Marielle Franco: executada como “aviso” político. Escolhida por ser mulher, negra e favelada.

* Samara Azevedo

Segundo o Atlas da Violência de 2017, um jovem negro no Brasil tem 2,6 mais chances de ser assassinado que um jovem branco. A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras.

Marielle era negra e pobre.

4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil no ano de 2015. 18 mulheres foram  assassinadas em Portugal de janeiro a novembro de 2017. Em um dia e meio de Brasil, mulheres são mortas na proporção que Portugal mata quase o ano todo.

Marielle era mulher.

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Apontamentos para a Causa Palestina

* Yasser Jamil Fayad
Jamil Abdalla Fayad

O objetivo desse ensaio é lançar luzes sobre a totalidade concreta na qual a Causa Palestina está inserida. Não se trata de uma tese final e acabada, mas sim de tentativas de aproximações daquela práxis emancipatória. A luta pela libertação Palestina abriu as portas para um processo que pode não se encerrar dentro dos moldes de um “Estado nacional burguês”. O futuro dirá se o povo palestino optará em transcender esses limites rumo ao socialismo – uma certeza temos: no mundo árabe, os palestinos são hoje os que mais podem fazê-lo. Opção que fortalecerá sua herança positiva de solidariedade, fraternidade e justiça com equidade social e econômica. Esta saída será a antítese de beleza que o diferenciará da feiura sionista.

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A melhor cura para a epidemia de fake news será leitores mais céticos

Novos algoritmos ajudarão – mas o ceticismo dos usuários é a melhor arma

* David Pogue

“Papa Francisco choca o mundo ao apoiar Donald Trump para presidente”, “Agente do FBI suspeito no vazamento de e-mails de Hillary encontrado morto em um aparente assassinato-suicídio”, “Rush revela o passado pervertido de MIchelle apos ela dar o fora em Trump”. Essas manchetes não vem do The New York Times ou da CNN, eles geralmente são escritos por adolescentes na Macedônia. Essas notícias falsas (fake news) foram escritas como caça-cliques, projetados para levar leitores aos sites de fake news, onde os adolescentes das Bálcãs fazem dinheiro vendendo anúncios.

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Estudando a ciência da ciência

* Jane C. Hu

Em teoria, o método científico funciona assim: pesquisadores formulam uma questão, constroem hipóteses, coletam dados, avaliam seus resultados e – ta da! – o mundo ganha conhecimentos científicos valiosos. Na prática, é claro, isso nem sempre funciona desse jeito e alguns cientistas estão trazendo isso pra si e indo além de suas áreas de pesquisa principais para estudar onde o sistema pode estar errando.

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Qual a origem da raiz quadrada?

Tenho visto um monte de gente comprando a historinha esdrúxula de que “raiz quadrada” seria uma tradução errada de radix quadratum. Pros autores da “pérola”, radix quer dizer lado, não raiz. A ideia teria sua lógica, não fosse baseada em pressupostos falsos.

Radix em latim quer dizer base, fundamento, origem, raiz. É dela que derivam as palavras radical (relativo à raiz), radicar e arraigar (enraizar, criar raízes). Lado em latim é latus, de onde deriva a própria palavra lado, como também (através de lateralis) lateral e colateral.

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Um manifesto pela ciência reprodutível

* Marcus R. Munafò, Brian A. Nosek, Dorothy V. M. Bishop,
Katherine S. Button, Christopher D. Chambers, Nathalie Percie du Sert,
Uri Simonsohn, Eric-Jan Wagenmakers, Jennifer J. Ware & John P. A. Ioannidis

Melhorar a confiabilidade e a eficiência da pesquisa científica aumentará a credibilidade da literatura científica publicada e acelerará descobertas. Aqui nós defendemos a adoção de medidas para otimizar os elementos chave do processo científico: métodos, relatório e divulgação, reprodutibilidade, avaliação e incentivos. Há evidências tanto de simulações quanto de estudos empíricos que suportam a efetividade dessas medidas, mas sua ampla adoção por pesquisadores, instituições, financiadores e publicações exigirá avaliação e melhorias iterativas. Nós discutimos os objetivos dessas medidas, e como elas podem ser implementadas, na esperança de que isso vá facilitar ações que aumentem a transparência, reprodutibilidade e eficiência da pesquisa científica.

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20 mitos médicos e científicos

* David Robert Grimes

Assumindo que você não é um eremita sociopata com a capacidade social de um hamster lobotomizado, há uma boa chance de você ter tido alguma forma de envolvimento social em sua vida. Uma coisa ótima coisa sobre um bom encontro é uma boa conversa – às vezes, porém, você ouve algo que aciona um alarme distante. Isso é verdade? Eu preciso chegar isso. Claro que metade das vezes nós esquecemos e então talvez escutemos aquilo novamente, e de novo. Depois de um tempo nós assumimos tacitamente que aquilo é verdadeiro e o repetimos. Mas e se estiver errado, nós apenas perpetuamos as falsidades? O que se segue é uma lista sem nenhuma ordem particular de coisas que eu escutei em festas ou em algum estágio, de alguma forma, assumi implicitamente que tinha algum mérito. Cada uma delas é um suculento petisco de ciência, tecnologia ou medicina que se repete tanto que se integrou à nossa consciência coletiva. Eles tem uma coisa em comum – são todos, sem exceção, falsidades. Aqui está uma lista de 20 reivindicações que eu ouvi pelo menos uma vez no ano. Assim, em nenhuma ordem particular e sem rima ou razão real….

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Golpe sufoca a pesquisa científica

Falta de recursos leva à perda de estudantes pesquisadores

Washington Alves *

O governo golpista vem contingenciando verbas para pesquisa e inovação cientifica no país. Seja indiretamente, ao abandonar os estados em situação difícil, ou diretamente, quando retém recursos das Universidades Federais e Fundos de Pesquisa Nacionais. Um caso é a UERJ, que respira por aparelhos sem pagar, até hoje, o décimo terceiro de seus funcionários.

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Temer e o golpe contra a ciência

A revista de divulgação científica mais respeitada do mundo, a Nature, acaba de publicar um artigo onde destaca o horror da comunidade científica com a destruição total promovida pelo regime Temer.

Desde o momento em que sentou na cadeira presidencial, Temer promoveu uma política de terra arrasada com a pesquisa científica, a educação e a cultura brasileira. Fechou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, fechou o Ministério da Cultura, aprovou reformas espúrias na educação, acabou com o Ciência Sem Fronteiras, está matando de inanição as Olimpíadas de Matemática, sinaliza a privatização da educação, encarece o financiamento estudantil… Os ataques são vários.

Na Nature o destaque está no corte de quase metade do orçamento de pesquisa científica promovida por esse regime de uma vez só (fora o que já tinha cortado antes), deixando a área com o pior orçamento em mais de uma década.

Veja a matéria da Nature:

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O processo seletivo para o mestrado, doutorado e de bolsas são honestos?

* Cristiano Junta

Muito já conversei com colegas pós-graduandos de diversas universidades sobre a “honestidade”, ou se preferirem a “lisura”, dos processos de seleção para os cursos de mestrado e doutorado (e ordenamento para concessão de bolsas) nos programas de pós-graduação no Brasil.  Pululam em várias dessas conversas suspeitas sobre a lisura desses processos. Então, penso que cabe a pergunta: são honestos esses processos de seleção? Confira a discussão sobre essa questão perturbante, a partir de alguns fatos recentes, neste artigo.

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