O florescente mercado das “desordens psicológicas”

Surgido há 50 anos, o uso de antipsicóticos, a despeito de seus pobres resultados, tornou-se maciço na medicina psiquiátrica norte-americana. Na população geral, 1.100 pessoas (850 adultos e 250 crianças) se unem todos os dias à lista dos destinatários da ajuda financeira federal por motivo de problema mental severo

por Olivier Appaix

Criada em 2008, em Denver (Colorado), a empresa de exames médicos de imagem CereScan pretende diagnosticar os problemas mentais por meio de imagens do cérebro. Um documentário exibido no canal Public Broadcasting Service (PBS)1 mostra seu funcionamento. Sentado entre os pais, um menino de 11 anos espera, silencioso, o resultado da IRM2 de seu cérebro. A assistente social pergunta se ele está nervoso. Não, ele responde. Ela mostra então as imagens à família: “Vocês estão vendo? Aqui está vermelho, e aqui, alaranjado. Mas deveria estar verde e azul”. Tal cor sinaliza depressão; outra, os problemas bipolares ou as formas patológicas da angústia.

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Entre os limites da educação e violência

Luciano Valente

Educar crianças para que elas compreendam e obedeçam às regras da convivência é um desafio enfrentado por pais, escola e sociedade em geral. A tríade punição-premiação-educação está na raiz da aprendizagem social e sua discussão é considerada sempre pertinente. Para pesquisadores, as mudanças na família e na sociedade contemporâneas ainda não resultaram em uma configuração das relações entre educar e punir. A questão dos limites volta-se para os próprios pais e escola: a educação deve privilegiar o diálogo com crianças e adolescentes aos invés de punições, especialmente as corporais.

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Deputados evangélicos e a defesa da tortura de crianças

Durante a discussão de lei que proíbe o tratamento cruel e degradante a crianças, o deputado da bancada evangélica Pastor Eurico (PSB-PE) ofendeu uma das debatedoras, a apresentadora Xuxa Meneguel, em uma tentativa de tumultuar a sessão e impedir a votação da matéria.

criança agredidaOntem foi aprovada na Câmara dos Deputados o PL 7672/10, proposto pela presidente Dilma Rousseff, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente, dando à criança o direito de ser educada sem tratamento cruel ou degradante. Em outras palavras: explicita que o espancamento e tortura física e psicológica a crianças é proibido.

Pode parecer até óbvio, mas a “lógica” de certas pessoas ultrapassa qualquer limite. Não é a primeira vez que deputados da bancada evangélica saem em defesa de agressores e estupradores de crianças, mas, desta vez, eles prometem “impedir a aprovação dessa lei”.

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Medicina alternativa não é medicina. Nem alternativa.

Penn & Teller (Penn Jillette e Raymond Joseph Teller) são uma dupla de ilusionistas e comediantes estadunidenses. Sendo capazes de reproduzir qualquer coisa fantástica utilizando o ilusionismo, ficaram famosos por expor charlatães, demonstrando que curas espirituais, tratamentos “alternativos” e “tradicionais”, aparições fantasmagóricas, abdução por alienígenas, teorias da conspiração e todos esses relatos fantásticos, não passam de pseudociência, má fé e charlatanismo (talvez alguma dose de esquizofrenia).

Além de shows, a dupla tem um programa de televisão chamado Bullshit! (Besteira!), que os tornou conhecidos no Brasil.

Neste episódio de Bullshit!, a dupla investiga três das chamadas “medicinas alternativas”: Reflexologia, Magnetoterapia e a Quiropatia, demonstrando que são práticas baseadas unicamente na sugestão, mas que podem ser extremamente perigosas à saúde e até à vida das pessoas.

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Marco Feliciano ódio à mulher misoginia

Marco Feliciano em defesa do estuprador

A gente sabe que há muita estupidez e ignorância por aí, mas eu sempre acho que  há um mínimo de decência e bom senso, que há sempre um limite pra quão absurdas possam ser as coisas que uma pessoa defende. Parece que estou errado.

No dia 1º de agosto último foi sancionada a lei que define que mulheres vítimas de violência sexual devem ter atendimento prioritário nos hospitais. A lei define que qualquer vítima de violência sexual (seja homem, mulher ou criança) deve ter atendimento imediato com três objetivos claros: curar as lesões físicas e psicológicas, evitar ou minimizar sequelas físicas e psicológicas e facilitar o trabalho policial de identificação do agressor.

Penso eu, na minha ignorância, que qualquer ser humano seria a favor de defender a vida e a saúde de quem já sofreu tão vil violência. Parece-me absolutamente surreal que algum representante eleito possa ser contrário à vítima e defensor do agressor. Ledo engano.

O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), já deu vários exemplos de quão misógino, racista e homofóbico é, mas agora extrapolou qualquer limite: está defendendo o estupro, a prática da violência sexual, está defendendo o estuprador, nega qualquer direito humano ou legal à vítima de estupro. Para ele, uma criança abusada sexualmente não deve ter nenhum direito garantido.

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Natural não quer dizer seguro

Natural não quer dizer seguro

A crença de que “natural” equivale a “inocuo” é uma falácia perigosa que permeia escolhas cotidianas – de alimentos a medicamentos. Este artigo desmonta esse mito ao evidenciar como substâncias naturais frequentemente carregam riscos subestimados: toxinas em plantas medicinais, venenos em cogumelos silvestres e até a água potável em excesso podem ser letais. Enquanto produtos sintéticos passam por rigorosos testes de segurança, muitos “naturais” escapam à regulação, alimentando a ilusão de sua benignidade. A ironia, como aponta o texto, reside na seletividade cultural: tememos químicos industriais, mas ignoramos perigos reais como a Amanita phalloides (responsável por 90% das mortes por cogumelos) ou interações fatais de ervas com medicamentos. Num mundo que idealiza o orgânico, esta análise confronta nosso viés romântico com dados científicos cruciais para decisões conscientes.

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O fascínio do curandeirismo. Placebo e tratamentos mágicos

O fascínio do curandeirismo

Mesmo com os grandes avanços da ciência nas últimas décadas, a busca de pseudociências e curandeirismos continua na moda.

Desde os charlatanismos “tradicionais”, como o tarô e a quiromancia, até as novas pseudociências, como a Conscienciologia, ou as religiões travestidas de ciência, como a Cientologia, as pessoas continuam fascinadas pelo mundo espetacular das curas milagrosas. Agora, os curandeiros e charlatães ganham espaço até na Academia, como é o caso da Ontopsicologia (seus seguidores até abriram uma faculdade!).

CurandeirismoEsse neo-obscurantismo conquista adeptos até entre os intelectuais que, teoricamente, deveriam ter uma visão mais crítica do mundo.

Neste texto, o psicólogo Raymundo de Lima analisa esse fenômeno. É interessante notar que mesmo o autor se deixa fascinar pelo curandeirismo, quando tenta “justificar” o charlatanismo da homeopatia com o argumento de que existem pacientes que se declaram “curados” (mesmo argumento que poderia ser usado para qualquer cura “espiritual” ou “mágica”).

Ninguém está imune a ser enganado e é mais importante do que nunca que a escola, os pais e a sociedade passem a formar cidadãos críticos e céticos. A responsabilidade é de todos.

Veja também outros artigos sobre pseudociências.

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Molly Crockett: Cuidado com a neuro-bobagem

Molly Crockett é neurocientista, PhD em Psicologia Experimental pela Universidade de Cambridge. Atualmente faz o pós doutorado no departamento de neuroimagem da University College London.

O centro da pesquisa de Molly é a compreensão da base neural do altruísmo, moralidade e valores do ser humano. Ela investiga como os neurotransmissores agem no cérebro para influenciar o comportamento social e econômico do indivíduo.

Nesta palestra para o TED, Molly analisa a moda de “tunning” cerebral e afirma que esta é uma prática pseudocientífica, já que nenhum desses “melhoramentos químicos” é comprovado.

Veja outros vídeos do TED.

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James Randi explica a Homeopatia

Randall James Hamilton Zwinge, ou James Randi, é um cético e ilusionista canadense e criador da Fundação Educacional James Randi, quem tem como objetivo a promoção do pensamento crítico e o combate ao charlatanismo e às pseudociências.

Este vídeo é parte de uma conferência que James Randi deu em Princeton no ano de 2001. Nela, Randi apresenta e explica os fundamentos e os mecanismos da homeopatia, identificando, dentro dos próprios princípios, as características que fazem da homeopatia uma pseudociência.

Com este vídeo, quero começar a tratar desse assunto: as pseudociências e seus riscos para a evolução da ciência verdadeira, do senso crítico e até da saúde dos seres humanos.

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Michael Specter: O perigo da negação da ciência

Michael Specter é um jornalista estadunidense especializado em ciência e tecnologia e em saúde pública. Atualmente escreve para o The New Yorker e já escreveu para o The Washington Post e The New York Times.

Ele estuda como teses pseudocientíficas ou anticientificas podem ser um risco para o mundo. É crítico ferrenho das lendas urbanas como a de que vacinas causam autismo ou medicina baseada em ervas “milagrosas” e alerta: o pensamento pseudocientífico é desastroso para o futuro da humanidade.

Esta é uma palestra proferida por Specter no TED (Technology, Entertainment, Design).

“Negação é um vírus e vírus são contagiosos.” – Michael Specter

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