A Inglaterra de volta à Idade Média

Na Inglaterra, os cortes nos gastos públicos em nome da “austeridade” (para sobrar mais dinheiro para dar pros banqueiros), acabam abrindo caminho para políticas religiosas e segregacionistas da Idade Média.

O Conselho do Condado de Flintshire decidiu que, para utilizar os ônibus escolares, os alunos devem apresentar uma “prova de fé”. A exigência é para estudantes de escolas confessionais, que estarão proibidos de utilizar o transporte escolar público até que apresentem uma carta de um padre, uma certidão de batismo ou alguma declaração oficial de que eles professam uma fé.

Aqui não se trata apenas de um crime contra a laicidade, mas um crime contra a liberdade de consciência, já que obriga crianças a declarar publicamente sua fé e ainda punem aqueles que não a tem.

A grande desculpa é construir uma “política justa, igualitária e sustentável de transporte”, mas a realidade é que a pressão para “cortar gastos” é enorme. Outros conselhos ingleses aboliram completamente o transporte escolar. É a tal “política de austeridade” ou “ajuste” que vem destruindo os serviços públicos por toda a Europa quem acaba dando margens a estas soluções obscurantistas, como a de Flintshire.

Os cortes nos gastos com educação na Inglaterra não são novidade. Ano passado o governo fechou a London Met (Universidade Metropolitana de Londres) para estudantes estrangeiros com base em uma lei que obriga as universidades a entregar relatórios diários das atividades desses estudantes (frequência, atividades extracurriculares, etc), além de obrigar as universidades a informar imediatamente qualquer atividade que considerem “suspeita”. Junte-se a isto as medidas de corte de benefícios sociais a estrangeiros, incluindo o acesso à saúde.

Em 2011 o governo inglês cortou 14.4% dos investimentos em educação, retornando aos patamares dos anos 50.

O Reino Unido é um Estado religioso, não secular, governado por uma rainha que também é chefe da igreja oficial, mas é a política do primeiro ministro, David Cameron, que está levando a Inglaterra de volta à Idade das Trevas.

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2 pensamentos sobre “A Inglaterra de volta à Idade Média

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  2. O neo-liberalismo visa interferir nas liberdades civis e indivuduais, tudo em nome da deusa livre iniciativa e do deus mercado. Mas o fato mais contundente demonstrado pela história econômica é que, em todos os setores de atividade econômica, os empresários sempre têm desejado e sempre almejam eliminar todos seus concorrentes. Portanto, o papo de livre concorrência sempre tem sido e sempre é picaretagem burguesa. Além do mais, cabe ressaltar que o papo de livre mercado nunca tem passado e nunca passa de vigarisse burguesa. Para finalizar, todas as ideologias que têm o termo ‘neo’ no começo, já têm sido provadas como falaciosas/balelas e afirmo também que acredito que ainda existirá uma ideologia direitista no campo do pensamento econômico que se chamará neo-neo-liberalismo, novo neo-liberalismo ou porcaria do tipo.

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