Greg Graffin e o criacionismo

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“Não posso concordar com
aqueles que rejeitam a evolução
em favor de uma
filosofia criacionista,
especialmente se eles baseiam
a sua rejeição na alegação
de que a autoridade religiosa
deve ter precedência
sobre ciência”

Greg Graffin

GRAFFIN, Greg; OLSON, Steve. Anarchy Evolution: Faith, Science, and Bad Religion in a World Without God. Harper Perennial. 2010.

Tradução: Maurício Moura

O que é sagrado? O sagrado é imune à crítica?

Tim Minchin é um ator, humorista e músico australiano. Em seus bem humorados shows musicais, Tim aborda constantemente temas como religião, pseudociências e fé. Ateu e cético, ele defende que nossa visão do mundo deva ser baseada na realidade, nos fatos.

Neste texto, parte de um show com a Heritage Orchestra no Royal Albert Hall, em Londres, Tim discorre sobre a compreensão do sagrado. O que faz um livro, um objeto ou um homem ser sagrado? São suas características intrínsecas ou é um conceito atribuído unicamente por um grupo de pessoas?

Qual o limite do respeito que deve ser cobrado sobre o “sagrado”? A Bíblia ou o Alcorão devem ser respeitados? E quanto às vacas, ratos, cobras, aranhas, gatos e outros animais sagrados em outras culturas? Se alguém pode ser morto por desenhar o Maomé, então também pode ser morto por comer carne de vaca?

No fim, Minchin dá um exemplo prático disso. O Papa é sagrado para alguns cristãos (há vários papas de várias igrejas e há igrejas que não acreditam na sacralidade do papa). Quando o Papa faz algo reprovável, temos o direito de criticá-lo? Ou  sua sacralidade o torna imune a críticas?

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A Marselhesa anticlerical

Ilustração do livro “La Bible amusante”, de Léo Taxil (1882).

Em 1881, o militante anticlerical Leo Taxil escreveu uma música em defesa da laicidade e da democracia na França. A música usava a melodia de A Marselhesa e, por conta disso, ficou conhecida como A Marselhesa Anticlerical.

Seu objetivo central era propagandear a separação entre a Igreja e o Estado, ou seja, a laicidade.

Taxil na verdade era um dos pseudônimos do jornalista francês Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès, que escreveu vários livros em que criticava o clero, principalmente o católico. Por defender que a moral não era uma verdade absoluta e que a Igreja não poderia ter o monopólio dessa verdade, Taxil foi condenado e seu jornal, “La Marotte”, foi proibido.

Taxil ficou conhecido por enganar a Igreja Católica por anos com uma história de uma tal Diana Vaughan que divulgava que a maçonaria era uma seita satanista. Inventou até um ídolo que seria adorado pela maçonaria: Baphomet. Ele sustentou a fraude de 1885 até 1897, convencendo, inclusive, o papa Leão XIII.

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Diderot: razão e fé

Diderot

“Se a razão é uma dádiva do céu,
e se o mesmo
se pode dizer quanto à fé,
o céu nos deu dois presentes
incompatíveis e contraditórios.”

Denis Diderot

“Pensées Philosophiques” in: Œuvres de Denis Diderot, Volume 1 – Página 245, item V, Denis Diderot, Jacques André Naigeon – J.L.J. Brière, 1821
Imagem: Magixl

Karl Marx sobre a ilusão da felicidade

Uma charge de Karl Marx“O sofrimento religioso é
ao mesmo tempo
a expressão do
sofrimento verdadeiro
e um protesto contra
o sofrimento real.

A religião é o suspiro
da criatura aflita,
o coração de um
mundo sem coração,
é o espírito da situação
sem espírito.

A religião é o ópio do povo.

A abolição da religião como felicidade ilusória
é o que falta para sua verdadeira felicidade.

Pedir para que descartem as ilusões sobre sua situação
é pedir para que descartem a própria situação
que necessita de ilusões.

A crítica da religião, em seu âmago,
a crítica desse vale de lágrimas
da qual a religião é a auréola.

Essa crítica retirou as flores imaginárias das correntes dos homens,
não para que ele continue a usar essas correntes
sem consolo ou fantasia,
mas para que ele possa quebrar essas correntes
e então colher a flor viva.”

Karl Marx

Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. Einleitung. Introdução. MEW 1, S. 378, 1844 MEW 1, p. 378, 1844
Neil DeGrasse, Neri Oxman, Neil Gaiman

Neil deGrasse e Neil Gaiman: a ciência e o “Deus das Lacunas”

Este vídeo é um trecho do evento Vision & Brilliance, do The Connecticut Forum. Esse evento junta especialistas em diferentes áreas para como “um tempo para imaginar e pensar sobre tecnologia, ciência, design e o futuro”.

Neste encontro, moderado pelo apresentador do programa radiofônico Where We Live, John Dankosky, foram convidados Neil deGrasse Tyson, Neil Gaiman e Neri Oxman.

Neil DeGrasse Tyson é figura sempre presente aqui. “O mais popular astrofísico do Universo”, é um cientista constantemente entrevistado em vários programas. Já se tornou parte da cultura popular. Virou até meme!

Neil Gaiman é uma figura da cultura pop e dos quadrinhos. Autor de Sandman, Stardust e Deuses Americanos, Gaiman é, além de um grande autor, um pesquisador das religiões.

Neri Oxman, que só aparece neste trecho, mas não fala, é designer com grande interesse em materiais e formas da natureza. É diretora do MIT Media Lab e é fundadora do laboratório de desing MaterialEcology.

Neste vídeo, deGrasse e Gaiman discorrem sobre o limite entre a ciência e a religião e sobre o argumento que tenta justificar a existência do divino a partir daquilo que não conhecemos “ainda”.

Veja também o texto de Michael Shermer: Como a crença em extraterrestres e no Design Inteligente são similares.

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Intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade

O direito de criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém em função de crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis
 Juliana Steck

Celebração no Rio de Janeiro pede respeito à liberdade religiosa, em 21 de janeiro, com presença de adeptos de diversas tradições de féA intolerância religiosa é um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou a quem não segue uma religião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana.

O agressor costuma usar palavras agressivas ao se referir ao grupo religioso atacado e aos elementos, deuses e hábitos da religião. Há casos em que o agressor desmoraliza símbolos religiosos, destruindo imagens, roupas e objetos ritualísticos. Em situações extremas, a intolerância religiosa pode incluir violência física e se tornar uma perseguição.

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Bertrand Russell e a lógica da fé


“Afirma-se
– não sei com quanta veracidade –
que um certo pensador hindu
acreditava que a Terra
estava apoiada em um elefante.
Quando lhe perguntaram
no que o elefante de sustentava,
respondeu que se sustentava
numa tartaruga.
Quando lhe perguntaram
sobre o que a tartaruga
se sustentava, ele disse
‘Estou cansado disso. Vamos mudar de assunto’.
Isso ilustra o caráter insatisfatório
do argumento da Causa Primeira.”

Bertrand Russell

Fonte: “Is There a God?”. In “The Collected Papers of Bertrand Russell”, Volume 11: Last Philosophical Testament, 1943-68, ed. John G. Slater e Peter Köllner (London: Routledge, 1997), p. 544

Ontopsicologia: a pseudociência unindo o charlatanismo ao capitalismo selvagem

Em 2003 foi produzido o livro Método Científico & Fronteiras do Conhecimento, um trabalho conjunto do físico Ronaldo Mota, do geneticista Renato Z. Flores e dos biólogos Lenira Sepel e Élgion Loreto, todos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

O livro é dividido em duas partes. A primeira apresenta uma abordagem histórica do método científico, analisando desde as primeiras contribuições dos gregos, passando pelas bases do método científico no Renascimento, o seu amadurecimento (a partir da obra de Newton) até os filósofos da ciência contemporâneos, como Popper, Kuhn e Feyerabend.

A segunda parte utiliza temas contemporâneos para abordar as fronteiras do conhecimento. Para isso, analisa as pseudociências e apresenta conceitos e descobertas recentes nas áreas da genética, evolução e neourociências.

O texto a seguir é o capítulo 5 do livro, escrito pelo geneticista Renato Zamora Flores e é uma importante fonte de informação no debate sobre a fonteira entre o que é e o que não é ciência.

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Marco Feliciano ódio à mulher misoginia

Marco Feliciano em defesa do estuprador

A gente sabe que há muita estupidez e ignorância por aí, mas eu sempre acho que  há um mínimo de decência e bom senso, que há sempre um limite pra quão absurdas possam ser as coisas que uma pessoa defende. Parece que estou errado.

No dia 1º de agosto último foi sancionada a lei que define que mulheres vítimas de violência sexual devem ter atendimento prioritário nos hospitais. A lei define que qualquer vítima de violência sexual (seja homem, mulher ou criança) deve ter atendimento imediato com três objetivos claros: curar as lesões físicas e psicológicas, evitar ou minimizar sequelas físicas e psicológicas e facilitar o trabalho policial de identificação do agressor.

Penso eu, na minha ignorância, que qualquer ser humano seria a favor de defender a vida e a saúde de quem já sofreu tão vil violência. Parece-me absolutamente surreal que algum representante eleito possa ser contrário à vítima e defensor do agressor. Ledo engano.

O deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), já deu vários exemplos de quão misógino, racista e homofóbico é, mas agora extrapolou qualquer limite: está defendendo o estupro, a prática da violência sexual, está defendendo o estuprador, nega qualquer direito humano ou legal à vítima de estupro. Para ele, uma criança abusada sexualmente não deve ter nenhum direito garantido.

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