Acadêmico da CAPES nega projeto científico por divergências ideológicas.

Constantemente temos alertado para o crescente obscurantismo nas universidades brasileiras e para as constantes tentativas de destruição da universidade pública. Agora é a vez dos projetos de pesquisa sofrerem um absurdo ataque.

Um projeto envolvendo três importantes universidades públicas brasileiras acaba de ser negado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) porque o acadêmico responsável pelo parecer discorda ideologicamente da metodologia proposta. Em outras palavras, o preconceito obscurantista de um indivíduo condenou a busca do conhecimento levada a cabo por 19 professores universitários, 9 doutorandos, 15 mestrandos e 27 graduados da Universidade de Brasília, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte!

A justificativa? Para o consultor da CAPES, a contribuição do método científico materialista histórico-dialético é “duvidosa” (SIC). O tal “acadêmico” nega a contribuição de Florestan Fernandes, Octavio Ianni, Maurício Tragtemberg, Adriano Codato, Marilena Chauí e centenas de outros filósofos, economistas, cientistas políticos, físicos, astrônomos, historiadores, sociólogos, pedagogos, psicólogos e teóricos e acadêmicos de todas as áreas do conhecimento.

Isso é sintomático. As ciências humanas vem perdendo cada vez mais espaço na pesquisa acadêmica. A perspectiva crítica, a compreensão do mundo, a cidadania estão sendo jogadas no lixo em nome de uma pretensa melhoria técnica, ou seja, não interessa mais o porquê fazer, mas apenas o fazer em si. É a construção de uma academia que forme cada vez mais apertadores de parafuso e cada vez menos pensadores.

Com toda a razão, os pesquisadores criaram uma petição pública para denunciar a tentativa de destruição do pensamento crítico levada a cabo por setores governamentais e da comunidade acadêmica.

O Livre Pensamento declara seu total apoio aos pesquisadores. Assine a petição online.

Continuar lendo

Vereadora Carla Pimentel (PSC)

Vereadora do PSC defende assassinar a laicidade nas escolas de Curitiba

 vereadora Carla Pimentel (PSC) acaba de propor uma lei na cidade de Curitiba que institui a leitura da Bíblia cristã como conteúdo nas escolas públicas e particulares da cidade.

A proposta foi feita na última quarta-feira (28/05) e, segundo a autora, tem cunho “educacional e não religioso” pois, para a a vereadora do PSC, a Bíblia cristã é um livro científico!  “A minha intenção com a lei é que o livro seja usado para a pesquisa, já que é rico em informações científicas, culturais, arqueológicas. Incentivar essa leitura vai contribuir para a formação de cidadãos de bem e, no futuro, construir uma sociedade mais humana e justa”.

Ora, a “ilustre” Carla Pimentel está dizendo que quem não lê a Bíblia cristã ou professa outras religiões não é um cidadão “de bem”? É menos justo?

No mínimo, preocupante.

Continuar lendo

Entre os limites da educação e violência

Luciano Valente

Educar crianças para que elas compreendam e obedeçam às regras da convivência é um desafio enfrentado por pais, escola e sociedade em geral. A tríade punição-premiação-educação está na raiz da aprendizagem social e sua discussão é considerada sempre pertinente. Para pesquisadores, as mudanças na família e na sociedade contemporâneas ainda não resultaram em uma configuração das relações entre educar e punir. A questão dos limites volta-se para os próprios pais e escola: a educação deve privilegiar o diálogo com crianças e adolescentes aos invés de punições, especialmente as corporais.

Continuar lendo

Espécies: o que são e como surgem?

André Luis Klein e Claiton Martins-Ferreira

O objetivo deste artigo é sintetizar conceitos-chave sobre especiação e servir de auxílio para professores e alunos de ciências biológicas. Adotou-se uma abordagem que estimula o questionamento como forma de interligar diferentes temas. Partindo-se dos conceitos de espécie, são tratados: a especiação alopátrica, o isolamento reprodutivo como um subproduto da divergência, o papel da seleção natural, reforço, hibridização, o papel da seleção sexual, especiação simpátrica, especiação parapátrica e mecanismos de isolamento.

Continuar lendo

Interatividade da Internet mudou a forma de comunicar a ciência

Por Elton Alisson, de Salvador

As novas plataformas de web 2.0 – como é denominado o uso interativo da internet –, tais como blogs e redes sociais, têm transformado o modo de comunicar a ciência e aumentado a difusão de conteúdo científico em diversos países, incluindo o Brasil.

A avaliação foi feita por especialistas participantes de um painel sobre o uso de mídias sociais na comunicação da ciência durante a 13th International Public Communication of Science and Technology (PCST), realizada entre 5 e 8 de maio em Salvador, na Bahia.

Com o tema central “Divulgação da ciência para a inclusão social e o engajamento político”, o encontro ocorreu pela primeira vez na América Latina e reuniu pesquisadores de mais de 50 países para debater práticas e estratégias de comunicação e divulgação científica adotadas em diferentes partes do globo.

Continuar lendo

The New Creationism - O novo criacionismo

O que a ciência tem a dizer sobre o criacionismo

Em um posicionamento contundente, a Sociedade Brasileira de Genética (SBG) publicou um manifesto que questiona frontalmente as bases científicas do criacionismo, alertando para seus impactos no ensino e na formação acadêmica no Brasil. O documento, intitulado “O que a ciência tem a dizer sobre o criacionismo”, estabelece uma clara demarcação entre o domínio da fé religiosa e o campo da ciência experimental, reafirmando que a Teoria da Evolução por Seleção Natural — fundamentada em “evidências e dados experimentais” acumulados ao longo de 150 anos — constitui o pilar unificador das ciências biológicas contemporâneas. Ao destacar que explicações baseadas “na fé e crença religiosa” não integram o conteúdo das disciplinas científicas, a SBG posiciona-se contra a inserção de ideias criacionistas (incluindo o Design Inteligente) em escolas e universidades, defendendo que tais concepções, embora válidas como expressões teológicas, representam “pseudociência e obscurantismo” quando apresentadas como alternativas ao conhecimento científico. O manifesto surge como resposta à crescente divulgação dessas ideias no país e evoca figuras históricas como Galileu e Darwin para sublinhar a necessidade de proteger o ensino científico de interferências dogmáticas.

Continuar lendo

É útil estudar a evolução?

Richard-Lewontin“Se eu acho que é
útil estudar a evolução?

Eu acho que a resposta é sim,
porque a visão de mundo
que precisamos,
que eu preciso,
é uma visão de mundo materialista.

Tudo de verdadeiro
que nós pudermos aprender sobre a natureza
contribui para nossa compreensão do mundo material
e isso é desejável”

Richard C. Lewontin

LEWONTIN, Richard apud GRAFFIN, Greg; OLSON, Steve. Anarchy Evolution: Faith, Science, and Bad Religion in a World Without God. Harper Perennial. 2010.

Tradução: Maurício Moura

Cosmos: uma nova odisseia no espaço-tempo

CosmosDurante a década de 1980, o astrofísico Carl Sagan revolucionou a divulgação científica com a série de TV Cosmos: uma viagem pessoal. A série foi um divisor de águas para mim e para grande parte da minha geração, despertando uma curiosidade científica que definiu o que sou hoje.

A série original era escrita pelo próprio Sagan, sua esposa Ann Druyan e Steven Soter e foi vista por 750 milhões de pessoas em 175 países. Ganhou três Prémios Emmy e um Peabody.

Quando Sagan morreu, em 1996, Ann procurou criar uma nova série, seguindo o apelo original de conquistar o maior público possível para conhecer a ciência. Para isso, procurou o “mais popular astrofísico do Universo”, Neil Degrasse Tyson.

Depois de mais de uma década tentando obter dinheiro para produzir a série, Ann, Steven e Neil conseguiram convencer o produtor Seth MacFarlane (criador de Family Guy) a abraçar o projeto, mas só em 2011 ele começou a ser produzido de fato.

Assista o primeiro episódio, Standing Up in the Milky Way, que foi ao ar ontem pela FOX dos EUA e pelo National Geographic Channel. Não esqueça de ligar as legendas.

Continuar lendo

Quem dá bola não importa. Quem importa não dá bola.

Dr. Seuss, nascido Theodor Seuss Geisel, foi escritor e cartunista dos EUA. Escreveu dezenas de livros infantis, entre eles, Horton e o Mundo dos Quem! e O Grinch.

A frase a seguir é atribuída a Seuss. Embora não tenha uma fonte segura – o Wikiquote atribui a Bernard Baruch – e esteja deslocada do contexto, a interpretação de Gavin Aung Than, do Zen Pensils, como sempre, ficou muito mais legal e dentro do contexto histórico atual.

Os livres pensadores defendem que a moral imposta e os dogmas devem ser vencidos. Defendem a liberdade de pensamento e de crença e são contra qualquer forma de opressão. Assim, não podem aceitar a imposição de qualquer valor moral a qualquer indivíduo.

Continuar lendo

Piteco e a alegoria da caverna de Platão em quadrinhos

O Mito da Caverna de Platão em quadrinhos

O Mito da Caverna, ou Alegoria da Caverna, é um texto do filósofo grego Platão, parte do Livro VII de A República. Através de um diálogo entre as personagens Sócrates e Glauco, Platão faz uma parábola para demonstrar como a escuridão e as trevas da ignorância podem ser superadas pela busca do conhecimento, da verdade.

As sombras projetadas pela pouca luz que entra na caverna representam o senso comum, a crença acrítica no relato anedótico, nas tradições e nos dogmas. É literalmente a visão parcial e limitada, mas vista pelos homens da caverna como sendo todo o mundo.

Por outro lado, a saída da caverna e a busca da luz é a busca pelo conhecimento, pela verdade. No início pode assustar e até fascinar, mas é a única forma de viver plenamente.

Esta versão, do estúdio de Maurício de Sousa, é de 2002 e nos traz uma bem humorada visão dessa parábola. No final, o trecho de A República que contém a alegoria.

Continuar lendo