Surgido há 50 anos, o uso de antipsicóticos, a despeito de seus pobres resultados, tornou-se maciço na medicina psiquiátrica norte-americana. Na população geral, 1.100 pessoas (850 adultos e 250 crianças) se unem todos os dias à lista dos destinatários da ajuda financeira federal por motivo de problema mental severo
por Olivier Appaix
Criada em 2008, em Denver (Colorado), a empresa de exames médicos de imagem CereScan pretende diagnosticar os problemas mentais por meio de imagens do cérebro. Um documentário exibido no canal Public Broadcasting Service (PBS)1 mostra seu funcionamento. Sentado entre os pais, um menino de 11 anos espera, silencioso, o resultado da IRM2 de seu cérebro. A assistente social pergunta se ele está nervoso. Não, ele responde. Ela mostra então as imagens à família: “Vocês estão vendo? Aqui está vermelho, e aqui, alaranjado. Mas deveria estar verde e azul”. Tal cor sinaliza depressão; outra, os problemas bipolares ou as formas patológicas da angústia.
Ontem foi aprovada na Câmara dos Deputados o PL 7672/10, proposto pela presidente Dilma Rousseff, que altera o Estatuto da Criança e do Adolescente, dando à criança o direito de ser educada sem tratamento cruel ou degradante. Em outras palavras: explicita que o espancamento e tortura física e psicológica a crianças é proibido.
Esse neo-obscurantismo conquista adeptos até entre os intelectuais que, teoricamente, deveriam ter uma visão mais crítica do mundo.
Molly Crockett é neurocientista, PhD em Psicologia Experimental pela Universidade de Cambridge. Atualmente faz o pós doutorado no departamento de neuroimagem da University College London.
Randall James Hamilton Zwinge, ou James Randi, é um cético e ilusionista canadense e criador da
Michael Specter é um jornalista estadunidense especializado em ciência e tecnologia e em saúde pública. Atualmente escreve para o The New Yorker e já escreveu para o The Washington Post e The New York Times.