Maurício Moura
A mesma tecnologia que promete salvar o planeta consome recursos em escala continental. Enquanto o Brasil consumia 508 TWh (Terawatt-hora) de eletricidade em 2022, os data centers globais demandavam 460 TWh, com projeções de ultrapassar 1.000 TWh em 2026, equivalente ao consumo anual do Japão 1. Esta contradição define nossa era: a Inteligência Artificial (IA) celebrada por seu potencial climático é também fonte de demanda energética explosiva e impactos ambientais ocultos.
O debate entre tecnófilos e tecnófobos é enganoso. A IA não é ferramenta neutra, mas campo de batalha técnico e político 2. Seu impacto final será determinado pelo modelo de sociedade e interesses econômicos que comandarem sua implantação. Enquanto a indústria de Tecnologias da Informação e Comunicação responde por 1,8% a 2,8% das emissões globais 1, a narrativa hegemônica a vende como salvadora verde. A disputa real opõe uma IA para transição ecológica popular e outra para acumulação verde de lucros.
Continuar lendo