem como “refutabilidade” (ou falseabilidade), ou seja, a capacidade de prover uma experiência física que comprove que uma afirmação é falsa (ou não).

Com este texto, como com toda a sua vida e obra, Sagan explica e defende o materialismo e o ceticismo como métodos para buscar os fatos e analisar o mundo.

Veja outros textos de Carl Sagan.

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