Máfias da soberania: como a extrema direita global opera como crime organizado

Maurício Moura

A ascensão global de movimentos de extrema direita reconfigurou práticas políticas tradicionais, incorporando métodos historicamente associados ao crime organizado. Este fenômeno manifesta-se através de uma hibridização perigosa entre estruturas estatais e mecanismos ilícitos, onde lealdades pessoais suplantam compromissos institucionais (RODRIGUES, 2017). A investigação aqui proposta parte de uma premissa crítica: grupos como a aliança Trump-Bolsonaro operam segundo uma lógica que transcende o autoritarismo convencional, apropriando-se de estratégias típicas de organizações mafiosas, como extorsão sistêmica, evasão financeira transnacional e instrumentalização de crises (G1, 2024; SPITZECK, 2019).

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Coach vende neurobobagens educacionais

Neurobobagens: 10 mentiras “científicas” vendidas pelos coaches

Como o mercado da autoajuda pedagógica distorce neurociência e física para vender soluções mágicas na educação

Maurício Moura

Nossa educação está doente. Investimento ruim, desvalorização dos professores, plataformização e testes padronizados são fruto de uma política perniciosa de desmonte da educação pública. São emblemáticos os casos de São Paulo e Paraná, que estabeleceram uma política de censura e perseguição a professores que “insistem” em dar aula1. Esse contexto é ágar sangue2 para a proliferação de um exército de coaches autoproclamados “especialistas em aprendizagem acelerada”: oportunistas que transformam o caos institucional em mercado fértil para soluções mágicas e charlatanismo. Tais agentes operam como parasitas do sistema educacional, oferecendo curas milagrosas revestidas de jargões científicos que não compreendem. Seu modus operandi é simples: convertem conceitos como neuroplasticidade, física quântica e mindset em mercadorias de um bazar pseudocientífico, prometendo atalhos cognitivos inexistentes para problemas reais que eles mesmos ajudam a perpetuar.

A sedução desses discursos reside na apropriação perversa da linguagem científica: usam a aura da ciência para vender anticiência, explorando a vulnerabilidade de estudantes, pais e educadores em um sistema deliberadamente desassistido.

Este artigo expõe dez dessas alegações pseudocientíficas recorrentes, demonstrando como se alimentam das vulnerabilidades de estudantes, pais e educadores. Ao desmontar essas “neurobobagens”, revelamos não apenas sua inconsistência científica, mas também seu duplo dano: além de fraudar expectativas, desviam energia e recursos de soluções educacionais genuinamente baseadas em evidências.

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Plataformização da educação e robotização do estudante EdTech

A precarização do saber e o ensino como commodity

Maurício Moura

O ano de 2025 aprofunda uma crise silenciosa: a conversão da educação em mercadoria digital. Trata-se de uma transformação estrutural que substitui o projeto pedagógico pelo algoritmo, a formação crítica por pacotes de habilidades e o espaço público de aprendizagem por plataformas controladas por conglomerados internacionais.

Este artigo busca analisar essa relação e propor soluções para a qualidade da educação no Brasil.

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O surrealismo canalha da direita brasileira

A direita brasileira é surreal. Quase não dá pra saber se é mal-caratismo ou pura estupidez, mesmo.

Exemplos não faltam: é polícia dizendo que Bakunin era um “potencial suspeito” de organizar ações violentas no Rio de Janeiro em 2014. São promotores que não sabem a diferença entre Engels e Hegel. É uma vereadora do Rio de Janeiro que acha que a Venezuela é governada pelo Seu Madruga. São vários vereadores de várias cidades propondo projetos de lei para “proibir o Apocalipse”. Ou a socialite que vê uma bandeira do Japão e acha que é uma invasão comunista. Tem o deputado que acha que Bertold Brecht é personagem da Escolinha do Professor Raimundo e ainda tem o candidato a presidência que diz que ornitorrinco é da Amazônia…

Bom… Dois juízes sendo homenageados em uma casa de prostituição…

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Eleições russas: resumo e uma análise pós eleitoral

Nuno Gomes Ferreira*

No dia 22 de Setembro de 1904, decorreu o Congresso Internacional do Livre Pensamento em Roma, tendo Portugal sido representado um “pensador” de origem brasileira.

Hoje, 22 de Setembro de 2016, inicia-se uma nova cooperação luso-brasileira, neste espaço desejando-se que seja útil e profícuo para todos.

Pouco noticiadas e divulgadas, ocorreram no passado dia 18 de Setembro, as eleições para a Duma (Câmara Baixa) na Rússia.

O primeiro facto a ressalvar, é que a lei eleitoral mudou, podendo partidos com apenas 5% dos votos integrar a Duma (anteriormente era 7%).

O sistema eleitoral russo também sofreu alterações.

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