Plenário da reunião internacional contra a guerra

Paris sedia encontro internacional contra a guerra

Maurício Moura

Nos dias 4 e 5 de outubro, a Cúpula de Paris (Le Dôme de Paris) tornou-se o palco de uma contranarrativa poderosa ao belicismo oficial. O Encontro Internacional contra a Guerra reuniu cerca de quatro mil pessoas, incluindo ativistas, sindicalistas e parlamentares de dezenove nacionalidades, convocados pelo apelo “Nenhum centavo, nenhuma arma, nenhuma vida humana pela guerra!” 1 2. O evento, que combinou uma conferência no sábado com um comício massivo no domingo, tinha um objetivo claro: construir uma frente unificada e internacionalista para combater o genocídio em Gaza e a guerra na Ucrânia, expondo os lucros e as estruturas de poder que as sustentam.

A presença no palco de vozes palestinas, israelenses, ucranianas e russas não foi um mero apelo sentimental à paz. Foi uma demonstração prática e calculada de que a solidariedade de classe pode e deve superar as fronteiras nacionais, criadas e exploradas pela burguesia para dividir os oprimidos 1. Enquanto os governos ocidentais ampliam orçamentos militares em nome da “segurança”, este encontro afirmou que a verdadeira segurança reside na luta coletiva contra um sistema que mercantiliza a vida humana 2.

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IX Congresso da Associação Internacional do Livre Pensamento

Participe do Congresso Internacional de Livre Pensamento – 2025

Em um mundo onde os fundamentalismos religiosos e os ataques ao Estado Laico se intensificam, a união e a voz coletiva dos que defendem a razão, a liberdade de consciência e a justiça social são mais urgentes do que nunca. É com este espírito de resistência e solidariedade internacional que a Associação Internacional do Livre Pensamento (AILP) convoca o seu IX Congresso.

Dirigimo-nos especialmente às nossas camaradas e aos nossos camaradas de todas as associações de livre pensamento, humanistas, racionalistas, materialistas, ateias e laicas da Lusofonia – de Portugal ao Brasil, de Angola a Moçambique, de Cabo Verde à Guiné-Bissau, de São Tomé e Príncipe a Timor-Leste – para juntarem-se a nós neste encontro crucial.

Os desafios que enfrentamos em nossas nações, embora diversos em seu contexto, são profundamente semelhantes em sua essência: a luta contra os privilégios das igrejas, a busca por reparação para as vítimas de seus crimes, e a defesa intransigente de um espaço público secular onde nenhuma crença possa impor sua lei. A riqueza de experiências e estratégias dos países lusófonos é uma contribuição inestimável para esta luta global.

Este congresso será um espaço privilegiado para fortalecer os laços de ajuda mútua entre livres-pensadores de todos os continentes, para denunciar os crimes das igrejas e articular ações por justiça e reparação e para debater estratégias comuns para enfrentar o poder temporal e a riqueza das instituições religiosas.

Convidamos todas as organizações irmãs a participarem ativamente deste diálogo fraterno, contribuindo com suas experiências e ajudando a moldar a Declaração Internacional que será produzida. Sua presença e sua voz são indispensáveis para que este congresso verdadeiramente represente a diversidade e a força do livre pensamento em todo o mundo.

Contamos convosco!

Abaixo, seguem a Carta-Convite oficial com todos os detalhes temáticos e organizativos, e o Programa provisório do congresso.

Juntos pela Razão, pela Laicidade e pela Emancipação Humana!

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Congressio nacional do Livre Pensamento da França

Congresso nacional do Livre Pensamento na França

Em agosto de 2025, a Federação Nacional do Livre Pensamento (FNLP) da França, integrante da Associação Internacional do Livre Pensamento (AILP), realizou seu Congresso Nacional na comuna de Le Garric, no departamento de Tarn. O local escolhido carrega profundo simbolismo: uma região de tradição mineira e operária, berço do socialista e pacifista Jean Jaurès, cujo legado intelectual ainda permeia as lutas contemporâneas. Este congresso, ocorrido entre os dias 19 e 22, serviu como plataforma para reafirmar os combates históricos do movimento: a defesa intransigente da lei de 1905 de separação entre Igrejas e Estado, ameaçada por legislações recentes, e a luta incansável contra a guerra.

A entrevista a seguir, concedida por Christian Eyschen, secretário-geral da organização, a David Combes, foi originalmente publicada no jornal Informations Ouvrières (nº 873), oferecendo um balanço detalhado dos debates e resoluções do encontro, que reacendeu o chamado ao ativismo laico, pacifista e internacionalista.

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7° Congresso Internacional da AILP

Paris, 21 a 24 de setembro de 2017

Carta-convite dos porta-vozes da Associação Internacional do Livre Pensamento

Senhoras e senhores,
Queridos amigos, queridos camaradas,

Temos o prazer de informar a você sobre o 7° Congresso da Associação Internacional do Livre Pensamento, que se realizará em Paris de 22 a 24 de setembro de 2017 em locais simbólicos: a Bourse du Travail1, a prefeitura do 10º Distrito de Paris e a Universidade de Paris. Ele será precedido por uma conferência internacional do Instituto para Pesquisa e Estudos do Livre Pensamento (IRELP) e de um ato público na praça Garibaldi.

Formulário de Registro para o Congresso em espanholfrancêsitaliano ou inglês.

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Apelo pelo respeito à laicidade

Por ocasião do 9 de dezembro de 2016, aniversário da promulgação da lei de 1905 da separação entre Igreja e Estado*

(para assinar, clique aqui)

É pouco dizer que a laicidade vai mal: maltratada, manipulada, vilipendiada, sem ousar se afirmar laica por medo de amálgamas e más interpretações. Princípio de paz, teria se tornado assunto de discórdia. Princípio de unidade para além das diferenças, a ela são atribuídos fins identitários.

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A Comuna de Paris e a I Internacional

Ao completar 145 anos, registramos aspectos desse importante movimento que guardam atualidade.

Jean-Marc Schiappa *

Durante 71 dias, Paris viveu o primeiro governo operário da história. A insurreição começou em 18 de março de 1871, quando operários e operárias parisienses, esfomeados por meses de cerco prussiano à cidade, confraternizam-se com os soldados enviados para lhes tomar os canhões, que eles tiveram que pagar do próprio bolso, em razão da incúria do governo provisório burguês.

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Presidente da Federação Nacional do Livre Pensamento da França morre em Paris


Marc Blondel, militante do livre pensamento e sindicalista histórico francês, morre aos 75 anos.

A quantidade de homenagens prestadas a Marc Blondel são um termômetro para a importância deste francês para a história da liberdade em seu país e no mundo, tanto na incansável luta pelos direitos dos trabalhadores como na luta pela liberdade de pensamento.

Blondel era advogado e um reconhecido líder sindical. Foi secretário-geral da CGT-Força Operária de 1989 a 2004, quando foi escolhido como presidente da Federação Nacional do Livre Pensamento (FNLP), sendo fundador da Associação Internacional do Livre Pensamento (IAFT), em 2012.

Em 1995 foi um dos principais líderes da série de greves que mobilizaram os franceses contra o Plano Juppé. Tal plano previa o aumento da contribuição dos trabalhadores para a aposentadoria, além de limitar o gasto com saúde (incluindo licenças, hospitais e medicamentos). Milhares de pessoas foram às ruas em seis grandes manifestações que culminaram em um ato em 12 de dezembro com dois milhões de manifestantes.

Blondel ficou famoso exatamente pela defesa que fez da seguridade social para os trabalhadores franceses durante essas greves, chegando a ser considerado “o melhor político da França”.

Fica registrada a homenagem dos livres pensadores brasileiros a este, que foi e ainda é um exemplo de luta para todos nós.

Veja também:

A Marselhesa anticlerical

Ilustração do livro “La Bible amusante”, de Léo Taxil (1882).

Em 1881, o militante anticlerical Leo Taxil escreveu uma música em defesa da laicidade e da democracia na França. A música usava a melodia de A Marselhesa e, por conta disso, ficou conhecida como A Marselhesa Anticlerical.

Seu objetivo central era propagandear a separação entre a Igreja e o Estado, ou seja, a laicidade.

Taxil na verdade era um dos pseudônimos do jornalista francês Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès, que escreveu vários livros em que criticava o clero, principalmente o católico. Por defender que a moral não era uma verdade absoluta e que a Igreja não poderia ter o monopólio dessa verdade, Taxil foi condenado e seu jornal, “La Marotte”, foi proibido.

Taxil ficou conhecido por enganar a Igreja Católica por anos com uma história de uma tal Diana Vaughan que divulgava que a maçonaria era uma seita satanista. Inventou até um ídolo que seria adorado pela maçonaria: Baphomet. Ele sustentou a fraude de 1885 até 1897, convencendo, inclusive, o papa Leão XIII.

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A questão da mulher: gênero ou classe?

No ano de 2011, a Comuna de Paris fez 140 anos. Para marcar o aniversário do primeiro governo operário da história, foi realizado o Seminário “Comuna de Paris – 140 Anos”, no dia 27 de maio.

O seminário foi realizado pela Central Única dos Trabalhadores – Paraná (CUT-PR), pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP) e pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região e ocorreu no auditório dos bancários, em Curitiba.

Entre outros debates, os participantes do evento discutiram o papel da mulher no movimento de emancipação dos trabalhadores, tomando como ponto de partida a participação delas na Comuna. O debate foi precedido de uma palestra da socióloga Misa Boito. É esta palestra que publicamos aqui hoje.

Misa é socióloga, dirigente da IV Internacional no Brasil (Corrente O Trabalho) e integra o Diretório Regional do PT-SP.

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Revolução francesa

Babeuf e a igualdade entre os homens

Gracchus Babeuf, nascido François Noël Babeuf (1760 – 1797), foi um trabalhador francês que participou da Revolução Francesa e foi assassinado pela sua defesa da igualdade entre os homens.

Em 1789, no início da Revolução Francesa, participa da redação de uma lista de reivindicações do povo, onde defende a igualdade radical entre todos os seres humanos. Adotou o nome Gracchus em homenagem a dois irmãos romanos (Tiberius e Gaius Gracchus) que militaram em defesa da reforma agrária.

Babeuf defendia que não bastava a igualdade de direitos (perante a lei), mas era necessária a igualdade nas condições de vida das pessoas. Para alcançar tal intento, defendia a abolição da propriedade privada.

“Quando o governo viola os direitos do povo, a insurreição é, para o povo e para cada porção do povo, o mais sagrado dos direitos e o mais indispensável dos deveres.”
Gracchus Babeuf

Após a queda de Robespierre e a contrarrevolução do termidor (que retornou a burguesia ao poder na França), Babeuf apoiou a criação de uma organização popular, conhecida como Conjuração dos Iguais. Os Iguais defendiam a igualdade efetiva, real, entre os homens na “comunidade dos bens e dos trabalho”, onde, todos teriam acesso aos bens produzidos por seu trabalho.

A Conjuração dos Iguais é considerada o primeiro partido socialista da história. O texto que apresento hoje é o programa desse partido. É o manifesto em que Os Iguais declaram seus princípios e seus objetivos e é a primeira declaração política de caráter socialista da história.

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