O pensamento científico dá frutos

Sobre porquê a ciência é a única forma de conhecimento que vale a pena

“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.”
Thomas Henry Huxley

A Ciência faz crescer a árvore do conhecimento em nossas mentesO pensamento científico é algo relativamente novo na história da humanidade. Suas bases começaram a ser desenhadas na Grécia antiga, quando os pensadores pré-socráticos começaram a substituir a crença nos mitos por explicações céticas para os fenômenos do mundo, mas o método científico só se torna realidade no século XVI.

Antes do surgimento do método científico, o conhecimento acumulado pelo ser humano era altamente empírico ou era simplesmente baseado em dogmas e tradições. A ciência permitiu ao homem produzir o conhecimento de forma mais coletiva e controlada, com menos perda de tempo e mais próximo da realidade.

Apesar de qualquer tipo de conhecimento ser capaz de chegar à verdade, apenas o conhecimento científico é capaz de negar a si próprio, ou seja, de perceber por seus próprios métodos que está errado, que não é a verdade.

O texto a seguir, é parte do livro Fundamentos da Metodologia Científica e identifica os quatro tipos de conhecimento e suas diferenças. Isso permitirá compreender melhor as diferenças entre o conhecimento vulgar, dogmático ou religioso do conhecimento científico.

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Helen Keller: da prisão do silêncio à emancipação proletária

Helen KellerHelen Keller foi uma famosa ativista social dos EUA. Cega e surda por causa de uma doença durante a infância, aos oito anos, foi para o Instituto Perkins para Cegos, onde  aprendeu a se comunicar sentindo, com o tato, a linguagem de sinais feita pelo interlocutor. Foi onde conheceu Anne Sullivan, sua professora, que se tornou sua companhia até sua morte (em 1936). Mais tarde, aprendeu a ler lábios e sentir as vibrações das cordas vocais com o tato, o que a possibilitou aprender a falar.

Keller provou que as limitações sensoriais não são impeditivos para o Livre Pensamento. Graduou-se em filosofia com 24 anos. Durante a faculdade, escreveu sua autobiografia (The Story of My Life), livro que se tornou um dos mais famosos da literatura estadunidense. Era proficiente, além do inglês, em francês, alemão e latim.

Os meios de comunicação tentaram pintá-la apenas como uma defensora dos deficientes físicos, mas Keller foi uma militante das liberdades democráticas, sufragista e pacifista. Membro do SPA (Parido Socialista da América), participou de várias greves operárias e discursou várias vezes para os trabalhadores. Em 1912 se filiou à  Industrial Workers of the World (IWW ou “os Wobblies“) e passou a defender um sindicalismo revolucionário. Internacionalista, visitou 39 países em defesa dos deficientes físicos. Após a Segunda Guerra Mundial, foi ao Japão e a Europa para defender os veteranos feridos.

Neste artigo, Keller responde aos jornais da grande mídia, que por muito tempo a utilizaram para histórias sensacionalistas, mas que não puderam conter seu ódio quando Keller passou a defender as ideias socialistas, o voto para as mulheres e o fim das guerras.

Helen Keller foi uma verdadeira Livre Pensadora. Levantou-se contra as tradições e dogmas, contra a opressão de qualquer tipo, contra as guerras e em defesa do pensamento materialista. Tal como Einstein, identificou suas ideias com as ideias socialistas.

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Um diploma em artes obscuras

Obscurantismo com diploma

O objetivo deste site é a propagação do pensamento materialista, ou seja, fazer com que as pessoas passem a usar a realidade como parâmetro para analisar o mundo, ao invés de dogmas e tradições. Nesse sentido, propagandeamos a ciência e o pensamento científico.

Um dos grandes inimigos do pensamento científico são os dogmas e religiões que se travestem de ciência, ou seja, aquelas disciplinas que se afirmam científicas, mas que não se utilizam do método científico, carecem de provas ou plauseabilidade, não se baseiam em estudos ou pesquisas etc.

O artigo a seguir foi apresentado na Primeira Conferência Iberoamericana sobre Pensamento Crítico da revista Pensar, na Argentina, em setembro de 2005. Apesar do tempo, o texto continua extremamente atual.

Professor ParanormalDe lá pra cá a situação piorou bastante, ao ponto de criarem uma faculdade com o único objetivo de dar uma “cara” científica para a pseudociência religiosa da Ontopsicologia (Faculdade Antonio Meneghetti).

As faculdades e universidades particulares se tornaram fábricas de dinheiro e, para alcançar o lucro a qualquer custo, abrem cursos os mais bizarros.

As Faculdades Integradas Espírita, em Curitiba, oferecem um Curso Superior de Formação Específica em Yoga que “visa conceber um profissional que utilize métodos da Filosofia Hindu, privilegiando a difusão de técnicas de prevenção à doença, numa ação mediadora dos estados patológicos para a busca do equilíbrio bio-psico-social e espiritual do indivíduo, seguindo os pressupostos dos textos do Yoga Clássico” e o Curso Superior de Formação Específica em Naturoterapia, contendo em seu currículo: auriculoterapia e massoterapia, acupuntura e fitoterapia, iridologia, florais, hidroterapia, geoterapia, trofoterapia, cromoterapia, Zen Shiatsu, Tui-Ná e Reflexolologia Podal.

O obscurantismo atingiu a Universidade e ganhou seu diploma. Agora, como um vírus, arrasta gerações de jovens de volta à Idade Média.

Leia outros textos sobre pseudociências.

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Guia de Falácias Lógicas de Stephen Downes

Stephen Downes é designer e pesquisador de novas tecnologias para o aprendizado. É pesquisador sênior do Institute for Information Technology’s e-Learning Research Group do National Research Council do Canadá, além de detentor de vários prêmios.

Em 1995, Downes escreveu o Stephen Downes Guide to the Logical Fallacies, conhecido como Guia de Falácias do Stephen, que se tornou uma importante referência sobre o tema na Internet.

O Guia é uma valiosa fonte de informação tanto para não cometermos erros quanto para não sermos enganados.

Toda vez que formulamos ou expomos uma ideia corremos o risco de cometer erros lógicos que colocam em risco nossas próprias conclusões. Da mesma forma, corremos o risco de aceitar como verdadeiras conclusões que nos são apresentadas mas que também incorreram nesses erros (intencionalmente ou não).

Citando Downes: “a ideia da lógica é a preservação verdade. O que isso significa é que, se você começar com crenças verdadeiras, seu raciocínio não vai levá-lo a conclusões falsas”.

Apresento hoje uma tradução novinha em folha do Guia, feita com autorização do próprio Downes.

[[ Ir para o Guia de Falácias Lógicas de Stephen Downes ]]

Saiba mais:

Carl Sagan: a meritocracia e a imbecilização das crianças

Não me lembro quando o li pela primeira vez, já tinha mais de 30, mas há um livro que provavelmente foi um dos principais responsáveis por despertar em mim a compreensão de que era necessário propagandear o método científico, o materialismo.

Esse livro foi The Demon-Haunted World (O Mundo Assombrado pelos Demônios – A Ciência vista como uma vela no escuro), de Carl Sagan.

Já era fã incondicional de Sagan por conta da série Cosmos, que assistia avidamente e repetidamente (assista todos os episódios aqui), mas esse livro bateu mais fundo.

No livro, Sagan apresenta o método científico de uma forma simples, para fazê-lo ser compreendido por todos. O objetivo é propagandear a ciência, é convencer as pessoas comuns a pensarem de maneira materialista, científica, racional. Quer auxiliar as pessoas a não mais serem enganadas por superstições e pseudociências, pensando criticamente e questionando as novas e as velhas ideias.

É exatamente com o mesmo objetivo que criei este blog: a militância pelo materialismo.

O texto a seguir foi extraído desse livro. Nele, Sagan demonstra como as crianças passam de cientistas natos a adultos autômatos imbecilizados. Entende qual o papel da chamada “meritocracia” nesse processo, como a necessidade de ter seu “mérito” reconhecido faz com que os jovens passem a ter medo, ter pavor de errar. Assim, passam a preferir a certeza da mediocridade à insegurança da descoberta.

Sagan faz também uma crítica velada à política liberal e neoliberal que está destruindo a educação pública, em especial a educação científica, levando os EUA e o mundo de volta à Idade das Trevas.

A ciência é para todos, inclusive para crianças

Beau Lotto é um neurocientista especializado na percepção humana. É fundador do Lotto Lab, uma espécie de mistura entre um laboratório científico e um estúdio artístico que tem como objetivo pesquisar a percepção.

Lotto defende que todas as pessoas, incluindo as crianças, devem participar da ciência e mudar suas percepções a partir de processos de descoberta.

Neste vídeo para o TED, Lotto tem ao seu lado Amy O’Toole,  uma adolescente de 12 anos que, inspirada pela ciência participativa defendida por Lotto, auxiliou uma experiência científica no Reino Unido e, aos 10 anos de idade, se tornou a pessoa mais jovem a publicar um paper científico.

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Pessoas menos inteligentes tendem a ser mais conservadoras e preconceituosas

Não é nova a idéia de que o conservadorismo e o preconceito estão ligados umbilicalmente. Vários estudos já realizados chegaram a essa conclusão. A novidade é que o posicionamento conservador e o preconceito podem estar ligados à baixa inteligência.

Um estudo feito por pesquisadores de uma universidade de Ontario, no Canadá, chegou a conclusões bastante interessantes: adultos de baixo QI ou com dificuldades cognitivas tendem a ter atitudes conservadoras e preconceituosas (racismo, homofobia, machismo etc).

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Beakman explica o método científico

O Mundo de Beakman (Beakman’s World) foi um programa que passava nos anos 1990 na TV Cultura de São Paulo. Com uma abordagem divertida e acompanhado de seu rato de laboratório Lester (Mark Ritts) e suas várias ajudantes, o Professor Beakman (Paul Zaloom) respondia cartas de telespectadores sobre vários temas da ciência, inclusive ensinando a fazer experiências em casa.

Neste episódio ele fala sobre o método científico. Vale a pena.

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Sinfonia da Ciência

O Symphony of Science (Sinfonia da Ciência) é um projeto do músico estadunidense John D. Boswell (conhecido como melodysheep) que, segundo ele mesmo, “tem como objetivo trazer o conhecimento científico e filosófico para o público, de uma nova maneira, por meio da música”.

Usando técnicas de auto-tune, Boswell refaz a mixagem de vários vídeos e programas de TV com suas composições musicais próprias.

Os vídeos apresentam palestras ou programas de renomados cientistas, como Carl Sagan, Richard Feynman, Neil deGrasse Tyson, Bill Nye, e Stephen Hawking.

O resultado é surpreendente e bastante instrutivo. Já são 17 episódios.

Publico abaixo os episódios legendados pelo Canal do 123Calvario no Youtube:

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Atenção à Teoria

Em 1922, a editora do jornal Pravda passou a editar uma revista destinada à juventude russa com o objetivo de discutir a visão materialista em questões fundamentais de filosofia, ciências sociais e ciências naturais. A revista era chamada Pod známenem marksizma (Sob a bandeira do marxismo) e foi editada de março de 1922 até junho de 1944.

A primeira edição da revista publicou uma carta enviada por Leon Trotsky em que este saúda a iniciativa de publicar uma revista teórica filosófica e socioeconômica e enfatiza a necessidade de ligar a teoria e o pensamento materialista à prática do dia a dia.

É esta carta que reproduzo a seguir.

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