Novo rabino-chefe do exército israelense diz que soldados podem estuprar mulheres árabes para elevar a moral

“A decisão do Coronel Karim de permitir estuprar mulheres não judias é similar à fatwa1 de uma organização assassina não tão longe das fronteiras de Israel”

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Rabino chefe das Forças de Defesa de Israel, General de Brigada Rafi Peretz, que está deixando o cargo depois de seis anos na posição, está sendo substituído e a nomeação do seu sucessor, Rabino Coronel Eyal Karim, já traz repercussão — afinal ele fala sem rodeios que permite que soldados estuprem mulheres durante tempos de guerra.

Karim, que foi anunciado na segunda-feira como futuro rabino-chefe da IDF (Forças de Defesa de Israel), provocou controvérsia com declarações anteriores de misoginia, como as que se opõe ao alistamento de mulheres e a sugestão de que o estupro é permissível durante tempos de guerra.

Segundo o Ynet News, Karim tem servido como chefe do Departamento de Rabinato no Rabinato Militar. Ele é ex-aluno dos yeshivot2 Bnei Akiva Nachalim e Ateret Cohanim e serviu anteriormente como paraquedista de combate, comandando, eventualmente, sua unidade de elite de reconhecimento, antes de sair da vida militar e retornar ao seu rabinato.

Em 2012, a controvérsia de Karim começou quando o site religioso hebreu KIPA perguntou a ele, à luz de certas passagens bíblicas, se os soldados da IDF tem permissão de cometer estupros durante tempos de guerra, apesar do entendimento geral de que tal ato é considerado repugnante.

Sua resposta enfureceu muitos israelenses.

“Embora ter relações sexuais com uma mulher gentia seja muito grave, isso foi permitido durante tempos de guerra (sob as condições estipuladas) considerando as dificuldades dos soldados”, ele escreveu. “E uma vez que nossa preocupação é o sucesso do coletivo na guerra, a Torah permitiu [aos soldados] satisfazer seu desejo do mal sob as condições estipuladas por conta do sucesso do coletivo”.

Em outras palavras, soldados podem estuprar mulheres inocentes durante tempos de guerra a fim de manter sua moral alta.

A chefe da Comissão da Situação da Mulher e Igualdade dos Gêneros do Knesset, deputada Aida Touma-Sliman (Alianças Árabe) disse que “A decisão do Coronel Karim de permitir estuprar mulheres não judias é similar à fatwa de uma organização assassina não tão longe das fronteiras de Israel. Eu vou contactar o procurador geral e me opor à nomeação. Conclamo os membros do Knesset, homens e mulheres, a se juntarem ao meu pedido”.

A presidente do Na’amat — Movimento das Mulheres Trabalhadoras e Voluntárias, Galia Wolloch, disse que “qualquer um que pensa que estupro está OK como um elevador de moral para soldados, contanto que seja uma mulher gentia, não pode liderar o exército para bons lugares morais e espirituais”.

Quando não está defendendo o estupro de mulheres, Karim não faz rodeios sobre a recusa de permitir mulheres no IDF.

Karim escreveu em 2002 que isso é explicitamente proibido.

“Em uma situação como a que ocorreu durante a Guerra de Independência, na qual havia um verdadeiro pikuah nefesh [caso de vida ou morte] para o povo judeu, mulheres também participaram na defesa da nação e do país, embora a situação não fosse tão simples”, ele escreveu. “Mas na nossa era, nós não vivemos com uma ameaça real a nossa sobrevivência”.

“E por causa do risco de danos ao recato da menina e da nação, os grandes rabinos e o Rabinato Chefe determinaram que o alistamento de garotas no IDF está completamente proibido”.

Karim também é muito claro sobre mulheres cantarem em eventos militares. Se uma mulher canta em um evento, ele afirma, os homens não devem ter que assistir, pois isso é repugnante.

De acordo com o Times of Israel, a IDF respondeu nesta segunda-feira às alegações contra Karim dizendo que o coronel “esclarece que as suas palavras só foram proferidas em resposta a uma questão hermenêutica teórica, certamente não a uma pergunta haláchica3 prática.”

“O Rabino Karim nunca escreveu, disse ou sequer pensou que é permitido a um soldado da IDF ofender sexualmente uma mulher durante a guerra”, acrescentou a Unidade de Porta-Vozes da IDF, em comunicado.

Exceto que ele fez — como evidencia a citação anterior.

A líder do partido Meretz4,  Zehava Galon, disse que Karim não é “adequado para ser a autoridade rabínica  do exército, no qual servem milhares de mulheres e não é adequado para representar a moralidade judaica em qualquer forma”. Ela também condenou “sua declaração alarmante, racista e inflamatória” sobre o estupro em tempos de guerra.

O líder do Yesh Atid, Yair Lapid, instou Karim a desmentir suas observações sobre o alistamento de mulheres dizendo, segundo o Times of Israel, que, sem uma declaração pública nesse sentido, “ele não pode ser o rabino-chefe militar”.

“Em relação aos relatos de que ele disse que belas mulheres gentias pode ser estupradas durante a guerra, parece que não é sua opinião”, Lapid continua. “Mas se ele pensa isso, não só não pode ser um rabino-chefe militar, ele não pode ser sequer um rabino”.


  • Matt Agorist é um jornalista independente. Tem uma visão única sobre a corrupção governamental por conta de seu histórico de ex-fuzileiro naval e ex-agente de inteligência da NSA.

  1. Fatwa é um pronunciamento feito por uma autoridade religiosa do Islã sobre um assunto específico. NdT
  2. Yeshivot são as escolas de estudo dos textos sagrados do judaísmo exclusivamente masculinas. NdT
  3. Halachá se refere ao conjunto de leis judaicas, incluindo os 613 mandamentos do Torá (mitzvot), os mandamentos rabínicos e os talmúdicos. NdT
  4. Meretz é um partido social-democrata israelense. Apesar de defender o sionismo, é tido como de esquerda. NdT
  5. Yesh Atid é um partido liberal sionista israelense. NdT
Fonte: The Free Thought Project
Tradução: Maurício Moura

20 pensamentos sobre “Novo rabino-chefe do exército israelense diz que soldados podem estuprar mulheres árabes para elevar a moral

  1. Muito estranho esse senhor publicar uma notícia falsa dessas. Qual seria seu interesse em plantar isso? Muito mal intencionado. O pior é q tem gente q acredita.

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    • Caro Nelson, se é falso ou não, eu não sei, mas quem publicou a entrevista com o rabino foi um site judaico, o Kipá. Ele á a fonte para dezenas de notícias sobre o assunto, no Haaretz (aqui e aqui), no Times Of Israel (aqui e aqui) no YNet (aqui e aqui), no RT, no The Telegraph, no The Guardian e por aí vai.

      Basta buscar no Google.

      É claro que os jornais do mundo inteiro podem estar errados e a entrevista ser falsa e o governo de Israel não ter feito absolutamente nada o site que publicou a notícia falsa. Todos podem estar errados e você certo, mas parece-lhe verossímil?

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  2. Mentirosos. Eh interessante a forma de trabalho de voces. Eh so mentir e deixar os pobres ignorantes acreditarem e espalharem mentiras.
    Isso nao existe e nunca existiu. O IDF eh o exercito mais etico do mundo.
    Nao se preocupe que a hr de vcs vau chegar.

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    • Bom, Jose. Você vai ter que definir o que é que você quer produzir e que esta notícia impede de fazer.

      Agora. “os idiotas” que publicaram esta notícia são vários: Haaretz (aqui e aqui), Times Of Israel (aqui e aqui) YNet (aqui e aqui), RT, The Telegraph, The Guardian… Uma busca no Google vai te revelar centenas de outros idiotas em várias línguas.

      Claro que o mundo inteiro pode ser idiota e só você ter capacidade cognitiva para perceber A Verdade, mas quais são as evidências disso?

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    • Cara Zenia,

      “Matérias jornalísticas” são sobre várias coisas. Algumas onde a data é relevante, outras que não. De qualquer forma, dá uma olhada lá no início e encontrará a data.

      Mais alguma dúvida?

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      • Publicação extremamente mal redigida e totalmente tendenciosa.
        Primeiramente precisa se entender o contexto no qual o Rabino Chefe da IDF está falando. Quando ele fala sobre esse assunto, ele diz que a torah PERMITIU soldados estuprarem mulheres GENTIAS, que significa mulheres não judias, (NA MATÉRIA ESTA FALANDO MULHERES ÁRABES E MULHERES GENTIAS NÃO SIGNIFICA MULHERES ÁRABES) ele esta falando relacionado a guerras antigas na época da torah, ou seja, mais de 3500 anos atrás. Ele diz que segundo a torah seria permitido, porém em NENHUM MOMENTO ELE DIZ QUE É PERMITIDO FAZER ISSO. Mesmo se ele dissesse que é permitido não ia mudar em nada porque ele é o CHEFE RABÍNICO QUE NO FINAL DAS CONTAS É UM CARGO REPRESENTATIVO QUE NÃO TEM PODER ALGUM SOB O EXÉRCITO. Em Israel quando uma mulher acusa algum individuo de assedio sexual, esse individuo é preso imediatamente e somente após a prisao dele que se iniciam as investigações para ver se ele cometeu ou não assedio sexual. SE A LEI JÁ É RIGOROSA ASSIM RELACIONADA A ASSEDIO SEXUAL IMAGINE EM RELAÇÃO A ESTUPRO…..
        Discordo totalmente das falas do chefe rabínico da IDF, pois falas como essas abrem espaço para pessoas, sites de noticia como esse pegarem informações fora de contexto e enganarem diversas pessoas.
        Porque vocês não falam sobre milhares de mulheres que são abusadas, violentadas, mortas e estupradas em diversos países árabes? Países como Arabia Saudita, Síria e Irã mulheres são totalmente rebaixadas, lá elas nem podem exercer direitos básicos como trabalhar… “O maior inimigo do conhecimento não é a ignorância, mais sim a ilusão da verdade”. Publicar matérias fora de contexto iludindo leitores, publicar matérias sobre violência á mulher num país no qual mulheres, homossexuais, judeus, árabes e cristão tem total direitos de liberdade, enquanto países como Síria tem cristãos, mulheres, crianças e homossexuais morrendo todo dia, é uma grande ilusão da verdade..

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        • Caro Daniel,

          Sim, este texto é tendencioso. Ele segue a tendência de ser contra o estupro e os crimes de guerra. O mundo é assim, Daniel. Alguns são contra o estupro, outros são a favor.

          Sobre contexto, fica difícil você falar sobre esse assunto se você não ler o texto. Vou trazer alguns pedaços do texto pra cá pra você conseguir contextualizar. O coronel Karim foi perguntado se os soldados da IDF tem permissão de cometer estupros durante tempos de guerra, apesar do entendimento geral de que tal ato é considerado repugnante, ao que respondeu que, segundo o Torah, sim, os soldados da IDF podem cometer estupros para ter sucesso na guerra.

          Se isso foi muito comprido pra você, Daniel, perceba que o contexto é sobre os soldados da IDF. A não ser que você queira afirmar que a IDF existia há 5 mil anos, não é sobre “os tempos do Torah” a que o rabino se refere.

          Outro problema que fica claro, Daniel, é que você acha que o mundo está dividido entre sionistas e árabes, mas o mundo real não é assim.

          Sim, este site denuncia a misoginia em qualquer país. Veja, por exemplo, este vídeo de Manal al-Sharif. Olhe o site antes de “adivinhar” o que ele diz. Leia o texto todo antes de “adivinhar” o que está escrito.

          Agora, você querer justificar o genocídio promovido pelo Estado de Israel com o fato de que outros países também cometem crimes é vergonhoso, cara. Vergonhoso.

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