Teorias da conspiração: por que as pessoas continuam acreditando em histórias estúpidas?

Comunicação com extraterrestres encobertas pelos governos, Iluminattis, revolução gramsciana, Nova Ordem Mundial, 11 de setembro, Atlântida… Há dezenas de exemplos de teorias da conspiração propagadas tanto pelo senso comum quanto por uma autoproclamada “elite intelectual”, como blogueiros da Veja e lideranças conservadoras e reacionárias, como a TFP, o Pe. Paulo Ricardo e Olavo de Carvalho.

O ex-astrólogo e pseudofilósofo Olavo de Carvalho é um grande exemplo desse fenômeno. Tido como “erudito” pelos conservadores brasileiros (apesar de morar nos EUA), esse senhor defende que está em curso um projeto de dominação do mundo (a Nova Ordem Mundial) que se divide em três “frentes”: a islâmica, a metacapitalista e a russo-chinesa. Disso, ele conclui que o ex-presidente Bill Clinton era um agente comunista que trabalhava sob ordens do governo da China. Afirma também que Barack Obama é a personificação desse projeto, transitando nas três frentes. Obama teria falsificado sua certidão de nascimento do Quênia e, na verdade, seria islâmico e agente comunista, sob ordens das grandes corporações comandadas pelo especulador George Soros. Para ele, o grande alvo desse mega projeto é a destruição do “modo de vida ocidental” e do cristianismo.

Isso só pra citar uma de suas “verdades”.

Provas? Ora, como pseudocientista, ele afirma que esses Iluminatti são oniscientes, onipresentes e onipotentes e tem a capacidade de sumir com todas as provas.

O que assusta mais é que várias ditas “personalidades” seguem esse fanatismo conspiratório, como o blogueiro reacionário Reinaldo Azevedo, o músico Lobão, o padre Paulo Ricardo… A lista é extensa.

Um artigo produzido por dois psicólogos da Universidade de Kent e publicado na revista Social Psychological and Personality Science tenta analisar esse fenômeno. Como pessoas que aparentam bom senso podem se entregar a teorias sem nenhuma evidência, sem nenhum contato com a realidade. No texto a seguir, o psicólogo e historiador da ciência  analisa esse estudo.

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Diderot: razão e fé

Diderot

“Se a razão é uma dádiva do céu,
e se o mesmo
se pode dizer quanto à fé,
o céu nos deu dois presentes
incompatíveis e contraditórios.”

Denis Diderot

“Pensées Philosophiques” in: Œuvres de Denis Diderot, Volume 1 – Página 245, item V, Denis Diderot, Jacques André Naigeon – J.L.J. Brière, 1821
Imagem: Magixl
Um pai mostra o Espaço à filha. Bem vindo à Ciência!

Bem vindo à ciência!

Phil Plait é um astrônomo estadunidense. Cético, foi presidente da James Randi Educational Foundation. Escreve livros e blogs de divulgação científica e é figura frequente em documentários científicos.

Nos anos 90, Phil foi responsável pelo site Badastronomy.com com o intuito de clarificar equívocos do público sobre astronomia, principalmente os erros popularizados pelo cinema, imprensa e Internet. O site também foi um marco no combate à pseudociência. Em 2005 o site virou um blog, ainda mantido por Phil.

Em abril de 2005, Phil foi convidado a falar para um grupo de estudantes que estavam participando de uma feira de ciências. Ele não sabia o que iria dizer até a noite anterior, quando viu uma reportagem no noticiário que com uma teoria estapafúrdia pseudocientífica qualquer. Ele ficou tão furioso que escreveu o discurso prontamente.

Phil é um grande apoiador do Zen Pencils, um site dedicado a adaptar para os quadrinhos citações de pessoas famosas. Esta é a forma como o Zen Pencils agradeceu esse apoio.

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Bertrand Russell e a lógica da fé


“Afirma-se
– não sei com quanta veracidade –
que um certo pensador hindu
acreditava que a Terra
estava apoiada em um elefante.
Quando lhe perguntaram
no que o elefante de sustentava,
respondeu que se sustentava
numa tartaruga.
Quando lhe perguntaram
sobre o que a tartaruga
se sustentava, ele disse
‘Estou cansado disso. Vamos mudar de assunto’.
Isso ilustra o caráter insatisfatório
do argumento da Causa Primeira.”

Bertrand Russell

Fonte: “Is There a God?”. In “The Collected Papers of Bertrand Russell”, Volume 11: Last Philosophical Testament, 1943-68, ed. John G. Slater e Peter Köllner (London: Routledge, 1997), p. 544
Aliens ancestrais

O design inteligente e os aliens ancestrais: mais do mesmo deus das lacunas

Os deuses eram astronautas? O mundo foi criado por um deus onipotente e esquizofrênico (é um só, mas tem múltiplas personalidades)? O universo foi criado pelo Monstro de Espaguete Voador começando por uma montanha, árvores e um anão?

Todas as teorias contemporâneas de intervenção divina começam a partir do mesmo ponto: as lacunas. Todas essas teorias partem daquilo que a ciência ainda não conhece para conceber teorias fantásticas sem qualquer evidência. É o que se chama de argumentum ad ignorantiam (argumento da ignorância). Para eles, se a ciência não pode provar uma coisa, então sua teoria fantástica e mágica “com certeza” está certa.

No texto a seguir, Michael Shermer analisa essa estreita correlação entre os deuses aliens e os aliens deuses. Shermer é psicólogo e historiador da ciência, fundador da revista Skeptic (cético) e colunista da revista Scientific American.

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Stephen Hawkins sobre Deus

“O que eu fiz foi demonstrar que é possível determinar pelas leis da Ciência
o modo como o Universo começou.
Neste caso, não é necessário apelar a Deus para explicar como começou o Universo.
Se isto não prova que Deus não existe,
pelo menos prova que
Deus não é necessário para nada”

Stephen Hawkins

O pensamento científico dá frutos

Sobre porquê a ciência é a única forma de conhecimento que vale a pena

“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.”
Thomas Henry Huxley

A Ciência faz crescer a árvore do conhecimento em nossas mentesO pensamento científico é algo relativamente novo na história da humanidade. Suas bases começaram a ser desenhadas na Grécia antiga, quando os pensadores pré-socráticos começaram a substituir a crença nos mitos por explicações céticas para os fenômenos do mundo, mas o método científico só se torna realidade no século XVI.

Antes do surgimento do método científico, o conhecimento acumulado pelo ser humano era altamente empírico ou era simplesmente baseado em dogmas e tradições. A ciência permitiu ao homem produzir o conhecimento de forma mais coletiva e controlada, com menos perda de tempo e mais próximo da realidade.

Apesar de qualquer tipo de conhecimento ser capaz de chegar à verdade, apenas o conhecimento científico é capaz de negar a si próprio, ou seja, de perceber por seus próprios métodos que está errado, que não é a verdade.

O texto a seguir, é parte do livro Fundamentos da Metodologia Científica e identifica os quatro tipos de conhecimento e suas diferenças. Isso permitirá compreender melhor as diferenças entre o conhecimento vulgar, dogmático ou religioso do conhecimento científico.

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Einstein livre pensador e cientista - surreal

Einstein: tornando-me um livre pensador e um cientista

O texto a seguir foi extraído do livro Autobiographical Notes (ISBN 0812691792), produzido a partir de escritos de Einstein e traduzidos para o inglês por Paul Arthur Schilpp.

Estas notas foram a única tentativa de Einstein de fazer um rascunho de sua própria história e de suas percepções na juventude e do que o levou à ciência. É o testemunho de um homem que nunca se dobrou e se manteve crítico por toda a sua vida.

Neste trecho, o físico alemão discorre sobre sua descoberta do pensamento materialista, crítico e científico: o livre pensamento.

Há uma edição em português, da Nova Fronteira (ISBN  852091344x). Vale a pena.

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A arte refinada de detectar mentiras

Este é mais um texto clássico de The Demon-Haunted World (O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro), de Carl Sagan.

Desta vez, Sagan analisa uma série de “dicas” para detectarmos que uma afirmação é uma mentira (ou pelo menos que tem grandes chances disso). Explica rapidamente algumas falácias (grandes indícios da má fé do interlocutor).

É um texto importante para qualquer pessoa que deseje realizar debates com seriedade em busca do conhecimento verdadeiro.

Veja outros textos de Carl Sagan.

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O que é o Livre Pensamento?

Uma introdução à Federação Nacional do Livre Pensamento (França)

Mergulha suas raízes na Grécia Antiga (Platão), por meio da Idade Média (Villon), depois do Renascimento (Rabelais), triunfando com o Iluminismo do século XVIII e da revolução francesa, o Livre Pensamento tem sido o trabalho de todos aqueles que se recusaram verdades reveladas, impostas pelas autoridades e que uma vez se atreveram a levantar-se e dizer não ao obscurantismo e opressão.

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