Sobre porquê a ciência é a única forma de conhecimento que vale a pena

 

“O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.”
Thomas Henry Huxley

Conhecimento CientíficoO pensamento científico é algo relativamente novo na história da humanidade. Suas bases começaram a ser desenhadas na Grécia antiga, quando os pensadores pré-socráticos começaram a substituir a crença nos mitos por explicações céticas para os fenômenos do mundo, mas o método científico só se torna realidade no século XVI.

Antes do surgimento do método científico, o conhecimento acumulado pelo ser humano era altamente empírico ou era simplesmente baseado em dogmas e tradições. A ciência permitiu ao homem produzir o conhecimento de forma mais coletiva e controlada, com menos perda de tempo e mais próximo da realidade.

Apesar de qualquer tipo de conhecimento ser capaz de chegar à verdade, apenas o conhecimento científico é capaz de negar a si próprio, ou seja, de perceber por seus próprios métodos que está errado, que não é a verdade.

O texto a seguir, é parte do livro Fundamentos da Metodologia Científica e identifica os quatro tipos de conhecimento e suas diferenças. Isso permitirá compreender melhor as diferenças entre o conhecimento vulgar, dogmático ou religioso do conhecimento científico.


Ciência e conhecimento científico

Marina de Andrade Marconi
Eva Maria Lakatos

O conhecimento científico e outros tipos de conhecimento

Ao se falar em conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existentes. Para tal, analisemos uma situação histórica, que pode servir de exemplo.

Desde a Antiguidade, até aos nossos dias, um camponês, mesmo iletrado e/ou desprovido de outros conhecimentos, sabe o momento certo da semeadura, a época da colheita,a necessidade da utilização de adubos, as providências a serem tomadas para a defesa das plantações de ervas daninhas e pragas e o tipo de solo adequado para as diferentes culturas. Tem também conhecimento de que o cultivo do mesmo tipo, todos os anos, no mesmo local, exaure o solo. Já no período feudal, o sistema de cultivo era em faixas: duas cultivadas e uma terceira “em repouso”, alternando-as de ano para ano, nunca cultivando a mesma planta, dois anos seguidos, numa única faixa. O início da Revolução Agrícola não se prende ao aparecimento, no século XVIII, de melhores arados, enxadas e outros tipos de maquinaria, mas à introdução, na segunda metade do século XVII, da cultura do nabo e do trevo, pois seu plantio evitava o desperdício de deixar a terra em pousio: seu cultivo “revitalizava” o solo, permitindo o uso constante. Hoje, a utiliza-se de sementes selecionadas, de adubos químicos, de defensivos contra as pragas e tenta-se, até, o controle biológico dos insetos daninhos.

Mesclam-se, neste exemplo, dois tipos de conhecimento: o primeiro, vulgar ou popular, geralmente típico do camponês, transmitido de geração para geração por meio da educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal; portanto, empírico e desprovido de conhecimento sobre.a composição do solo, das causas do desenvolvimento das plantas, da natureza das pragas, do ciclo reprodutivo dos insetos etc.; o segundo, científico, é transmitido por intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar “por que” e “como” os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um simples fato – uma cultura específica, de trigo, por exemplo.

Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico

o conhecimento vulgar ou popular, às vezes denominado senso comum, não se distingue do conhecimento científico nem pela veracidade nem pela natureza do objeto conhecido: o que os diferencia é a forma, o modo ou o método e os instrumentos do “conhecer”. Saber que determinada planta necessita de uma quantidade “X” de água e que, se não a receber de forma “natural”, deve ser irrigada pode ser um conhecimento verdadeiro e comprovável, mas, nem por isso, científico. Para que isso ocorra, é necessário ir mais além: conhecer a natureza dos vegetais, sua composição, seu ciclo de desenvolvimento e as particularidades que distinguem uma espécie de outra. Dessa forma, patenteiam-se dóis aspectos:

  1. A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
  2. Um mesmo objeto ou fenômeno – uma planta, um mineral, uma comunidade ou as relações entre chefes e subordinados – pode ser matéria de observação tanto para o cientista quanto para o homem comum; o que leva um ao conhecimento científico e outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.

Para Bunge (1976:20), a descontinuidade radical existente entre a Ciência e o conhecimento popular, em numerosos aspectos (principalmente no que se refere ao método), não nos deve fazer ignorar certa continuidade em outros aspectos, principalmente quando limitamos o conceito de conhecimento vulgar ao “bom-senso”. Se excluirmos o conhecimento mítico (raios e trovões como manifestações de desagrado da divindade pelos comportamentos individuais ou sociais), verificamos que tanto o “bom-senso” quanto a Ciência almejam ser racionais e objetivos: “são críticos e aspiram à coerência (racionalidade) e procuram adaptar-se aos fatos em vez de permitir-se especulações sem controle (objetividade)”. Entretanto, o ideal de racionalidade, compreendido como uma sistematização coerente de enunciados fundamentados e passíveis de verificação, é obtido muito mais por intermédio de teorias, que constituem o núcleo da Ciência, do que pelo conhecimento comum, entendido como acumulação de partes ou “peças” de informação frouxamente vinculadas. Por sua vez, o ideal de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos sentidos, submetê-los à verificação planejada e interpretada com o auxílio das teorias. Por· esse motivo é que o senso comum, ou o “bom-senso”, não pode conseguir mais do que uma objetividade limitada, assim como é limitada sua racionalidade, pois está estreitamente vinculado à percepção e à ação.

Características do Conhecimento Popular

“Se o ‘bom-senso’, apesar de sua aspiração à racionalidade e objetividade, só consegue atingir essa condição de forma muito limitada”, pode-se dizer que o conhecimento vulgar ou popular, latu sensu, é o modo comum, corrente e espontâneo de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos: “é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo” (Babini, 1957:21).

Para Ander-Egg (1978:13-4), o conhecimento popular caracteriza-se por ser predominantemente:

  • superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”, “porque o senti”, “porque o disseram”, “porque todo mundo o diz”;
  • sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;
  • subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os que adquire por vivência própria quanto os “por ouvi dizer”;
  • assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização das idéias, nem na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;
  • acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de uma forma crítica.

Os Quatro Tipos de Conhecimento

Verificamos, dessa forma, que o conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença ocorre também em relação aos conhecimentos filosófico e religioso (teológico).

Trujillo (1974-11) sistematiza as características dos quatro tipos de conhecimento:

Conhecimento Popular Conhecimento Científico
Valorativo
Reflexivo
Assistemático
Verificável
Falível
Inexaio
Real (factual)
Contingente
Sistemático
Verificável
Falível
Aproximadamente exato
Conhecimento Filosófico Conhecimento Religioso (Teológico)
Valorativo
Racional
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Valorativo
Inspiracional
Sistemático
Não verificável
Infalível
Exato
Conhecimento Popular

O conhecimento popular é valorativo por excelência, pois se fundamenta numa seleção operada com base em estados de ânimo e emoções: como o conhecimento implica uma dualidade de realidades, isto é, de um lado o sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, e este é possuído, de certa forma, pelo cognoscente, os valores do sujeito impregnam o objeto conhecido. É também reflexivo, mas, estando limitado pela familiaridade com o objeto, não pode ser reduzido a uma formulação geral. A característica
de assistemático baseia-se na “organização” particular das experiências próprias do sujeito cognoscente, e não em uma sistematização das idéias, na procura de uma formulação geral que explique os fenômenos observados, aspecto que dificulta a transmissão, de pessoa a pessoa, desse modo de conhecer. É verificável, visto que está limitado ao âmbito da vida diária e diz respeito àquilo que se pode perceber no dia-a-dia. Finalmente é falível e inexato, pois se conforma com a aparência e com o que se ouviu dizer a respeito do objeto. Em outras palavras, não permite a formulação de hipóteses sobre a existência de fenômenos situados além das percepções objetivas.

Conhecimento Filosófico

O conhecimento filosófico é valorativo, pois seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação: “as hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência, portanto, este conhecimento emerge da experiência e não da experimentação” (Trujillo, 1974: 12); por este motivo, o conhecimento filosófico é não verificável, já que os enunciados das hipóteses filosóficas, ao contrário do que ocorre no campo da ciência, não podem ser confirmados nem refutados. É racional, em virtude de  consistir num conjunto de enunciados logicamente correlacionados. Tem a característica de sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendê-Ia em sua totalidade. Por último, é infalível e exato, já que, quer na busca da realidade capaz de abranger todas as outras, quer na definição do instrumento capaz de apreender a realidade, seus postulados, assim como suas hipóteses, não são submetidos ao decisivo teste da observação (experimentação). Portanto, o conhecimento filosófico é caracterizado pelo esforço da razão pura para questionar os problemas humanos e poder discernir entre o certo e o errado, unicamente recorrendo às luzes da própria razão humana. Assim, se o conhecimento científico abrange fatos concretos, positivos, e fenômenos perceptíveis pelos sentidos, através do emprego de instrumentos, técnicas e recursos de observação, o objeto de análise da filosofia são idéias, relações conceptuais, exigências lógicas que não são redutíveis a realidades materiais e, por essa razão, não são passíveis de observação sensorial direta ou indireta (por instrumentos), como a que é exigida pela ciência experimental. O método por excelência da ciência é o experimental: ela caminha apoiada nos fatos reais e concretos, afirmando somente aquilo que é autorizado pela experimentação. Ao contrário, a filosofia emprega “o método racional, no qual prevalece o processo dedutivo, que antecede a experiência, e não exige confirmação experimental, mas somente coerência lógica” (Ruiz, 1979:110). O procedimento científico leva a circunscrever, delimitar, fragmentar e analisar o que se constitui o objeto da pesquisa, atingindo segmentos da realidade, ao passo que a filosofia encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto, procura responder às grandes indagações do espírito humano e, até, busca as leis mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.

Conhecimento Religioso

O conhecimento religioso, isto é, teológico, apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural (inspiracional) e, por esse motivo, tais verdades são consideradas infalíveis e indiscutíveis (exatas); é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas: está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado. Assim, o conhecimento religioso ou teológico parte do princípio de que as “verdades” tratadas são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em “revelações” da divindade (sobrenatural). A adesão das pessoas passa a ser um ato de fé, pois a visão sistemática do mundo é interpretada como decorrente do ato de um criador divino, cujas evidências não são postas em dúvida nem sequer verificáveis. A postura dos teólogos e cientistas diante da teoria da evolução das espécies, particularmente do Homem, demonstra as abordagens diversas: de um lado, as posições dos teólogos fundamentam-se nos ensinamentos de textos sagrados; de outro, os dentistas buscam, em suas pesquisas, fatos concretos capazes de comprovar (ou refutar) suas hipóteses. Na realidade, vai-se mais longe. Se o fundamento do conhecimento científico consiste na evidência dos fatos observados e experimentalmente controlados, e o do conhecimento filosófico e de seus enunciados, na evidência lógica, fazendo com que em ambos os modos de conhecer deve a evidência resultar da pesquisa dos fatos ou da análise dos conteúdos dos enunciados, no caso do conhecimento teológico o fiel não se detém nelas à procura de evidência, pois a toma da causa primeira, ou seja, da revelação divina.

Conhecimento Científico

Finalmente, o conhecimento científico é real (factual) porque lida com ocorrências ou fatos, isto é, com toda “forma de existência que se manifesta de algum modo” (Trujillo, 1974:14). Constitui um conhecimento contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico. É sistemático, já que se trata de um saber ordenado logicamente, formando um sistema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos. Possui a característica da verificabilidade, a tal ponto que as afirmações (hipóteses) que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência. Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser definitivo, absoluto ou final e, por este motivo, é aproximadamente exato: novas  proposições e o desenvolvimento de técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Apesar da separação “metodológica” entre os tipos de conhecimento popular, filosófico, religioso e científico, no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando, através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.

Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um
cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua
vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.

Conceito de Ciência

Diversos autores tentaram definir o que se entende por ciência. Consideramos mais precisa a definição de Trujillo Ferrari, expressa em seu livro Metodologia da ciência.

Entendemos por ciência uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar: “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação” (1974:8).

As ciências possuem:

  1. Objetivo ou finalidade. Preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.
  2. Função. Aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo.
  3. Objeto. Subdividido em:
    • material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral;
    • formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material.

Classificação e divisão da Ciência

A complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam, aliadas à necessidade do homem de estudá-los para poder entendê-los e explicá-los, levaram ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas. Estas necessitam de uma classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo: objeto ou temas, diferença de enunciados e metodologia empregada.

QuadroCiencias

Literatura recomendada

ANDER-EGG, Ezequiel. Introducción a las técnicas de investigación social: para trabajadores sociales. 7. ed. Buenos Aires: Humanitas, 1978. Parte I, Capítulo 1.

BARBOSA FILHO, Manuel. Introdução à pesquisa: métodos, técnicas. e instrumentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980. Parte I, Capítulos 1 e 2.

BUNGE, Mário. La ciencia, su método y su filosofia. Buenos Aires: Siglo Veinte, 1974a. Capítulo 1.

BUNGE, Mário. La investigaci6n cientffica: su estrategia y su filosofia. 5. ed. Barcelona: Ariel, 1976. Parte I, Capítulo 1, Parte m, Capítulo 9.

CERVO, Amado Luiz, BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia cient(fica: para uso dos estudantes universitários, 2. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. Parte I, Capítulo 1.

COHEN, Morris, NAGEL, Ernest. Introducci6n a la 16gica y ai método científico. 2. ed. Buenos Aires: Amorrortu, 1971. v. 2. Capítulo 2, Item 5.

GALUANO, A. Guilherme (Org.). O método cientffico: teoria e prática. São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1977. Capítulo 1.

GOODE, William J., HAIT, Paul K. Métodos em pesquisa social. 2. ed. São Paulo: Nacional, 1968. Capítulos 1, 2, 3 e 4. .

HEGENBERG, Leônidas. Explicações cient(ficas: introdução à filosofia da ciência. 2. ed. São Paulo: E.P.U.IEDUSP, 1973. Capítulo 2.

HIRANO, Sedi (Org.). Pesquisa social: projeto e planejamento. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979. Parte I, Capítulo 1.

KÕCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. Caxias do Sul:

UCS; Porto Alegre: EST, 1979. Capítulos 1 e 2.

MORGENBESSER, Sidney (Org.). Filosofia da ciência. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1979. Capítulo 1.

NAGEL, Ernest. La estructura de la ciencia: problemas de la lógica de la investigaci6n científica. 3. ed. Buenos Aires: Paid6s, 1978. Capítulo 1.

NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Introdução à lógica. 5. ed. São Paulo: Nobel, 1978. Parte II, Capítulo 10.

PARDINAS, Felipe. Metodologia y técnicas de investigaci6n en ciencias sociales. México: Siglo Veinteuno, 1969, Capítulo 2.

RUIZ, João Álvaro. Metodologia cientfjica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo: Atlas, 1979. Capítulos 4,5 e 6.

SOUZA, Aluísio José Maria de et al. Iniciação à 16gica e à metodologia da ciência. São Paulo: Cultrix, 1976. Capítulo 1.

TRUJILLO FERRARI, Alfonso. Metodologia da ciência. 2. ed. Rio de Janeiro: Kennedy, 1974. Capítulo 1.

Fundamentos da Metodologia Científica

Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos
5ª Edição – Editora Atlas – 2003
Capítulo 3

10 pensamentos sobre “Sobre porquê a ciência é a única forma de conhecimento que vale a pena

  1. Pingback: Métodos científicos: método indutivo | Livre Pensamento

  2. Muito bom por citar referências, mas infelizmente extremamente parcial. Seria mais honesto mostrar o outro lado também.

    Uma outra alternativa (aqui exposta superficialmente) seria: Não há certeza de uma realidade externa (realismo metafísico) e existem posturas idealistas de se fazer ciência. O idealismo epistemológico me parece uma alternativa mais honesta, não postula uma realidade separada, pois esta é apenas uma crença. A problematização do conhecimento dito científico se preocupa com a segurança que determinado sujeito tem daquilo ser verdade. O conhecimento seguro, de confiança. Ora, o conhecimento mais seguro é aquele que o próprio sujeito experimenta, sua percepção imediata. Daí hipóteses não-observáveis se tratarem apenas de ficções úteis para prever resultados experimentais e não poderem ser chamados de “realidade”, sem incorrer em algum tipo de realismo ingênuo.

    Não quero tomar partido de um lado ou de outro, mas é desonesto mostrar apenas um lado da discussão. Também cito referências: Kuhn, Feyerabend e Laudan.

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    • Gustavo, o idealismo epistemológico postula que não se pode criar conhecimento. Para ele, todo o conhecimento já está existe e precisa ser cedido por uma “entidade” superior, ou descoberto. O idealismo epistemológico é a negação do empirismo, defendido por si também (o que é absolutamente contraditório).

      Por fim, perceba que o empirismo pessoal que você defende (“percepção imediata”) não é capaz de traduzir o mundo, apenas a percepção pessoal. Segundo o empirismo pessoal, seria correto afirmar que ETs existem e sequestram pessoas, que fantasmas andam por aí, que homeopatia funciona e absurdos do tipo. O empirismo pessoal é chamado de “evidência anedótica” e não tem qualquer valor científico.

      Agora, sua tese de “não mostrar o outro lado” me leva a crer que você não leu o texto. Sugiro que leia.

      Um abraço.

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      • Olá Maurício

        Da outra vez li muito rapidamente o texto e tirei conclusões precipitadas. Agora li com mais cuidado e percebi que este não argumenta a favor de seu título! Talvez os artigos indicados façam esse argumento, mas o texto em si não o faz. Ele apenas tenta fazer uma classificação (idealizada, wishfull) de certos tipos de conhecimento, a saber, o científico, o popular, o religioso e o filosófico. Por isso não há espaço para discutir “posições” ou “cosmovisões conflitantes”. Desculpe-me por começar uma discussão descabida.

        Sobre o idealismo epistemológico, a princípio achei muito estranha a sua réplica, mas dando uma pesquisada descobri que alguns chamam o imaterialismo de Berkeley de “idealismo epistemológico”. Não foi assim que eu aprendi, os textos que li chamam o imaterialismo de Berkeley de “idealismo metafísico”. O idealismo epistemológico que eu aprendi não postula uma mente divina ou uma fonte do conhecimento, mas se detém apenas na impossibilidade (e improbabilidade) de se argumentar a favor do realismo (como em Kant, mas sem seus postulados sobre os juízos), deixa em aberto essas possibilidades (mais ou menos como em Husserl), mas não coloca esse questionamento como sendo “sem sentido”, como faz Carnap, por exemplo. Os argumentos contra o realismo são basicamente os de Berkeley, mas sem o viés religioso. Inclusive o imaterialismo é um exemplo de teoria irrefutável (não é Popper-falseável), como está dito no texto, na parte que trata da caracterização do “conhecimento filosófico”.

        Outra coisa, não sei onde você aprendeu que o imaterialismo de Berkeley se contrapõe ao empirismo, isso está longe de ser mainstream! Berkeley, o mais chapado dos idealistas, é um empirista. A crítica ao realismo (ou materialismo, na época) é exatamente baseado em argumentação empirista.

        Mudando de assunto, a discussão que eu comecei foi fora de contexto, mas se refere ao título (que é obviamente falso) e essa fala (acredito que seja do Bunge) no texto:

        “…o ideal (wishful, desejável, aquilo que se gostaria) de objetividade, isto é, a construção de imagens da realidade, verdadeiras e impessoais, não pode ser alcançado se não ultrapassar os estreitos limites da vida cotidiana, assim como da experiência particular; é necessário abandonar o ponto de vista antropocêntrico, para formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos sentidos”

        Concordo que a construção de imagens da realidade não pode ser alcançado se não ultrapassarmos os estreitos limites da vida cotidiana, o que você também observou em sua réplica, mas aí também está o SALTO desde o que é fenômeno observado para o que é “imaginação consensual”, muitas vezes chamada de “ficção útil”. Não que seja ruim, mas é arbitrário, não podemos chamar de “verdadeiro” e muito ingenuamente chamamos de “impessoal”, mas é uma forma útil e inteligível de montar uma ficção com coerência interna e que inclua os dados obtidos “rigorosamente” em experimentos controlados. O fato de ser consensual traz segurança, confiança, que é o que é desejável, mas isso pressupõe uma cultura, aquilo que é confiável dentro de uma determinada sociedade que a considera dessa forma. As teorias, em maior ou menor grau, tentam ser coerentes internamente e coerentes com os dados que obtemos a partir daquilo que pode ser observado, mas não são as únicas alternativas possíveis, como exemplo cito a mecânica quântica padrão e a mecânica de De Broglie-Bohm, duas teorias totalmente diferentes que prevem os mesmos resultados experimentais. A proposta instrumentalista é que aceitemos que há uma arbitrariedade ao se “formular hipóteses sobre a existência de objetos e fenômenos além da própria percepção de nossos sentidos” e que encaremos as teorias científicas como ficções úteis (úteis porque nos dão um “guia” de como pensar e fazer previsões).

        Claro que o “empirismo pessoal”, se for manejado de uma forma “rigorosa” e “sistemática” (que obviamente vai depender do conceito de “rigor” de quem o faz) que você mencionou tem o maior valor possível de evidência para quem o evidencia. É o cogito de Descartes, a experiência pessoal é a evidência mais segura possível para aquele que a experiencia. Não tem valor científico (como se isso fosse grande coisa), mas também não se reduz ao “absurdo”, pois o conhecimento científico é apenas ficção útil e se torna ingênuo (IMHO se torna pseudociência) ao tentar descrever de forma absoluta uma pretensa “realidade objetiva”. Dessa forma, sim, extraterrestres tem validação experimental por aqueles que os presenciaram, sendo delírio ou não. Aliás, como definir o que é um “delírio”? Existe tal coisa? (pergunta retórica)

        Sem querer me alongar demais em um comentário, mas já me alongando, e infelizmente sendo superficial, espero que dessa vez eu esteja fazendo sentido. 🙂

        Abraço

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  3. “O maior pecado contra a mente humana é acreditar em coisas sem evidências. A ciência é somente o supra-sumo do bom-senso – isto é, rigidamente precisa em sua observação e inimiga da lógica falaciosa.”
    Thomas H. Huxley
    Aonde está essa referência??

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