Dicionário ilustrado da tortura no Brasil

No último domingo, 17 de abril, durante o espetáculo de horrores que foi a votação da abertura do processo de impedimento na Câmara, um dos ícones do fascismo brasileiro, Jair Bolsonaro, fez uma “homenagem” ao notório torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra.

Bolsonaro é um ex-militar com uma carreira medíocre que foi alçado a condição de “celebridade” depois de uma tentativa de realizar vários atentados a bomba (várias bombas na Vila Militar na Zona Norte do Rio, outras da Academia de Agulhas Negras, em Rezende, e em vários outros quartéis), quando foi convidado pela Veja para ser um de seus articulistas. Hoje é um parlamentar também medíocre que, apesar de não fazer nada além de ser deputado nos últimos 25 anos, teve apenas um projeto aprovado em toda a sua História, o que o torna um dos parlamentares mais incompetentes de todos os tempos. A única coisa que mantém sua notoriedade são suas posições misóginas, racistas, homofóbicas e sua profunda estupidez. É um palhaço alimentado por uma mídia mais medíocre do que ele.

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Resgatar o vermelho da bandeira na luta contra a opressão da mulher!

Misa Boito

O 8 de março de 2016, no Brasil, ocorre em uma situação na qual as mulheres, em particular das classes trabalhadoras, estão ameaçadas de gerar fetos com microcefalia. Dadas as suas condições materiais, elas são mais sujeitas ao zika vírus, um possível responsável por essa anomalia.

Num país ainda coberto pelo manto obscurantista que impede o direito democrático à opção ao aborto, o governo, através de seu ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), se nega a legalizar o aborto em comprovada situação de microcefalia, uma questão elementar de saúde. Um fato que expressa o quão atrasado é o Brasil em relação aos direitos das mulheres. No caso do aborto, um direito elementar é negado com as bençãos do Papa Francisco que, em sua última incursão pela América Latina (Cuba e México), manifestou-se contrário ao aborto de fetos com microcefalia, argumentando: “é matar uma pessoa para salvar outra, no melhor dos casos, ou para deixá-la bem. É um mal em si mesmo”.

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O neonazismo judeu (sim, isso existe!)

A crescente onda de violência de grupos racistas judeus dentro e fora de Israel tem trazido à luz um pouco do submundo dessas organizações. A coisa veio à tona em 2014, quando um protesto contra a guerra em Tel Aviv foi atacado violentamente por um grande número de jovens. Dentre os atacantes, alguns jovens que ostentavam camisetas com símbolos neonazistas. Um deles ostentava o logotipo “Good night left side”, um símbolo utilizado por neonazis europeus, substituindo a cruz solar (símbolo nazista) pela estrela de Davi (símbolo judeu).

As imagens levaram o CEO do Instituto de Prevenção do Ódio Online (uma ONG dedicada a combater o anti-semitismo), Andre Oboler, a investigar o caso. Oboler descobriu que grupos de judeus de Israel, EUA e Austrália (especialmente os ligados ao sionismo) tem estreitas relações através da Internet com grupos neonazistas europeus. O que os une: o ódio e a violência contra os muçulmanos.

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Pós-modernismo e o feminismo reacionário

O texto a seguir é uma contribuição ao debate que pretendo fazer aqui sobre a destruição do feminismo revolucionário pelo pós-modernismo e sua influência teórica em outras linhas de pensamento pretensamente revolucionárias, como o altermundialismo. Nele, a socióloga Maria Lygia Quartim de Moraes (doutora em Ciência Política e pesquisadora do Pagu – Núcleo de Estudo de Gênero da UNICAMP e do Grupo “Família, Gênero e Sociedade”do CNPq) analisa o pensamento de Ellen Meiksins Wood (foto), professora de Ciência Política na Universidade York e autora de A origem do capitalismo (2001), Em defesa da história (organizadora, 1999), The Pristine Culture of Capitalism (1992) e The Retreat from Class (1986).

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Ditadura militar brasileira perseguiu centenas de cientistas

A história de 471 cientistas perseguidos durante a ditadura militar foi pesquisada e, a partir de hoje (31), pode ser consultada no site do Projeto Ciência na Ditadura. Esta é a primeira fase do trabalho feito pelo pesquisador titular da Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) Alfredo Tiomno Tolmasquim e pelos professores Gilda Olinto e Ricardo Pimenta, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict).

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Boaventura: a possível extinção do Estado de Israel

Criá-lo foi ato desumano de colonialismo. Extinto, pode dar lugar a Estado plurinacional e secular, onde judeus e palestinos convivam pacífica e dignamente

Por Boaventura de Sousa Santos

Podem simples cidadãos de todo o mundo organizar-se para propor em todas as instâncias de jurisdição universal possíveis uma ação popular contra o Estado de Israel no sentido de ser declarada a sua extinção, enquanto Estado judaico, não apenas por ao longo da sua existência ter cometido reiteradamente crimes contra a humanidade, mas sobretudo por a sua própria constituição, enquanto Estado judaico, constituir um crime contra a humanidade? Podem. E como este tipo de crime não prescreve, estão a tempo de o fazer. Eis os argumentos e as soluções para restituir aos judeus e palestinianos e ao mundo em geral a dignidade que lhes foi roubada por um dos atos mais violentos do colonialismo europeu no século XX, secundado pelo imperialismo norte-americano e pela má consciência europeia desde o fim da segunda guerra mundial.

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Evolução humana

A evolução humana “definitivamente não” acabou, diz especialista

A evolução humana acabou? Essa é a questão que Briana Pobiner, uma antropóloga do Museu Nacional de História Natural Smithsonian, fez a uma audiência neste sábado, 17 de maio de 2014.

Os seres humanos estão evoluindo em um ritmo crescente, graças aos avanços da medicina e uma grande população, Pobiner diz na “Future Is Here”, uma conferência de dois dias comemorando o futuro dos seres humanos, do planeta, vida além da Terra e do espaço profundo, oferecida pelo Smithsonian Magazine. Só que, da mesma forma como os humanos estão evoluindo, seus parasitas também evoluem.

“Eu convido vocês a olharem dentro dos olhos de nossos antepassados”, diz Pobiner. “Por que a maioria dos ancestrais humanos foram extintos enquanto o homo sapiens sobreviveu? A resposta tem muito a ver com o cérebro humano”.

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O Julgamento do Macaco

O professor John Scopes

As tentativas de impor o obscurantismo através da força sempre permeou o poder, em especial quando a distinção entre Estado e Religião não estão claras. O exemplo mais conhecido disso foi a Idade Medieval, quando Igreja e Estado eram umbilicalmente ligados e a Inquisição se encarregava de torturar e assassinar qualquer um que ousasse discordar dos dogmas estabelecidos.

Essa história todo mundo já ouviu falar, mas ela não acabou por aí. Vários países ainda qualificam a discordância religiosa como crime. Grande parte da Europa tem leis contra a blasfêmia, embora a opinião pública da maioria dos países geralmente consiga impedir sua ação.

Recentemente, um funcionário público da Indonésia foi condenado a cumprir 2,5 anos na cadeia por ter escrito a frase “Deus não Existe” no Facebook (embora líderes religiosos defendessem a decapitação). No mesmo país, cinco adolescentes foram presas por dançar. O Instituto Pew Research Center constatou em 2010 que 5,2 bilhões de pessoas (75% da população do mundo) vivem em locais em que há restrições de crença.

No Brasil não é diferente, com professores obrigando alunos a rezarem e os constantes ataques promovidos pela Bancada Evangélica e os conservadores de plantão (como a PEC 99/11, que iguala o status das igrejas grandes a organizações da Sociedade Civil, como sindicatos e partidos).

Mas o que dizer quando a ciência é classificada como crime?

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O porquê da canção de abril

da esquerda para a direita: Barata Moura, Vitorino, José Jorge Letria, Manuel Freire, Fausto, Zeca Afonso e Adriano Correia de Oliveira – 29 de março de 1974

Ainda sobre a Revolução de Abril em Portugal, publico um texto do jornalista e historiador alentejano Pedro Laranjeira.

Em 1974, Pedro era jornalista freelance e tinha suas reportagens constantemente veiculadas no programa Limite, da Rádio Renascença, o mesmo programa que transmitiu Grândola Vila Morena em 25 de abril, como senha de arranque da MFA.

Como jornalista, Pedro cobriu a Revolução de Abril, gravando cerca de 7 horas de reportagem, junto com seus colegas Adelino Gomes, Paulo Coelho e Barbara Skolimowska. Esse material, editado e condensado em cerca de 2 horas e meia, foi veiculado pela Rádio Renascença durante a noite de 26 e a madrugada de 27 de abril de 1974 e posteriormente  publicado em vinil com o título de O dia 25 de abril – Diário da Revolução 1974.

Testemunha ocular, Pedro publicou este texto em seu blog em 30 de março de 2007. Não conhecia o texto e recebi a dica do também jornalista Roberto Salomão, a quem desde já agradeço.

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Vila de Grândola

Grândola: Vila Morena

No meu último post dia 25, aniversário da Revolução dos Cravos, eu postei um vídeo com a versão da Grândola Vila Morena, a música que se tornou tema dessa revolução.

Eu citei no texto que haviam outras versões, com a Amália Rodrigues, a Nara Leão e a banda 365.

Bom, me cobraram que eu publicasse também essas versões.

Amália Rodrigues, a Rainha do Fado, é uma das mais importantes cantoras portuguesas. Nunca teve um posicionamento político muito claro, mas era amiga e contribuinte do Partido Comunista Português. O vídeo contém, além da gravação feita por Amália, vários artistas cantando a música (a partir dos 3 minutos). Entre eles está o Prêmio Nobel de Literatura José Saramago.

A gravação de Nara Leão é do EP de 1974,  A Senha do Novo Portugal, que também tem outra música do Zeca Afonso, Maio Maduro de Maio.

O terceiro vídeo é a da banda punk paulista 365. O clipe é novo, de 2011, mas a música foi gravada por eles em 1987.

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